Em
extenso e bastante elucidativo pronunciamento sobre a verdadeira roubalheira ocorrida
no governo do candidato eleito à Presidência da República, um importante ministro
do Supremo Tribunal Federal mostra, com minudência e riqueza de detalhes, o
aterrorizante quadro do que o referido político foi capaz de protagonizar
contra os cofres públicos, causando enormes danos ao patrimônio dos brasileiros,
com a implementação do desvio de bilhões de reais para contas de partidos
políticos e integrantes da quadrilha gerenciada no governo dele, conforme
mostram os alarmantes fatos e números muito bem concatenados na inteligente narrativa
apresentada pelo articulado e sapiente magistrado.
O
aludido pronunciamento, que foi gravado em vídeo e circula nas redes sociais,
tem o teor a seguir.
“E
aqui, presidente, me permito observar que os números da atuação da 13ª Vara
Federal de Curitiba são muito impressionantes. Foram 179 ações penais, com 553
denunciados. Houve 174 condenações em primeira instância, confirmadas em
segunda instância. Celebraram-se 209 acordos de colaboração e 17 acordos de
leniência. Foram devolvidos aos cofres públicos 4,3 bilhões de reais que haviam
sido desviados. Os valores previstos para serem recuperados com os acordos de
leniência das empresas que praticaram delitos atingiram 12,7 bilhões de reais.
Foi uma operação que revelou um quadro impressionante e assustador de corrupção
de Norte a Sul e de Leste a Oeste do Brasil. Um quadro de corrupção
estruturada, sistêmica e institucionalizada. Compravam-se maiorias políticas
com a corrupção. Almejam-se cargos públicos para desvio de dinheiro e financiava-se
a política e o próprio bolso com dinheiro público desviado. Além de estrutural,
era uma corrupção sistêmica, porque uma engrenagem alimentava a outra. Não foram
falhas individuais ou pequenas fraquezas humanas. Eram esquemas profissionais
de arrecadação e distribuição de dinheiros desviados. A obra superfaturada irrigava
o pagamento do marqueteiro. A propina na obtenção do financiamento público
irrigava o caixa 2 da campanha. Tudo lavado no offshore não declarado em
sucessivas camadas de empresas de fachada disfarçadas para disfarçar a corrupção.
Saque do Estado brasileiro, em última análise, saque ao povo brasileiro.
Criou-se um mundo paralelo de esperteza e desonestidade que naturalizou as coisas
erradas no país. Quem se dispuser a ler o livro da Malu Gaspar, a Organização, verá
as fotografias aterrorizadoras de um país que se perdeu na história. Está tudo
lá: o PT e os seus próceres; o PSDB e seus próceres; o PP e seus próceres; o
PMDB e seus próceres; com os valores das propinas e, em muitos casos, com os
nomes das contas não declaradas em paraísos fiscais. E não se fale, presidente,
em criminalização da política. Levar percentuais em contratos públicos, cobrar pedágio
em empréstimos públicos ou receber suborno pra dar isenção tributária a quem não
merecia ser exonerado ou cobrar propina para não convocar empresas ou indivíduos
para as Comissões Parlamentares de Inquérito não é convite. É crime mesmo. A
partir da invasão criminosa da privacidade, passou-se a vazar, a conta-gotas,
cada fragmento do produto do crime do raqueamento para que os corruptos se...”.
Convém
que se deem crédito ao discurso do mencionado ministro, porque o desastroso
rastro da roubalheira discriminada por ele se funda em dados reais estatísticos
colhidos da Justiça da qual ele integra, cuja fidelidade aos fatos cresce de importância
na palavra de magistrado de muito respeito.
Ninguém
melhor do que a autoridade de um ministro do Supremo para dizer sobre a verdade
do que realmente houve no governo do candidato eleito para presidir o Brasil,
principalmente porque ele se dispôs a dissecar e desnudar o âmago sobre a
verdadeira corrupção sistêmica e endêmica havida no Brasil, tendo o cuidado de
mencionar contorno por contorno acerca do que realmente aconteceu de desonesto
contra os interesses do país e dos brasileiros.
O
ministro foi pródigo na citação de números absolutamente confirmados por meio
de investigações policiais e decisões judiciais, que mostram a monstruosidade
que o governo de então foi capaz de protagonizar desviando bilhões de reais de
cofres públicos, na forma de precioso detalhamento sobre os fatos, ao se dizer
para o mundo o resultado do funcionamento dos esquemas criminosos de corrupção
denominados por mensalão e petrolão.
Ao
que tudo indica, o ministro foi capaz de mencionar a roubalheira e até se
indignar quando ainda ele tinha a exata consciência sobre a normal dimensão das
desgraçadas roubalheiras protagonizadas no governo do político que é agora
apoiado por ele, evidentemente quando não existia a degradável anestesia da
vacina que imunizou não somente a sensibilidade e a sensatez inerente à moralidade
e à dignidade dele, de outros ministros do Supremo e da maioria dos eleitores
brasileiros, que, de forma absolutamente estranha, inexplicável e, em passe de
mágica, abandonaram o que existe mais sagrado no homem, que é a dignidade
representada pelos princípios e valores intrínsecos e estruturais que
sedimentam o direito de respeito à honradez do ser humano.
