Somente
em uma republiqueta se poderia imaginar que um ex-mandatário de país seria
condenado à prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro,
além de ser obrigado a responder, na Justiça, como réu, a outros seis
processos, pelos mesmos crimes e outros referentes a tráfico de influência,
organização criminosa e tentativa de obstrução de Justiça, em cristalina
demonstração de falta da dignidade ínsita ao homem público de verdade.
O
histórico criminal e penal do ex-presidente já é digno de fazer inveja aos criminosos
de alta estirpe, por seus feitos contrários aos salutares princípios
republicanos e democráticos, pelo menos, em termos de denúncias que precisam
ser contestadas na Justiça.
Em
que pese ser acusado e denunciado por graves crimes que não tem conseguido
contestá-los e provar em contrário, o político simplesmente insiste bravamente em
posar de injustiçado e perseguido da lei.
Não
obstante, o seu discurso inconsistente pode ter esparramado por terra quando o
parceiro dos melhores momentos políticos, o seu então ministro da Fazenda, houve
por bem resolver pôr às claras os fatos em que ele atuou em parceria com o
político, ao relatar, em detalhes, os esquemas criminosos por maio dos quais o
poderoso líder teria recebido a “ninharia” do valor de R$ 300 milhões como
reserva técnica.
A
citada quantia teria origem em apenas uma das empresas que faziam gentilezas
com dinheiro desviado da Petrobras, em troca de favores prestados à Odebrecht,
conforme planilhas e demonstrativos contábeis apreendidos pela Operação
Lava-Jato, junto à empreiteira.
Por
ter gozado da mais estreita relação de confiança do político, o ex-ministro relatou
com requintes de detalhes o caudaloso fluxo de irregularidades que aconteceu
com a sua participação, em benefício do antigo chefe e até então aliado
inseparável.
Por
seu turno, exatamente em harmonia com o padrão habitual de comportamento, o
líder-mor procura responder aos ataques e às acusações absolutamente na
serenidade de dissimulado de primeira linha, sempre negando tudo e atacando
como a dizer que quem o acusar tem interesse em se livrar da prisão ou se
beneficiar com a delação premiada, como se tudo não passasse de mentira.
Impressiona
a elevadíssima quantidade das delações acusando o ex-presidente pela prática de
irregularidades com dinheiro público, que já se somam para mais de 30 delatores
entre empreiteiros, correligionários, operadores e amigos da sua intimidade, às
quais são sempre rechaçadas com o desprezo, por serem consideradas acusações inverossímeis,
espetaculosas e algo sem importância, diante da certeza da sua suprema
inocência.
Na
concepção do político, seus acusadores estão mentindo contra ele, deixando de
contar a verdade sobre os fatos, em conspiração contra a sua inculpabilidade,
conforme ele fez questão de dizer ao juiz da Lava-Jato que prefere “a morte” a passar por mentiroso.
O
mesmo sentimento de irrealidade sobre a crueldade dos fatos é tido pelos
idólatras, como no caso da presidente do partido, que, diante das devastadoras
revelações do ex-ministro, outrora festejado pela militância, disse que ele
estava a serviço da CIA, agência de inteligência norte-americana, ou seja,
desculpa completamente fora de propósito.
Diante
das dificuldades para o político se desvencilhar das graves acusações de
irregularidades, os petistas vislumbram uma única solução, a tábua de salvação
dele, que é a defesa, com unhas e dentes, da candidatura presidencial dele, que
seria saída para livrá-lo da cadeia, caso ele seja eleito e consiga driblar as
garras da Justiça.
Na
condição de candidato ao Palácio do Planalto, o político poderia dá trégua às
investigações que tanto lhe incomoda, embora isso se torna quase impossível
diante da sua condição de réu, respondendo a vários processos na Justiça, fato
que representaria situação nada confortável para a nação, diante da existência de
chapa encabeçada por presidenciável político encalacrado nos Tribunais,
justamente em razão de malfeitos na vida pública, inclusive sob a pecha de ter
sido “chefe da quadrilha” do PT e de
“organização criminosa”, conforme denominação
atribuída a ele por procuradores da Lava-Jato.
É
absolutamente inconcebível que em pleno século XXI, com a evolução da
modernidade e dos princípios humanos, o país com a grandeza do Brasil ainda
possa admitir que político sobrecarregado de processos penais sobre seus ombros
possa concorrer a cargo público eletivo, mesmo que ele insista que é inocente,
embora já tendo sido condenado à prisão na primeira instância, pelos crimes de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Em
que pese insistir em ser candidato, a sua possível vitória não seria
consagradora porque há dispositivo constitucional que exige a condição de
idoneidade moral e conduta ilibada para o exercício de cargo público, o que não
seria sem razão que qualquer criminoso pudesse representar o povo, mesmo que
não tenha a certidão de nada consta da Justiça, o que seria o mesmo que atestar
a esculhambação do principal órgão da República e a confirmação de extremo
surrealismo político.
É simplesmente chocante que político com a índole
tão degenerada tenha conseguido angariar tanto poder e inexplicável idolatria
por seus seguidores, que não acreditam que ele seja capaz de protagonizar
tamanha façanha de desmoralização e indignidade, ao se envolver profundamente
em incontáveis casos de corrupção, à luz das múltiplas delações premiadas de
executivos de empreiteiras, declarando que ele se beneficiou de propinas, em
troca de tráfico de influência junto ao poder, sempre comandado por ele, nos
últimos anos.
Chega a ser espantosa a forma extremamente
descarada como ele tenta refutar as acusações, sempre se pondo acima de
qualquer suspeita, com esperteza de se posicionar como a pessoa mais honesta da
face da Terra, com honorabilidade somente inferior a Jesus Cristo, levando a
seus idólatras a acreditar em estapafúrdio cretinismo, ante a montanha de
acusações sobre a prática de atos irregulares, notadamente quanto ao
recebimento de dinheiro sujo, desviado, em especial, de empresas estatais, a
exemplo da Petrobras.
É evidente que o Brasil não merece passar por
situação tão deprimente como essa de político e muitos de seus seguidores terem
liderado práticas de rapinagem e ainda tentarem se passar por heróis dos
brasileiros, como se a ladroagem fosse procedimento normal, evidentemente sob a
ótica da ideologia segundo a qual somente roubar é considerada infração legal
quando protagonizado por aqueles que não comungam na sua cartilha esquerdista,
onde tudo é possível e válido em nome do fajuto e famigerado populismo, que vem
servindo de argumento até mesmo para enriquecimento irregular da cúpula
partidária, que tudo pode, inclusive se apoderar de recursos públicos, com a
maior naturalidade, ignorando completamente os princípios da moralidade,
dignidade, honestidade, entre outros que devem e precisam imperar nas
atividades públicas.
Causa espécie que situação tão absurda, da maior gravidade,
envolvendo pessoa tão prejudicial aos interesses nacionais, seja simplesmente
tratada com o maior menosprezo, e que principal
pivô fique livre e abusando dos princípios da honradez, inteligência e
honestidade e ainda humilhando a inteligência e a dignidade dos brasileiros,
quando a situação de extrema delicadeza, por ter reflexo direto nas estruturas
da administração do país, fica à mercê da infinita morosidade da Justiça, para
colocar os culpados na cadeia, não somente como forma de lição pedagógica e
disciplinar, mas em especial pela urgência de os casos em si servirem de
exemplo disciplinar e pedagógico para se evitar situações análogas de extrema importância
para o interesse nacional. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de setembro de 2017
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