Já faz algum tempo que as manchetes dos jornais
revelavam ao mundo o affaire do ex-presidente da República petista com sua
protegida, então chefe do escritório da Presidência República, em São Paulo.
Segundo se comentavam à época, o rumoroso caso
amoroso acontecia sem que a primeira-dama se importasse, em razão de
conveniência, tanto é que a amante fazia, desenvoltura, as vezes da esposa
legítima nas viagens presidenciais para o exterior, sem que ela nem integrasse
a comitiva oficial, viajando, por 32 vezes, de forma clandestina, ou seja, em
anonimato, com o único objetivo de fazer “companhia” ao então presidente do
país, segundo relato da tripulação e da imprensa.
A servidora em referência se tornou famosa e era
tratada carinhosamente pelos “bajuladores”, por sua aproximação com o
ex-presidente, cuja relação com ele foi capaz de assegurar regalias e até poder
de influência no âmbito do governo, onde conseguia aprovação de nomes para a direção
de Agências Controladoras e outras vantagens na administração.
Fala-se ainda que, à vista da sua intimidade com o
então presidente do país, na qualidade de segunda-dama, ela era muito
respeitada e temida por sua rispidez, embora não passasse de mera badalada amante
da corte.
Em novembro de 2012, a concubina caiu nas malhas da
Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, que investigava a venda de pareceres
técnicos para a liberação de obras favorecendo empresas privadas, sendo imediatamente
exonerada do importante cargo e se encontra respondendo a processo.
A então segunda-dama da República volta a ser
motivo de notícia explosiva nas páginas policiais, depois que o proprietário da
construtora OAS, em delação premiada na Operação Lava-Jato, informou aos
investigadores da força-tarefa que foi obrigado a “alcançar”, mensalmente, a
quantia de R$ 50 mil para a “melhor” amiga do ex-presidente, em seguida ao
estouro do affaire, que ensejou a presidente da República a enxotá-la do
escritório presidencial de São Paulo.
A notícia acrescenta que o pedido de “acolhimento”
do petista não se restringiu à sua “melhor
confidente”, porque o empreiteiro foi compelido a empregar o “sócio do
presidente”, no negócio marital, ou seja, o legítimo marido da segunda-dama.
Por sua vez, espera-se que a explosiva revelação da
mesada em apreço ajude a se tornar transparente a rumorosa denúncia abafada no
Brasil de que a concubina teria transportado, no avião presidencial, para
Portugal, expressiva quantia de dinheiro, com origem duvidosa, para depósito no
Banco Espírito Santo daquele país, cujo episódio foi noticiado em Portugal e a
amante do ex-presidente figura como pessoa central.
O
país tem preito de enorme gratidão aos empresários que, mesmo por conveniência
pessoal e empresarial, estão revelando a podridão ínsita dos homens públicos
que ainda enchem o peito para se vangloriar de ser o mais puro e honesto do
país.
Ainda
bem que a máscara do ex-presidente foi melancolicamente ao chão, porque os
fatos falam muito mais alto e mostram a sujeira que rola nos bastidores, que é
normalmente acobertada pelo “mau-caratismo” que felizmente somente subsiste até
a revelação da verdade.
Cada
dia, nova história cabeluda eclode e põe no olho do furacão o principal
político do Brasil, que se diz o mais honesto entre todos, mas esse episódio de
se pagar mesada à amante, com dinheiro de empreiteira, se confirmado,
representa inominável indignidade protagonizada por pessoa pública que deveria,
ao contrário, ser exemplo de dignidade, moralidade e honestidade.
O
caso em comento é bem representativo da decrepitude política e se torna ainda
mais emblemático porque o executivo declara peremptoriamente que foi obrigado a
"alcançar" valor mensal bastante significativa para a amante do
ex-presidente, evidentemente sob pena de sofrer alguma forma de penalidade,
como deixar de ser contratado pelo governo, ou seja, o petista usava a máquina
pública para fins pessoais.
Os
fatos deprimentes vindos à lume já não mais surpreendem, mas têm o inevitável peso
de macular a imagem do envolvido, que precisa ser eliminado da vida pública,
como forma de moralização das atividades políticas, uma vez que o seu péssimo
exemplo do mau uso do poder, para a realização de interesses pessoais, conforme
noticia a reportagem, não condiz com os princípios da dignidade e da nobreza
que devem prevalecer nas atividades político-partidárias.
Os
brasileiros precisam comemorar os novos tempos em os políticos endeusados, em
razão da indevida e abusiva exploração populista, estão sendo inapelavelmente desmascarados
por seus atos ilícitos e indignos, que jamais seriam revelados não fossem as
investigações da competente força-tarefa da Operação Lava-Jato, que vem
mostrando a verdadeira face das sujeiras escondidas nos porões da República,
que operavam em benefício de casta dominadora do poder e ainda se passava pelo
suprassumo da honestidade, quando, na verdade, seus hábitos estavam revestidos
da pior imundície humana, conforme retrata com fidelidade o episódio em comento.
Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 07 de junho de 2016
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