Diz-se
que o Supremo Tribunal Federal impôs verdadeira ditadura judiciária aos
brasileiros, sob o comando de um ministro, fato este que formaliza gigantesca indignificação
para o povo, que é algo nunca visto na história política do país.
A
verdade é que inexiste precedente sobre a usurpação tão clara, em que as
funções institucionais de cargos públicos tenham sido exercidas de forma
ilícita para a flagrante implantação do regime de exceção, por meio da violação
viciosa, reiterada e agressiva à Constituição Federal e a legislação em vigor, com
interferência absurda e direta nos outros poderes da República e nas liberdades
e nos direitos individuais e democráticos.
Diante
de tamanhos abusos de autoridade, vê-se a incompreensível passividade do Senado
Federal, que tem a dever constitucional e legal de se posicionar em sentido
contrário, justamente para impedir que o Supremo continue a exercer a sua
vontade, em atitudes que vão muito além da sua competência constitucional.
Nessa
mesma linha, também pode-se nomear as Forças Armadas, que também têm poderes constitucionais
para a imposição de defesa do Estado de direito e das instituições nacionais,
que é o caso de ameaça à soberania dos poderes da República e da sociedade,
conquanto ninguém tenha conseguido ameaçar tanto as instituições do que o Supremo,
na pessoa de um ministro.
A
verdade é que não há nem houve qualquer resistência aos abusos daquela corte,
cujas excrescências são protagonizadas à luz solar, por obra do “todo-poderoso”,
cujo resultado é assombroso, ante à afronta insidiosa e prejudicial aos
interesses do Estado e da sociedade, que se sentem permanentemente sob a espada
de Dâmocles, com seus poderes ilimitados, à vista do tranquilo apoio para as
barbaridades jurídicas impostas aos brasileiros, cuja ditadura só se
intensifica no Brasil.
A verdade é que o Supremo tem apoio o questionável
inquérito perpétuo e totalmente fora da lei para punir o que o ministro
denominou de “atos antidemocráticos”, em que as pessoas são censuradas pelo uso
de palavras consideradas ofensivas à honra e à imagem dos próprios ministros,
sem que tenha processo legal pertinente.
À
toda evidência, não se tem notícia sobre algo semelhante na história da humanidade
nem muito menos em nenhum corte de país evoluído e sério, em termos jurídico-democrático,
em qualquer lugar do mundo.
Causa
perplexidade que a imposição da censura prévia durante a campanha eleitoral foi
aplaudida pela imprensa, como se isso fosse ato de heroísmo digno de mérito.
Fato
é que o Supremo vem merecendo o beneplácito maciço da força da imprensa tradicional
dos grandes centros do país, que tem o poder de influenciar a opinião pública,
o que demonstra a sua importância nos meios de comunicação.
Não
há a menor dúvida de que o ministro se sente sob a áurea da santificação, pela
forma como é tratado e idolatrado pelos jornalistas e pela esquerda como o
salvador da democracia no Brasil, a despeito de ele ser o mentor intelectual da
censura prévia na campanha eleitoral, que é antítese da liberdade de expressão
essencial ao trabalho da imprensa e as liberdades individuais.
O
certo é que a imprensa brasileira, praticamente por unanimidade, aprova os atos
do ministro, quando esteve e estar ao lado dele, na incansável luta de destruição
do chefe do Executivo, uma vez que este também não deu trégua às críticas quanto
às suspeitas de precariedades das urnas eletrônicas, talvez a razão dessa
disputa inglória.
Na
verdade, é visivelmente espúrio o apoio do Supremo a tudo que se relaciona com
o candidato eleito à Presidência da República e certamente com seu futuro
governo, em sentida e nítida forma de relação de troca, considerando que a maioria
dos ministros dessa corte foi indicada por ele ou por governo do seu partido.
