Uma
importante jornalista paraibana saiu em defesa da honra de seus conterrâneos, sim
aqueles que foram xingados, Brasil afora, pelo fato de terem votado no
candidato eleito.
Achei
muito interessante o esforço dessa jornalista, em tentar resgatar a lembrança
de grandes paraibanos, inclusive a memória de ilustres pessoas mortas, para o enaltecimento
das qualidades dos valores intelectuais e culturais da gente paraibana, no que
eles têm de melhor no mundo da intelectualidade e da inteligência, sem dever
nada para o resto dos brasileiros.
Realmente,
os paraibanos são tudo aquilo o que a jornalista disse e muitos mais, em termos
de sentimentos próprios dos sertanejos, porque o nosso povo é incomparavelmente
valoroso, forte e digno do maior respeito e sobre isso não há a menor dúvida.
Não
obstante, em que pese todo esse esforço, a causa não é sobre se tentar mostrar para
o resto do Brasil a honra do povo da Paraíba, que tem bastante personalidade, que
é exposta naturalmente, que nem precisava a invocação até mesmo de quem já não existe
mais entre nós.
Isso
não leva a absolutamente nada, uma vez que se trata de se discutir o sentimento
da moralidade de pessoas, em que muitos paraibanos votaram em candidato que é
símbolo da desonestidade brasileira, à das ações penais contra ele, nos
Tribunais, e, para isso, não existe justificativa alguma, nem mesmo com menção aos
mortos ilustres, uma vez que isso não passa de blasfêmia, ao se invocar os nomes
deles, porque não tem efeito de causalidade.
A
meu juízo, não faz o menor sentido, não somente com relação aos paraibanos, mas
aos brasileiros, a invocação da beleza e da grandeza regional de um povo, mesmo
se reconhecendo as suas notórias qualidades intelectuais, culturais,
educacionais etc., quando ele resolve, de forma voluntária, acolher como seu
candidato preferido pessoa que não tem personalidade moral, em termos políticos,
como tal reconhecido pela Justiça, que o condenou à prisão, em razão de ele ter
sido envolvido com atos irregulares, na gestão dele, à vista do recebimento de
propinas, provenientes de dinheiro dos contribuintes.
À
luz da sensatez, na melhor forma de compreensão humana, não tem o menor
cabimento que pessoas consideradas as mais nobres e honradas votarem em político
nessas condições para presidente da República, porque isso não é legítimo, sob o
prisma do civismo e da cidadania, salvo na compreensão de quem acha que é
normal a desonestidade na administração pública.
Depois
de ter votado de forma fora da curva, quer queira ou não, porque os fatos
mostram exatamente isso, não é justo que a pessoa venha fazer uso do poderoso
álibi da honra paraibana para respaldar o seu ato diferenciado da normalidade, por
meio do sentimento de ser brasileiro ou paraibano, como forma de abonar o seu
voto nada republicano.
Ou
seja, para quem votou em candidato que não reúne as necessárias qualidades para
o exercício do cargo, isso pode ser considerado normal, mas merece censura sim,
quem acha anormal tal procedimento, a exemplo da defesa promovida pela
jornalista, que certamente acha isso normal.
É
evidente que ninguém tem direito de ficar criticando atos de ninguém, porque
cada qual é responsável por suas decisões, mas seria interessante que não fosse
mascarada a realidade dos fatos, uma vez que não se justifica usar o bom nome
ou a dignidade de um povo para a tentativa do acobertamento de se votar em pessoa
que deve explicações à Justiça.
No
caso em comento, o que se discute, por ser de justiça, é a legitimidade do voto
a pessoa moralmente em declínio, em termos políticos, por falta de qualidades
para o exercício de tão relevante cargo público e isso é induvidoso para as
pessoas dignas e honradas, não cabendo a menor justificativa para se colocar na
Presidência da República pessoa que ainda responde a processos penais, na Justiça,
justamente por seu envolvimento com casos de irregularidades com dinheiro
público e isso é fato notório.
Que
moral tem esse povo para se invocar a honra do paraibano, que seria
injustamente desonrado por abonar voto notoriamente degenerado, por ter sido endereçado
a candidato legitimamente registrado, mas absolutamente incapaz de comprovar os
requisitos de conduta ilibada e idoneidade,
na vida pública, que é de suma importância para o exercício do importante cargo
de presidente da República, cujos requisitos são exigidos normalmente até mesmo
nas piores republiquetas?
O
certo mesmo é que cada qual assuma o seu voto, sem essa estupidez de ficar
magoado e ainda querer apelar para a honra do ser brasileiro ou paraibano,
porque, no caso, uma coisa não tem nada a ver com a outra, o que vale dizer que
a honra do paraibano é algo indiscutível e não merece ser invocada, neste
momento, quando o que está em jogo é a decisão de votar e se responsabilizar
por isso, sem necessidade de apelação para a honra de quem não tem nada com o caso.
Enfim,
trata-se de discussão absolutamente inútil, que nem deveria existir, uma vez que
a honra do paraibano somente deveria ser discutida com relação àqueles que
votaram em candidato que ainda precisa prestar contas à Justiça, assim exigidos
por força dos atos maculados na gestão dele.
Brasília,
em 4 de novembro de 2022
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