Essa
indiscutível e deprimente decadência ético-moral dominante na sociedade, em
banalizar a importância dos salutares princípios republicano e democrático, a
tanto desprezados diante de tão agressivas investidas aos cofres públicos, na
forma dos gigantescos roubos feitos ao dinheiro do contribuinte, dando a
plácida aceitação da aterrorizante desgraça acometida aos cofres públicos, como
se essa prática nojenta e delituosa fosse normal serviço público, ajuda a
compreender a completa insensibilidade por parte da principal autoridade envolvida
em todo esse processo de degradação e esculhambação que aconteceu na
administração do Brasil.
Vejam-se
o inexplicável fato de que o presidente do país de então sempre se julgou
inocente por toda desgraça infligida ao Brasil e aos brasileiros, tendo ainda,
de quebra, o disparate mental de se passar por vítima de tudo protagonizado pelo
governo dele, conquanto tudo isso resultou na cruel trapaça da maquiavélica
enganação, visto que povo mais ingênuo do mundo seria incapaz de eleger quem
foi protagonista e liderança do governo reconhecidamente o mais corrupto e
desonesto da história da humanidade, conforme mostram, à saciedade, os fatos
investigados, coligidos e inseridos nos autos pertinentes.
Isso
que os eleitores fizeram nada mais é do que o emprego literal da síndrome da
insensibilidade instituída por esse espertíssimo político, quando ele, a
despeito das roubalheiras acontecidas no governo dele, sem que tivesse que se
responsabilizar por absolutamente nada nem a obrigação de prestar contas à
Justiça nem à sociedade sobre os fatos monstruosos e danosos aos cofres públicos,
volta triunfante e vitorioso nos braços do seu povo que o saúdam como
verdadeiro herói.
Enfim,
a história só confirma que a degradação ou a elevação moral de um povo tem
muito a ver com a sua cultura, em que ele se valoriza ou se torna insignificante
segundo as suas próprias atitudes, conforme o resultado dessa dantesca eleição presidencial.
Há
povo que parece não se achar nem se valorizar, em termos de moralidade e
honradez, em eleger, sem o menor escrúpulo, mas ao embalo de entusiástica
euforia, político para presidir o Brasil, que teve seu governo envolto com gigantesca
roubalheira aos cofres públicos, conforme foram ricamente mostrados os
circunstanciados e nefastos fatos por ilustre ministro do Supremo, cujo homem
público, de quebra, ainda foi condenado à prisão, pela prática do crime de
improbidade administrativa contra a administração pública, estando presentemente
respondendo a vários processos penais, na Justiça.
No
mundo evoluído e civilizado, político com notória índole nefasta de aderência aos
esquemas criminosos da corrupção sequer pode praticar atividades públicas,
porque isso se trata de verdadeiras desonra e indignidade para o próprio povo, que
se permite ao ridículo da insensatez diante dos salutares princípios do bom
senso e da racionalidade.
Além
do que, falece justificativa plausível irracional para aceitação da banalidade da
desonestidade e da corrupção na administração pública, que tem por exigência
republicana a predominância dos princípios da moralidade, da dignidade e da honestidade,
que foram ignoradas na repugnável gestão desse político, conforme mostram os
fatos, que também nunca demonstrou mínimo sentimento de arrependimento pelo
visível desvio de conduta na vida pública, a despeito de tudo de ruim que foi
registrado no seu currículo, nas atividades públicas.
A
volta desse político ao governo é tão horrorosa e degradante que ele, em
momento algum da campanha eleitoral, chegou a tratar da corrupção sistêmica e
endêmica, no seu governo, como forma de tentar esclarecer os fatos, assumir a
responsabilidade pela ladroagem, onde também teria a excelente oportunidade para
se comprometer a realizar governo honesto, caso fosse eleito, como foi.
Ao
contrário disso, ele foi apenas humilhado e execrado nos debates mostrados na
televisão, sob a acusação de ser o maior corrupto do mundo político, não tendo
a dignidade nem de se defender e muito menos de comprovar a sua inculpabilidade
sobre as denúncias que ainda pesam sobre os seus ombros.
Apesar
de toda demonstração de potencial desonestidade acontecida no governo dele, o
povo considerou superimportante que político em plena decadência moral, à luz
dos fatos delituosos imputados à autoria dele, tem condições política e administrativa
para presidir o país da relevância do Brasil.
A verdade é que a consciência de cada eleitor
fala por si só, tendo a real capacidade para a avaliação honesta e justa para
se concluir que o seu voto correspondeu à dignidade e à honradez que fazem por
merecer o Brasil e o seu povo, precisamente nas notórias e lastimáveis circunstâncias
políticas.
Brasília,
em 16 de novembro de 2022
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