Não se discute a consciência
soberana do povo, que nunca foi levado pela voz da elite, mas, sim, muitas das vezes,
pela vontade política, sob o estilo do recriminável coronelismo que ainda
impera em determinados currais eleitorais de regiões remotas do país.
Não obstante, com base na alegada
democracia, pode-se sim questionar o resultado da consciência do povo,
quando o seu voto tem repercussão nos direitos de todos os brasileiros, mesmo
que parte deles tenha sido afetada, como consequência da votação notoriamente
estapafúrdia, com a eleição de político sem a mínima condição ético-moral para
governar o país com a grandeza de valores do Brasil.
Diante da evolução da
humanidade, não é mais possível se vangloriar do princípio democrático, que é o
sublime instrumento da soberania da vontade popular, para se votar em quem não
preenche os mínimos requisitos de moralidade, sob os mantos sagrados da conduta
ilibada, da imaculabilidade e da idoneidade, na vida pública.
Essas são as exigências da
própria democracia, sob a inteligência de que nunca vai respaldar forma promíscua
para se eleger político ficha suja, diante da prática do crime de improbidade
administrativa, pior ainda sob a inadequada justificativa da existência de
desgoverno, porque seria o mesmo que se recorrer a artifício para a tentativa
da busca de respaldo para a prática de gravíssimo erro político-eleitoral.
Há pessoas que somente preferem
analisar e justificar os fins para se atingir os meios, não importando de que
maneira isso seja possível, como parece ser a onda avassaladora de quem elegeu para
presidir o Brasil autêntico ficha suja, notoriamente envolvido em nebulosos casos
de desvio de bilhões de reais, no seu governo, que a falta de memória do povo ajudou
a esquecer, por completo, o que de mais grave aconteceu na gestão pública brasileira.
A bem da verdade, os atos
delituosos foram confirmados e comprovados por meios de investigações policiais
e julgamentos judiciais, não deixando qualquer margem de dúvidas sobre a índole
criminosa predominante no governo dele, conforme comprovam os esquemas
delituosos do mensalão e do petrolão.
Em que pesem as condenações
judiciais terem sido anuladas, não por força do exame do mérito das ações
penais propriamente, que continuam com plena validade, o que significa dizer
que a suspeita da autoria dos atos delituosos continua sobre os ombros do político,
que, em nome da democracia, por força de lei, precisa provar a inculpabilidade
sobre esses atos, junto à Justiça, como forma da necessária obtenção do nada
consta, por ser exigência legal e republicana.
Percebe-se facilmente que a
questão de fundo não é tão simplista de se concluir e se afirmar que houve a
confirmação da consciência democrática do povo livre, porque isso é tão somente
meia-verdade, precisamente porque a operacionalização em si disso não condiz exatamente
com o desiderato ínsito dos princípios democráticos, que exigem lisura em casos
que tais, no sentido de que os candidatos apresentem fichas limpas.
Ou seja, é preciso que se
observem o princípio da legitimidade em tudo, inclusive, em especial, no que se
refere ao próprio candidato, que não pode representar o povo sendo ficha suja,
mesmo que não tenha condenação judicial, não importando ao caso, porque é
preciso se aquilatar se existe algo errado contra ele, na forma de questionamentos
sobre desvio de conduta moral ou de processos penais correndo na Justiça.
No caso vertente, existem sim questionamentos
na Justiça e isso demonstra clássica maculabilidade incompatível, em termos de
moralidade democrática, com os princípios republicanos, no que se refere à
prática de atividades políticas e ao exercício de cargo público eletivo.
Na verdade, nos países
civilizados e evoluídos, ninguém sob suspeitas graves na Justiça, em respeito à
honradez e à dignidade do eleitor, pode sequer praticar atividades políticas e,
quanto mais grave ainda, disputar eleição antes de ter seu nome limpo nos
tribunais.
Por fim, diante da importância
das consciências cívica e cidadã, é impossível se vislumbrar ter orgulho de ser
brasileiro, como de fato todos dizem ter, depois de ter votado em quem não
consegue provar a própria inocência, com relação aos fatos inquinados de
irregulares, cuja autoria lhe é atribuída em tribunais, porque isso é o mínimo
que se espera de todo verdadeiro homem público, em respeito tanto à dignidade
do Brasil como à dos honrados eleitores.
Não tem nada de verdade na conclusão de que pior do está
não pode ficar, quando o governo atual pode nem fazer excelente gestão, a
depender de quem o avalia, mas as contas públicas estão tendo desempenho
razoável, com a inflação sob controle, todos os governos pagando as suas
despesas normalmente e sem notícia sobre a comprovação de corrupção, salvo caso
aqui e ali de suspeita, mas sem nenhuma confirmação como as que aconteceram no
passado.
A despeito disso, o futuro do Brasil é totalmente incerto
e não sabido, quando o presidente eleito sequer apresentou plano de governo,
fato este que ele já inicia os trabalhos sem rumos de absolutamente nada, porque
não existem metas nem projetos sobre o que precisa ser implementado em benefício
do Brasil e dos brasileiros.
Assim, com absoluta certeza, não pode ser verdade que o povo
tenha ouvido a própria consciência, mas se realmente essa tenha sido a intenção,
ele teve o infortúnio de agredir e ferir mortalmente a democracia, por ter
votado, sem o menor escrúpulo nem o brio do brasileiro, em autêntico politico
ficha suja,
exatamente por terem,
contra ele, pendentes de julgamento pela Justiça, gravíssimos casos envolvendo suspeitas
de irregularidades na gestão dele.
Brasília, em 17 de novembro de
2022
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