Vejam-se
que a corte suprema vem servindo, com fidelidade, diretamente ao projeto do
mencionado candidato, a começar do ato que o tirou da prisão, passando pela anulação
das suas condenações, na Justiça, pelo sumiço da ficha suja dele e, por último,
pela integral interferência em seu favor, na campanha eleitoral, conforme
mostram, à saciedade, os fatos.
Certamente
que a excelsa corte continuará servindo-o, desta feita com a força da máquina
estatal a seu favor, apenas se dedicando em apoiá-lo, tudo na perfeita harmonia
de opinião e entendimento ideológico.
A
mídia, internacional e brasileira, mesmo não dispondo de elementos-chaves sobre
o funcionamento das urnas eletrônicas, considerou a votação normal e absolutamente
perfeita, na confirmação da expressão democrática favorável ao candidato
eleito, com o bravíssimo respaldo do Supremo, que tudo fez para afastar o incômodo
populismo de direita, não permitindo sequer questionamento sobre o
funcionamento de urnas antigas, que podem oferecer incompatibilidade com o
sistema eleitoral mais moderno.
A
verdade é que, na interpretação do Supremo, os problemas brasileiros vão acabar
a partir do primeiro dia de janeiro de 2023, ou seja, além de salvar a
democracia, a corte suprema ainda conseguiu contribuir para livrar a extinção das reservas de
oxigênio da região amazônica, além de atos golpistas, que existiam em potencial
ameaça, segundo os estrategistas de esquerda.
A
marca da leniência com a desonestidade na administração pública ficou estampada
com a recepção, na sede da corte, dos ministros do Supremo ao candidato eleito,
para longa conversa amistosa e bastante descontraída, em que os magistrados
eram só sorrisos diante do político que é símbolo da decadência moral, à vista
dos esquemas criminosos protagonizados no seu governo, que sequer foram
assumidos nem prestadas as devidas contas acerca deles, o que bem evidencia a
falta do sentimento ético-jurídico do principal órgão do Poder Judiciário, em
se aliar pessoa que é péssima modelo de dignidade no gerenciamento da coisa
pública.
Esse
deplorável encontro tem o condão de mostrar a falência do sistema judiciário
brasileiro, por ter tido a débil aderência à causa de político que não resiste
aos testes de imaculabilidade na vida pública, por não ter condições de atender
aos requisitos de conduta ilibada e idoneidade, que são condições essenciais à
prática de atividades políticas e ao exercício de cargo público eletivo, pelo
menos nos países sérios e evoluídos, em termos políticos e democráticos.
Não
há a menor dúvida de que o Brasil se transformou em uma República que é a cara
do Supremo Tribunal Federal, cuja democracia é ditada pela competência
intelectual de um ministro, que somente ele entende sobre política, democracia
e liberdade de expressão, evidentemente na forma da cartilha idealizada e
instituída por ele, que é aplicada também por ele, que a interpreta para punir quem
a violar, segundo o seu pensamento, sem necessidade do devido processo legal,
como assim estabelecido na forma da lei, nem da observância dos ditames
constitucionais e legais.
A
impressão que se tem é a de que o momento brasileiro se confunde com o país
dominado pela demência extrema da falta dos sentimentos nobres da dignidade, da
moralidade e dos princípios republicanos e democráticos, em que somente uma
pessoa tem o dom de dominar os poderes da República, com a suprema interpretação
dos leis criadas por ele, que também decide sobre os destinos do Brasil, na
forma do resultado da votação realizada sob o seu comando, de acordo com as
regras ditadas também por ele.
Finalmente,
impõe-se que se diga que, nos países sérios, civilizados e evoluídos, não
existe instituição que possa se colocar acima das leis, da ordem democrática
nem dos demais poderes, porque, do contrário, tem-se a verdadeira inversão dos
valores republicanos e democráticos, com sobejas motivações para as plenas
insegurança jurídica e a quebra da integridade nacional.
Brasília,
em 30 de novembro de 2022
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