O maior político tupiniquim se apresentou ao
banco dos réus, na última audiência com o juiz da Operação Lava-Jato,
evidentemente a caminho da segunda condenação, já destilando fanfarronices,
como quem se sentisse em palanque eleitoral e estivesse à vontade com a plateia
de seus simpatizantes, só faltando ele colocar os pés sobre a mesa.
A começar por sua agressividade ao juiz, a quem
desafiou, em tom de ironia, questionando sua imparcialidade, chamou uma
procuradora que o interrogava de “querida”,
como se fosse pessoa da sua intimidade, e ainda suscitou a correção sobre a
condenação de nove anos e seis meses de prisão, no caso do tríplex do Guarujá,
ao indagar ao juiz se “Posso olhar na
cara dos meus filhos e dizer que vim a Curitiba prestar depoimento a um juiz
imparcial?”, no que o magistrado respondeu que não cabia ao réu fazer
aquele tipo de pergunta, “mas de todo
modo, sim”, mas o petista retrucou, dizendo que “Não foi isso que aconteceu na outra ação”, ao que o juiz respondeu:
“Não vou discutir a outra ação. A minha
convicção é que o senhor era culpado”.
Em outros pontos, o petista chegou a elevar o tom
de voz, mas não conseguiu explicar sobre os fatos pelos quais é acusado, numa
ação por corrupção e lavagem de dinheiro, qual seja, o recebimento da Odebrecht
de terreno que seria a sede do Instituto Lula e a aquisição da cobertura ao
lado da sua, em São Bernardo do Campo, a par de ter atacado brutalmente seu
ex-ministro da Fazenda.
O petista disse que a cobertura não é sua e que
pagava aluguel por ela, mas ele não soube explicar a razão pela qual não tinha
pago os aluguéis no período de 2011 a início de 2015, apenas alegando que a sua
ex-mulher era responsável pelo questionado aluguel, por ela ter alugado o
apartamento e que era ela quem cuidava desse tipo de despesa, mas suposto
proprietário afirmou em juízo que não recebeu ditos alugueres.
Quanto à compra do terreno, o petista afirmou
que era tarefa do presidente do Instituto Lula, mas a delação do ex-ministro da
Fazenda causou enorme ira e indignação que o fê-lo partir para o confronto
direto com o seu então fiel escudeiro, tendo afirmado, ipsis litteris: “Se o Palocci
não fosse um ser humano, seria um simulador. É frio e calculista”.
O ex-presidente foi acusado por seu antigo braço
direito de agir, em conjunto com a sua sucessora, para frear os trabalhos da
Operação Lava-Jato, além de fazer “pacto
de sangue” com o dono da Odebrecht, para o recebimento de propinas.
O que se percebe é que o cerco vem se fechando contra
as pretensões políticas do maior líder petista, que tem sido cada vez mais
aguçado nas suas defesas verbais, por meio de agressividade às autoridades
incumbidas das investigações e do julgamento das ações contra ele, a par de
agora ter apontado a metralhadora giratória também contra o seu mais importante
mentor é estrategista político, ficando mais evidente a diminuição das
possibilidades da sua disputa à corrida ao Palácio do Planalto.
Com o ex-presidente cada vez mais isolado, os
petistas se preparam para enfrentar o eleitorado sem pai nem mãe. O próprio político
já trabalha com a hipótese de ser carta fora do baralho, diante do seu
isolamento por força das denúncias da prática de corrupção, cujos fatos não são
contestados com elementos e provas juridicamente válidas, uma que as negativas
oferecidas de forma verbal não têm o poder de modificar a interpretação da
Justiça, que se baseia na materialidade dos fatos e, ao que tudo indica, ela é
robustamente presente nos autos pertinentes.
Alguns políticos importantes da esquerda já aceitam
o desencanto e a melancolia do PT, que não consegue se desvencilhar das teias
maléficas traçadas pela própria agremiação, que escolheu o caminho deletério
dos esquemas criminosos, como os famigerados mensalão e petrolão, e agora
precisa se explicar na Justiça, mas não encontra antíteses para contestar seus
maus-feitos e suas trapalhadas na política e na administração do país, conforme
mostram os fatos.
No
último depoimento ao juiz da Lava-Jato, o ex-presidente estava mais que convicto
de que, na forma como ele se comportou, com a empáfia e a arrogância de sempre,
até a milésima geração dos integrantes da força-tarefa da operação Lava-Jato
vão pedir, ajoelhados, na opinião dele, perdão por terem investigado um homem
tão puro e imaculado, que tem sido acusado injustamente por crimes que ele jura
nunca ter praticado.
É engraçado que ainda tem gente que acredita
piamente na sua inocência, ante a sua enorme capacidade de dissimular os fatos
como se eles não existissem nem fossem verdadeiros, embora eles nunca se mostraram
com tamanha verossimilhança, diante das delações premiadas não somente do
ex-ministro da Fazenda de seu governo, mas em especial de executivos da Odebrecht,
OAS etc., todos confirmando as falcatruas havidas, inclusive por meio de
planilhas e demonstrativos que indicam o caminho nada republicano andado pelo
dinheiro sujo.
Já
se sabe, com relação aos fatos questionados na ação em tela, que há e-mails,
planilhas, comprovantes de pagamentos e outros arquivos e documentos que
atestam os ilícitos praticados pela Odebrecht e, acima de tudo, os
beneficiários das propinas milionárias, restando agora tão somente a
confirmação da autenticidade sobre esses elementos, para que não haja mais
qualquer dúvida quanto à efetividade das práticas delitivas e prejudiciais aos
princípios da administração pública.
A
situação do maior político brasileiro não só se complica como se encaminha para
possível e inevitável desfecho, a depender apenas da comprovação das revelações
por parte do seu fiel escudeiro do passado, que seria louco se tivesse coragem
de aprontar tamanho desplante, ao trazer à lume fatos com tamanha contundência
se ele não tivesse condições de prová-los por meio de elementos juridicamente
válidos, principalmente em se tratando que as acusações adiantadas fazem parte
do script planejado para os assuntos
que tratam da delação premiada em negociação com a equipe da Lava-Jato, que tem
por base e por óbvio, o benefício da redução da penalidade, desde que os fatos
alegados sejam devidamente acompanhados das comprovações materiais pertinentes,
sob pena de não haver compensação alguma e o delator ainda ser sancionado por falso
testemunho. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de setembro de 2017
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