sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Insatisfação

 

Em crônica da minha lavra, eu analisei o comportamento de jornalista que foi penalizada pela Justiça brasileira, onde ele demonstrou o extremo da irritação, nos seus comentários, quando eu disse que não precisava tanta agressividade, porque os casos são distintos e não justificativa tanto descontrole emocional.

 Uma pessoa entendeu de contestar o meu texto, ao afirmar, verbis: “Amigo, não lhe tiramos a razão quando se refere ao descontrole e palavrões utilizados pelo competente jornalista Allan dos Santos, o qual você também elogia. Ocorre que temos que reconhecer o lado cruel da sua trajetória, que por perseguição política esse jovem está afastado por cerca de três anos do seu País, e principalmente de sua família, sem o privilégio de ver seus filhos crescerem, então, há sim motivos de sobra para se ter revolta e até mesmo um descontrole grande emocional. Assim como você, abomino palavrões, mas  entendo que julgá-lo não é a melhor atitude a se tomar, visto que por detrás desse comportamento dele há uma  alma com muita dor, ou dor familiar. Minha sugestão é que rezemos por ele e família, pois ainda guardo a lembrança da esposa grávida de oito meses, e a Polícia ostensivamente armada invadir a casa do casal. Fácil só é para quem está de fora assistindo tudo!”.

Em resposta, eu disse que as maldades, injustiças e crueldades são visíveis contra o jornalista, mas nada disso justifica perder o controle emocional e psicológico que não serve nem se aproveita para o caso específico dele, porque um erro não justifica que a pessoa possa xingar nem esculhambar e ainda se exceder, na compreensão de que ele foi punido injustamente e precisa ser relevado, na compreensão de que ele é um coitadinho, uma vítima do perverso e desgraçado sistema.

Isso até pode ser fato, mas isso não tem absolutamente nada a ver com o trabalho profissional dele, que precisa seguir na linha do equilíbrio e da racionalidade, totalmente desvinculado da situação pessoal, na Justiça, que realmente é lamentável e sobre isso não resta a menor dúvida.

É lamentável que muitas pessoas se deixem envolver por emoção e sentimentalismo e terminam misturando os fatos, mesmo que eles sejam indiscutivelmente distintos e assim precisam ser considerados.

A verdade sobre o terrível erro da Justiça e o sofrimento do jornalista são fatos inegáveis e indiscutíveis, que precisam ser compreendidos independentemente da vida profissional, exatamente porque eles não podem se confundir, segundo penso.

Ou seja, o jornalista não pode se valer da análise de fatos do dia a dia para justificar algo acontecido com ele, na Justiça, salvo se ele queira aproveitá-los exclusivamente nos processos em julgamento.

Infelizmente, a tendência das pessoas de bom coração é exatamente analisar os fatos segundo a sua índole de magnanimidade, na melhor forma possível da compensação, como se quem é infernizado por atos de crueldade possa ter o direito de fazer o que bem quiser, que é compreendido, em razão do seu martírio.

Convém que os fatos sejam tratados de per si e avaliados independentemente, principalmente quando eles não guardam nenhuma vinculação, como são os casos do jornalista, em que a sua situação na Justiça é uma coisa e suas atividades profissionais são outras completamente diferentes, motivo pelo qual ele assim precisa tratá-los, para o próprio bem dele.

Brasília, em 4 de agosto de 2023

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