O
ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil dos governos petistas afirmou, em
negociação de delação premiada, que fez entregas, pessoalmente, de dinheiro
vivo ao ex-presidente da República petista, em pelo menos cinco ocasiões, por
meio de pacotes de R$ 30 mil, R$ 40 mil ou R$ 50 mil, conforme informação
revelada pela revista VEJA e
confirmada pela reportagem.
O
ex-ministro se dispôs a fazer as aludidas declarações no âmbito das negociações
com vistas ao acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.
O
relato sobre as entregas de dinheiro vivo ao político se encontra nos anexos do
acordo - uma espécie de sumário a ser seguido na delação, caso o acordo seja concluído.
Normalmente, não há prazo para o fechamento do acordo nem certeza se a informação
preliminar será mantida na versão final da colaboração.
Conforme
foi dito pelo delator, as referidas quantias entregues ao político se destinaram
ao pagamento de despesas pessoais do ex-presidente, enquanto valores mais
elevados eram entregues no Instituto Lula, por meio do ex-assessor do
ex-ministro, conforme a sua revelação feita ao juiz da Lava-Jato, em depoimento
dias antes.
Ainda
segundo o ex-ministro, as propinas integravam a conta corrente que o PT tinha
com a empreiteira Odebrecht, expressa na planilha "Programa Especial Italiano (referência ao ex-ministro)", do
setor de Operações Estruturadas da empresa.
O
ex-presidente nega, com veemência, que tenha recebido quaisquer valores
ilícitos durante ou depois de seu mandato.
O
advogado do político declarou que "Palocci
mente para obter benefícios judiciais, que envolvem não só a sua liberdade como
o desbloqueio do seu patrimônio. Lula já teve suas contas e de parentes
devassadas e jamais foram encontrados quaisquer valores ilícitos".
Em
depoimento ao juiz da Lava-Jato, o político fez duras acusações contra seu
antigo fiel escudeiro, ao qualificá-lo como "frio, calculista e simulador", além de ter mentido para o
mencionado magistrado.
Nesse
imbróglio, dirigentes do partido tomaram as dores do seu líder maior e
desafiaram o ex-ministro a apresentar provas contra o ex-presidente, e, nessa
mesma linha, a sua presidente nacional enfatizou que "Palocci está mentindo. Qual é
a prova que ele tem? Falar de Lula todo mundo está falando, todos delatores
estão falando. Falar de Lula é o que quer o juízo de Curitiba. O ministro
Antonio Palocci tem que apresentar provas".
Já
um deputado federal petista, por São Paulo, disse que "a regra de delação com o juiz Sérgio Moro é
falar de Lula para obtenção de benefícios. Não acredito nisso. Cabe a Palocci apresentar provas do que diz".
Por
último, o vice-presidente do PT disse que o ex-ministro mente e que "Posso jurar: é mentira. Lula nunca se meteu
com dinheiro vivo. Ele nunca se meteu com qualquer dinheiro. Nunca cuidou disso".
Com informações da Folhapress.
Parece
incrível que simpatizantes e idólatras não acreditem que o seu líder supremo
seja capaz de cometer qualquer deslize na vida pública, em que pesem as
montanhas de acusações e denúncias sobre possíveis práticas de desvio de
conduto moral contra ele, a exemplo da reforma de um apartamento e de um sítio,
com todas as características de que isso não teria sido possível se não fosse
do interesse dele, além da confirmação de testemunhas e documentos apontando
para os benefícios em seu favor.
Por seu turno, como descartar os fatos antes que
eles possam ser investigados, como forma de se aferir se eles aconteceram ou
não, eis que fica patente, in casu, a
veracidade da palavra de quem é acusado, sendo desprezada, in limine, a declaração de quem acusa, mesmo que ela possa ter
fundo de verdade, provada, na época devida, por meio de investigação, com
elementos irrefutáveis?
Como se sabe, a delação premiada tem o sentido
prático de alguém envolvido na prática de crime revelar fatos que são
importantes para a Justiça, na certeza de ser beneficiado com a redução da
pena, o que vale dizer que a entrega de informações somente se torna efetiva,
em termos de vantagem para o delator, se houver a comprovação, por meio de
elementos juridicamente válidos, dos fatos alegados, evidentemente sob pena de
perder efeito, para fins de benesses, as informações que não forem autenticadas
por meio de provas consistentes e válidas juridicamente.
Acredita-se que
o ex-ministro não seria um inconsequente desmiolado se tivesse adiantado fatos
para servir de base para a delação se eles não fossem passíveis de comprovação,
porque isso tanto não seria aceito pelo Ministério Púbico como por não ter
qualquer influência nos intrínsecos objetivos demandados na colaboração à
Justiça.
Os brasileiros esperam que a verdade dos fatos
venha à lume por meio dos processos naturais das investigações e dos demais instrumentos
juridicamente apropriados para casos que tais, de modo que eles sirvam de base
para a condenação dos verdadeiros culpados, com embargo das declarações e reclamações
sem nenhum fundamento ou consistência. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de setembro de 2017
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