terça-feira, 8 de agosto de 2023

Omissão da verdade?

 

Conforme vídeo que circula nas redes sociais, um deputado federal descreve verdadeiro rosário sobre fatos que o último ex-presidente teria se envolvido, no governo dele, como protagonista de ações e políticas em benefício do Brasil e da sociedade, mas ele não teria sido bem entendido, porque a rejeição por parte dos segmentos prejudicados foi extremamente absurda e desumana, conforme muitos casos por ele elencados.  

O parlamentar se esforça para tentar mostrar que o último ex-presidente do país teria sido o perfeito estadista, que, de tanto combater as maldades, a corrupção e os desvios de conduta de toda ordem, terminou sendo condenado e abandono, até mesmo pelos generais, por  principais aliados e pelo povo.

Ou seja, o ex-presidente teria sido vítima do excesso das suas excelentes ações destinadas à mudança do Brasil, em especial, no que se refere ao enfrentamento do sistema opositor e das cadeias de interesses contrariados pelas políticas implantadas no seu governo.

Causa espanto que o parlamentar só tenha conseguido elencar bondade e bravura do seu grande ídolo, como se ele tivesse sido exemplo magistral da suprema trajetória de bom homem público, dando a entender que ele jamais tivesse se envolvido em qualquer desvio de conduta política, na vida pública, que tenha sido exemplo de estadista, sem ter praticado qualquer deslize na execução de seus atos presidenciais.

Sim, o congressista tem todo direito de pensar da forma que ele bem quiser, inclusive de somente dizer e considerar que ele foi verdadeiro herói nacional.

Direito esse que é também socorrido para quem pensa diferentemente dele, quando acha que o ex-presidente tentou ser protagonista da história brasileira, ao tentar ser o paladino que consertaria o país mais esculhambado da face da Terra.

Acontece que o ex-presidente falhou grosseiramente, porque ele não teve preparo nem competência suficientes para enfrentar as feras, peso pesado, do Judiciário, a partir da sua disposição de colocar em jogo, nada mais, nada menos, o poder, que seria um processo normal caso ele não fosse incipiente e amador diante da cátedra demonstrada pelos lobos selvagens do sistema opositor, que o seduziram para a disputa e o envolveram em verdadeiras emboscadas, notadamente em torno apenas do sistema eleitoral, que serviu especialmente como armadilha para que o ex-presidente cada passo dado fornecesse os elementos necessários para o seu afastamento do poder.

Vejam que essa disputa ingênua e inglória permitiu a descondenação do pior criminoso da história brasileira, permitindo a habitação dele para se candidatar ao cargo máximo do país.

Há enorme dúvida se a corte suprema brasileira teria anulado, sem o mínimo amparo constitucional nem legal, as condenações de prisão de político que se envolveu com as mais graves roubalheiras que se tem conhecimento na face da Terra, se não tivesse motivo maior do que a disputa pelo poder?

Além dessa questão central, é preciso se notar que o ex-presidente conseguiu construir legado extremamente desfavorável à sua imagem, que teve como resultado a potencialização da rejeição popular, por conta do seu notório negacionismo à pandemia do coronavírus, em que ele também se opôs à compra das vacinas, bem assim da vacinação em si, tendo ele alertado, ma ocasião, pasmem, quem tomar a vacina pode virar jacaré!

Também é fato que ele contrariava, com a cara dura, as orientações do próprio governo, tanto que não tomou a vacina e sempre foi contra o isolamento social.

O deputado se esqueceu de dizer que a competente Operação Lava-Jato foi extinta no governo dele, no embalo das investigações sobre irregularidades pertinentes aos desvios de dinheiro da verba de gabinete, fato este conhecido pelo escândalo dos “puxadinhos”, envolvendo filhos dele.

O parlamentar também deixou de mencionar que o ex-presidente foi terrivelmente crítico da “velha política”, que tinha por mira justamente o Centrão, o mais vergonhoso grupo político aderente ao nefasta fisiologismo, na vida pública, tendo prometido jamais se envolver com esse seboso e enlameado aglomerado de políticos sem caráter.

Ainda no primeiro ano de governo, pasmem, o Centrão já estava no “colo” do Palácio do Planalto, juntamente com o presidente, que passou, acreditem quem quiser, a controlar o Orçamento da União, e, para o reforço da desmoralização e da esculhambação da gestão pública, foi criado no governo de quem desaprovava os métodos pútridos do Centrão, o nefasto orçamento secreto, que teve e ainda tem a finalidade de comprar a consciência de parlamentar para votar a favor dos projetos do governo.

Como cereja do bolo da vergonha, o então presidente do país se filiou ao principal partido do Centrão, o PL, sob o argumento de que ele foi centrista desde criancinha.

Aqui também importa citar que alguém por mais incompetente que fosse, que nem precisava ter sensibilidade, compreenderia que, nas circunstâncias, com a oposição de sigilo às operacionalizações das urnas eletrônicas, e especialmente com a negação da transparência dos atos inerentes ao sistema eleitoral, em contrariedade ao disposto no artigo 37 da Constituição, não havia a menor dúvida em se implantar a intervenção militar, nos termos do artigo 142 da Carta Magna, como forma de se garantir a lei e a ordem.

É lamentável que, por exclusiva conveniência política, os seguidores do ex-presidente do país somente conseguem enxergar as ações e os fatos que satisfazem aos seus interesses, exatamente porque isso tem o condão de sensibilizar os incautos fanáticos, que terminam achando que ele foi a maior vítima da história brasileira.

Não obstante, é preciso se notar que há fatos capazes de provar que p ex-presidente poderia ter sido reeleito se tivesse o mínimo de competência e eficiência ínsito do verdadeiro estadista, em especial jamais ter entrado de peito aberto na inútil disputa pelo poder, no momento exato quando ele já era o próprio poder.

Como se vê, nas circunstâncias, havia necessidade apenas de serem ignoradas quaisquer provocações, acusações e insinuações desrespeitosas ao governo ou ao então presidente do país, porque ele era superior a tudo e a todos, inclusive ao perverso sistema que o mandou para casa, evidentemente contra a vontade dele.

        Brasília, em 8 de agosto de 2023

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