O
candidato eleito à Presidência da República fez visita ao Supremo Tribunal Federal,
nesta semana, sendo recepcionado pelos ministros daquela corte com sentimento
festivo.
A
felicidade estampada no semblante dos ministros da corte suprema da Justiça
brasileira condiz com o tamanho da alegria da recepção de político que responde
a vários processos na Justiça, por suspeita da prática de crimes de improbidade
administrativa, que inclusive já foi até condenado à prisão, pela constatação
dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Em
que pese a prática de irregularidade e a falta de contestação plausível, na
forma jurídica, sobre os atos danosos ao patrimônio público, ele foi liberado
da pena por essa mesma corte de juízes felizes com a presença do afilhado
protegido, liberado para disputar a eleição presidencial.
É
evidente que, sobre esse fato extremamente inusitado, de ex-presidiário visitar
a corte suprema da Justiça, não cabe nenhuma crítica quanto a esse contato
visivelmente amistoso, apenas se ponderar que, em país com o mínimo de
seriedade e respeito aos princípios jurídicos e de civilidade, à vista da grandeza
do respeito ao Poder Judiciário, isso seria absolutamente impossível, o que
vale dizer que o encontro jamais aconteceria em clima de intensa congratulação,
em clara demonstração de regozijo, como de fato aconteceu.
Isso
é prova inconteste de que o sistema judiciário brasileiro não resiste ao
sentimento de imparcialidade e integralidade, em termos de autonomia e
independência, quando seus ministros se curvam em reverência a político que é símbolo
de desonestidade no seu governo e que ainda tem obrigação de prestar contas
sobre seus atos à Justiça e à sociedade, uma vez que o chamado verdadeiro homem
público tem o dever de estampar na testa o sinete da Justiça de nada consta, qual
seja, o certificado de ficha limpa, muito diferentemente do que acontece com
relação ao candidato eleito.
Sem
dúvida alguma, o próprio Poder Judiciário brasileiro se cuida de evidenciar a
sua inconsistência, em termos da dignidade que se exige dele, diante de gestos
de magnanimidade perante político indigno de sequer entrar e ser recepcionado
na suprema corte do país, com sublime cortesia somente deferida aos homens
honrados e imaculados, na vida pública, o que não é caso dele, que responde a vários
processos penais na Justiça e precisa provar a sua inculpabilidade quanto às
denúncias inerentes à prática de atos de corrupção com dinheiros públicos.
Enfim,
salve o povo brasileiro, que tem o livre-arbítrio para escolher livremente os seus governantes, não
importando os seus atributos divergentes ao regramento da normalidade
democrática, no sentido de que se impõe para todos os homens públicos a rigorosa
exigência sobre a observância aos princípios da moralidade, da honestidade, da
dignidade, entre outros, na prática de atividades políticas e no exercício de
cargos públicos.
Infelizmente,
o encontro dos ministros do Supremo Tribunal Federal com o candidato eleito tem
o condão de mostrar o quanto de puído e desgastado, por querência própria, se
encontra a excelsa corte brasileira, perante a opinião pública, ao se expor em
reverência ao representante da indignidade e da desonestidade na vida pública,
à vista dos fatos revelados ao mundo, à saciedade.
Brasília,
em 11 de novembro de 2022
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