sábado, 26 de novembro de 2022

Cumplicidade?

 

Em vídeo que circula nas redes sociais, um ministro do Supremo Tribunal Federal fez, no passado, importante pronunciamento, pela forma clara e objetiva como ele enxergava o protagonismo da corrupção que ele assim entendia como tal prejudicial aos interesses do Brasil e dos brasileiros, à vista da sua verdadeira compreensão acerca desse câncer que predominou no governo do candidato que ele ajudou a eleger para presidir o país.

Eis, a seguir, a lúcida, contundente e precisa confissão do ministro, por sua importância de ser conhecida por todos os brasileiros honrados e de boa vontade, ante a sua relevância como registro real, sincero e verdadeiro sobre os fatos que foram ignorados, inclusive por ele e muitos brasileiros, que preferiram ser cúmplices com a desonestidade e a corrupção, na administração do Brasil.

“Não foi criminalização na política. O que aconteceu na Petrobras foi crime mesmo. O que aconteceu na Eletrobrás foi crime mesmo. O que aconteceu na Caixa Econômica Federal foi crime mesmo. O que aconteceu nos Fundos de Crédito Consignado foi crime mesmo. O que aconteceu no Fundos de Pensão foi crime mesmo. Portanto, a gente não deve criminalizar a política nem politizar o crime. Desvio de dinheiro, gerente devolvendo 150, 180 milhões de reais. Não é possível alguém achar isso natural. Isso não é política. Isso é bandidagem. Portanto, houve uma quantidade impressionante de coisas erradas, estranhadas na estrutura do Estado. A corrupção no  Brasil foi uma criminalidade estrutural, institucionalizada e sistêmica. Eu acho que verdadeiramente a Operação Lava-Jato ajudou a desvendar isso e a mudar a cultura de impunidade no país. (...) Agora, todos os melhores advogados criminais do país, de lupa, acho que acharam muito pouca coisa errada para você desacreditar a operação e ela mudou o Brasil. Infelizmente houve decisões judiciais das quais eu discordo que retardaram um pouco esse processo, porém a sociedade já mudou e eu acho que a operação Lava-Jato ajudou a mudar a sociedade, que deixou de aceitar o inaceitável e desenvolveu uma imensa demanda  por integridade , por idealismo e por patriotismo, no Brasil. Eu acho que talvez isso ainda não tenha podido ser canalizado ainda da melhor forma, mas a verdade é que  talvez a política ainda não tenha mudado. Acho que o Judiciário está mudando lentamente.  A iniciativa privada já mudou, compliance já passou a ser obrigatório nas empresas e a sociedade deixou de aceitar. É cada vez mais difícil, hoje, um vigarista andar sossegado nas ruas.”.

Sim, é provável que muita gente não tenha visto esse vídeo, que mostra, de forma didática, como a roubalheira grassava livremente em cofres de empresas públicas, desviando, de forma inescrupulosa e, principalmente, impune, bilhões de recursos dos contribuintes, para o financiamento de atividades espúrias, de completa negligência para com a coisa pública, por tanta maldade contra o interesse da sociedade, que era cretinamente prejudicada exatamente por quem tinha o dever constitucional de defendê-la, cuidar e zelar dela, na forma da lei.

Pouco importa se quem votou no candidato eleito tenha conhecimento do vergonhoso e deprimente conteúdo constante desse vídeo, porque, estranhamente, ninguém estava interessado e muito menos preocupado em defender a dignidade nem a honra da administração pública, mais especificamente quanto à estrita observância aos salutares princípios republicanos da honestidade, da moralidade e dignidade na aplicação dos recursos públicos.

O resultado das urnas mostrou o verdadeiro sentimento de muitos brasileiros que se vangloriaram com a volta ao poder de político que não teve a mínima dignidade de se apresentar para representá-los com a cara limpa, com as mãos limpas, no sentido de mostrar o atestado de nada consta referente à sua vida pregressa quanto às atividades no exercício de cargo público.

Aliás, o político nem tinha condições legais como fazer nada disso, uma vez que o seu curriculum vitae era e ainda é sujo, por responder a vários processos penais na Justiça brasileira, por conta de denúncias referentes a suspeitas da prática de crime de improbidade administrativa contra o erário.

Isso constitui motivo mais do que suficiente para incompatibilizá-lo para a prática de atividades públicas e o exercício de cargo público eletivo, na forma da lei, que obriga que todos os candidatos sejam ficha limpa, mesmo que não tenham sido julgados pela Justiça de segunda instância.

Nesse caso, o que importa mesmo é a constatação da maculabilidade com relação às suspeitas e efetividades da malversação de recursos públicos, que é o caso atribuído à autoria do governo dele, à vista de também o candidato eleito já ter sido julgado e condenado à prisão, pela confirmação da prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em que pese as sentenças pertinentes terem sido anuladas por força de maquiavélica decisão judicial, por que sem o devido amparo legal, mas os atos propriamente ditos, que têm o poder de macular a dignidade do gestor público, permanecerem nos respectivos processos penais, na forma original.

O certo é que não houve exame de mérito sobre os citados atos, o que vale se afirmar que a culpabilidade dele é marca indelevelmente constante nos autos referentes às denúncias sobre irregularidades na gestão pública, que ainda pendem de novo julgamento pela Justiça.

A bem da verdade e à luz dos fatos marcantes e incontestes, os ditos brasileiros que votaram em político que guarda, no currículo, o registro oficial do mal administrador, assim qualificado pela Justiça brasileira, à vista das sentenças prolatadas nesse sentido, são certamente cúmplices por tamanha tragédia de desmoralização contra a administração pública, por não terem o menor escrúpulo em ajudar a voltar ao poder quem não tem a mínima condição moral, em termos de dignidade e honestidade, para presidir o país com a grandeza do Brasil.

Brasília, em 26 de novembro de 2022

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