Conforme
pesquisa realizada por CNT/MDA, que acaba de ser divulgada, o maior político brasileiro
da atualidade lidera, com folga, os cenários para a corrida presidencial, sendo
acompanhado logo de perto pelo ultradireitista deputado federal pelo Estado do
Rio de Janeiro, mesmo que o ex-presidente esteja respondendo a vários processos
relacionados com corrupção.
O
líder da esquerda, condenado a nove anos e seis meses de prisão, pela prática
dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por envolvimento no
esquema de propinas na Petrobras, que também foi acusado em outros seis processos,
por crime contra os princípios da ética e da moralidade, venceria, tanto para o
primeiro quanto o segundo turno, nos nove cenários eleitorais previstos e,
evidentemente, com base estritamente na opinião de 2002 pessoas ouvidas.
Se
a eleição ocorresse hoje, o ex-presidente teria, entre os 2002 ouvintes
pesquisados, os votos de 32,4% deles, que seria seguido pelo deputado carioca e
pela líder ambientalista e ex-senadora, respectivamente com 19,8% e 12,1%. Os
demais candidatos não ultrapassariam um dígito, cada um.
Não
obstante, o petista, que foi presidente do país entre os anos de 2003 a 2010,
pode ser impedido de concorrer ao Palácio do Planalto se o seu recurso contra a
condenação de prisão, na Lava-Jato, não for acolhido pelo Tribunal de Apelação,
caso em que ele poderá ser preso.
Em
que pese o petista já ter sido condenado à prisão e ainda responder, na
Justiça, como réu, a mais seis processos pela suspeita da prática dos crimes de
corrupção passiva, lavagem de dinheiro, tráfico de influência, organização
criminosa e tentativa de obstrução de Justiça, a preferência do eleitoral na
figura dele só cresce e mostra o seu carisma junto à classe pobre, que não tem
a menor preocupação quanto aos fatos deletérios cuja autoria é atribuída a ele.
Em
havendo segundo turno entre o petista e o deputado carioca, de acordo com o
resultado da pesquisa, o líder maior do Partido dos Trabalhadores teria, frise-se,
entre os 2002 eleitores pesquisados, o percentual entre 39,8% e 41,8% dos
votos, enquanto o deputado carioca receberia 28,5% dos votos.
Entre
os 2002 ouvintes, sobressai o índice de reprovação de 50,5% para o petista, que
disseram que jamais votariam nele, contra a antipatia de 45,4% para o deputado
carioca.
O
que se dizer de um país que ainda não conseguiu superar o trauma deixado por
governos marcados por suspeitas de altíssimos níveis de corrupção, cujos
titulares, além de negarem que isso tenha acontecido, nada fizeram para apurar
os fatos delituosos?
O
mais grave de tudo isso é pesquisa realizada entre 2002 pessoas ter, para os avaliadores,
a consistência absoluta para a imprensa se arvorar em concluir que alguém
lidera a corrida presidencial, como se apenas e tão somente 2002 votantes,
entre quase 150 milhões de votos, tivessem a mínima condição do parâmetro
pretendido pela pesquisa, de indicar a liderança de alguém.
Trata-se
de avaliação extremamente enganosa e de pouquíssima credibilidade ou confiabilidade,
não somente para o principal candidato, que se baseia em dados de pouca consistência,
mas em especial para a opinião pública, tendo em vista que não se diz o que
realmente precisa ser esclarecido, com absoluta sinceridade, pelo responsável desse
levantamento de que a avaliação se circunscreve a apenas 2002 votantes
pesquisados, que certamente não podem refletir a real vontade de quase nada, em
relação a, pasmem, 150 milhões de brasileiros votantes que, na sua absoluta
maioria, anseiam por que os candidatos a cargos públicos eletivos preencham, no
momento do pleito eleitoral, os requisitos constitucionais e legais de
idoneidade, conduta ilibada, sob a égide da moralidade, honorabilidade,
dignidade, que são princípios inafastáveis de quem pretende representar o povo,
que, por certo, aspira ser comandado por pessoa livre e desembaraçada da
Justiça.
Nos
países sérios, civilizados e evoluídos sob os conceitos democráticos da
decência e da dignidade, os próprios candidatos somente se apresentam para o
povo se estiverem com a ficha limpíssima, com o nada consta estampado em
documento expedido pela Justiça, em demonstração de que não pesa sobre seus
ombros qualquer mácula, incapaz de manchar o seu passado na vida pública.
Na
realidade, diante de tantas acusações e suspeitas de irregularidades na
administração do país, que ainda não foram devidamente apuradas e esclarecidas,
porque muitos casos ainda estão supernebulosos, é bastante desanimador que
candidato que não consegue se desvencilhar da Justiça, exatamente por não
provar a sua inocência em juízo, já tendo sido inclusive condenado à prisão,
pelos graves crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mesmo com a
avaliação envolvendo tão somente entre 2002 pessoas, ainda esteja liderando a
tal pesquisa, em clara demonstração da falta de critério que capaz de avaliar o
verdadeiro sentido da dignidade, moralidade e honestidade na administração do
país.
Não
que a pesquisa padeça de suspeição ou de questionamento, mas há dúvida se as
pessoas ouvidas conhecem realmente o trabalho dos candidatos apresentados na
pesquisa, quando se sabe que um dos concorrentes ao Palácio do Planalto acaba
de fazer campanha eleitoral no Nordeste e a pesquisa em tela ocorreu depois
desse evento, sob a fajuta alegação de caravana, que não passava de palanque com
viés eleitoreiro, mas estranhamente não houve denúncia nesse sentido, quando
seus concorrentes não se apresentaram ainda aos eleitores e muito menos aos
2002 votos que contribuíram para a formulação da fantasiosa pesquisa eleitoral.
Agora
chega a ser curioso se verificar que o candidato da dianteira na pesquisa em
causa imagina que a sua vitória já se encontra encaminhada e garantida, por procurar
tratar suas demandas na Justiça como casos secundários, sem a menor necessidade
de provar a sua inocência quanto aos fatos objeto das denúncias, achando-se no
direito de tentar menosprezar o trabalho sério e competente dos investigadores
e do julgador, como se ele estivesse acima destes e da lei, tamanho é o seu
pensamento de poder e a sua certeza de voltar ao comando do país pelos braços
do povo. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 21 de setembro de 2017
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