terça-feira, 1 de novembro de 2022

Respeito à ilicitude?

           Diante de crônica que comentei o resultado da eleição, um cidadão entendeu de se manifestar nos seguintes termos: “60 milhões de pessoas iguais a nós escolheram um candidato. Não seria prudente respeitar a regra estabelecida? Quem já caminhou bem na vida, teve a oportunidade de imaginar-se com toda a verdade do mundo, para depois constatar que não tinha nenhuma! Minha reverência.”.

Em resposta à indagação em apreço, eu digo que sim, é prudente e civilizado se respeitar a regra estabelecida e disso não se discute.

Não obstante, é lícito também, porque faz parte das regras democráticas, ter-se o direito de se puder questionar, diante as potenciais evidências, que as escolha do candidato não corresponde aos sentimentos de imaculabilidade necessários para a governança do Brasil, país de reconhecida grandeza cultural e de muita dignidade do seu povo.

Nas circunstâncias, o Brasil não merece ser presidido, salvo pela vontade de 60 milhões de eleitores, por alguém que é ficha suja, por ter se envolvido em esquemas criminosos de corrupção, que é algo indigno e degradante, sob o prisma da moralidade, cujos fatos delituosos assombraram o mundo civilizado, além dos brasileiros honrados.

Toda a monstruosidade da roubalheira a cofres públicos, devidamente confirmada por meio de investigações policiais e atestada por julgamentos da Justiça, não foi assumida pelo candidato eleito, que era presidente do país à época, que reconheceu a corrupção apenas pelo fato de ter havido delação das pessoas, dando a entender que, por conta exclusiva dele, nada de escandaloso aconteceu no governo dele e, sobre isso, os 60 milhões de eleitores estão plenamente de acordo com ele, que ainda exigem respeito por eles terem eleito um corrupto para presidir o Brasil.

Convém somente se pedir respeito, na vida púbica, para os atos revestidos de legitimidade, o que não é o caso de se eleger corrupto para governar o Brasil, embora não haja decisão nesse sentido, mas existem fartos atos suspeitos de irregulares, inclusive aqueles que respaldaram as condenações à prisão dele, que foram anuladas, não por exame de mérito dos atos inquinados de irregulares, que continuam existindo normalmente e isso o incapacita para a prática de atividades político-administrativas, segundo os princípios republicano e democrático.

Ou seja, todo desvio de dinheiro público ocorreu precisamente no governo dele, sendo ele o principal pivô de todos os escândalos contra a administração pública, mas ele sempre foi incapaz de assumir as responsabilidades pelas irregularidades, bem assim de prestar as devidas contas à Justiça e à sociedade, acerca das mais cruéis indignidades contra o dinheiro dos contribuintes.

Infelizmente, mesmo que toda essa repugnante roubalheira tenha sido do conhecimento de "60 milhões de pessoas iguais a nós", pasmem, esses brasileiros resolveram simplesmente ignorar o mar da sujeira, que representou a pior lama pútrida que jamais havia submergida no lindo e puro solo brasileiro, para apoiar justamente o principal político responsável por tudo de malévolo à gestão pública, segundo os fatos atestados pela Justiça.

Tanto isso é verdade que ele foi julgado e condenado à prisão, pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, justamente por ter sido incapaz de provar a inocência dele, razão pela qual ele foi obrigado a cumprir pena, encarcerado, o que demonstra, com a maior evidência do mundo, salvo para 60 milhões de eleitores, que político com esses atributos tão nefastos não tenha condições morais à altura para presidir o Brasil.

Fora de dúvidas, o Brasil não merece, sob o rigoroso sentimento de dignidade e honestidade, que pessoa sem qualificação político-administrativa, conforme mostram os fatos, possa representar uma nação de povo honrado e abençoado por Deus, cujo pensamento de honradez sempre teve o entendimento diferente desses 60 milhões de brasileiros, que acham normal que a desonestidade reine e impere na pobre e desprotegida República tupiniquim.

O mais grave de toda essa demonstração do esgarçamento e do menosprezo aos salutares princípios da moralidade, da honestidade e da dignidade, na administração pública, é ver o apelo implorando por prudência e respeito à regra estabelecida.

A propósito, ao que se sabe, a única regra estabelecida, para se presidir o Brasil, à luz dos bons princípios, é que a pessoa tenha condições ético-morais suficientemente capaz para comprovar conduta ilibada e idoneidade, em forma de imaculabilidade na gestão do patrimônio dos brasileiros, que é algo inviável por parte do candidato eleito por "60 milhões de pessoas iguais a nós", que não tiveram o indispensável cuidado para exigir dele a apresentação da ficha limpa, na forma do atestado do nada consta.

Por cento, ele simplesmente ia alegar que é inocente, a despeito da existência de vários processos penais em tramitação na Justiça, aguardando julgamento de atos irregulares, denunciados contra ele, sob suspeitas do envolvimento dele com a prática de atos de corrupção.

A toda evidência, somente no Brasil, nas pessoas de 60 milhões, se consegue eleger presidente da República nessas precárias condições de visível imoralidade e desconfiança gerencial do dinheiro público, à vista da sua condenação à prisão.

Ou seja, trata-se de ex-condenado pela Justiça, por motivos de corrupção que ainda pendem de prestação de contas por parte dele, cujos danos ao erário são mais do que suficientes para que ele tivesse sido eliminado da vida pública, uma vez que isso, perante as pessoas honradas e dignas, tem o condão de representar obra de traição ao Brasil e ao povo.

Diante dos fatos investigados e julgados, o bom senso e a razoabilidade aconselham que não tem o menor cabimento que o candidato eleito seja, ao contrário do que merece, entronado e elevado ao principal trono da República.

Enfim, a eleição de corrupto, assim reconhecido pela Justiça, para presidir o Brasil, por força e obra de 60 milhões de eleitores, contrariando os sublimes princípios da moralidade, da honestidade e da dignidade, na administração pública, constitui fato inusitado e surreal, na compreensão de que isso jamais aconteceria nas piores republiquetas, que, ao menos, reconhecem as reais importância e significado do regramento ínsito nas condutas republicana e democrática.

Diante dessas divagações, que são incontestáveis, à luz dos fatos havidos, investigados e julgados, que mostram o que realmente aconteceu de desastroso na vida pública, envolvendo o candidato eleito, fica a indagação de ordem moral e de responsabilidade cidadã, em termos de princípios verdadeiramente republicano e democrático, se há realmente motivos plausíveis, para se respeitar a soberana decisão adotada por "60 milhões de pessoas iguais a nós”?


          Brasília, em 1º de novembro de 2022

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