As
notícias vindas da Venezuela dão conta de que o país foi tragado pela completa
degeneração administrativa, em que a população foi obrigada a conviver com
situações desesperadoras do desabastecimento dos produtos de primeira
necessidade.
Têm
sido normais as imagens de longas filas para comprar de tudo, inclusive até do pãozinho
e de outros alimentos básicos, onde também é comum a padaria e os pontos de
venda ficarem às escuras, em razão dos apagões de energia, cujo quadro dantesco
é um dos retratos das graves crises política e econômica que atingem a
Venezuela e levou o presidente do país a decretar estado de “emergência
econômica”, que é situação excepcional de governança.
Conforme
pesquisas realizadas por Datanálisis, a escassez de produtos básicos em
Caracas, a capital e cidades mais bem abastecidas, é de 82,8%, em 2016, ou
seja, os produtos ao alcance da população pouco passam de 17% das suas
necessidades básicas.
Um
analista econômico e cientista político disse que “O desabastecimento é a ponta do iceberg. Ele é o que aparenta de uma
enorme desorganização econômica e industrial. O governo desorganizou as
empresas que até então moviam a economia voltada para o mercado interno”.
A
grave crise que se agravou na metade do atual governo tive origem nas políticas
adotadas na gestão anterior, que eram sustentadas pelo alto preço do petróleo,
que simplesmente despencaram.
Outro
analista econômico disse que “As receitas
do Estado vêm quase 100% do petróleo. No chavismo houve uma bonança porque o
preço estava elevado, mas começou a cair nos últimos anos. Como o dinheiro não
entrou, os gastos aumentaram. Além
disso tem a grande interferência do Estado na economia, que desincentivou a
atividade dos empresários”.
Na
verdade, o colapso econômico tem como principal causa a diminuição dos recursos
que vinham do petróleo, que teve queda vertiginosa de seus preços, ficando o
governo obrigado a manter seus programas socialistas no mesmo patamar dos bons
tempos quando entravam o dinheiro da venda do ouro negro, ou seja, o governo é
obrigado a apelar para o desequilíbrio fiscal para manter as políticas sociais,
com a continuação dos patrocínios das políticas de repasse sem nenhum
equilíbrio para a sua manutenção.
O
quadro das crises é piorado em razão da alta dependência da importação e da
falta de orçamento para bancá-la e esse desequilíbrio implica na escassez de
produtos básicos nos supermercados, farmácias e hospitais, tendo como
consequência a formação de grandes filas para a compra de tudo, sendo que algumas
são formadas antes do amanhecer.
A
situação piora cada vez mais com a elevação dos preços dos produtos, justamente
em razão da escassez, que tem o peso de contribuir para turbinar a inflação,
que atingiu o patamar de 180,9% em 2015, mas o FMI prevê aumento de preços de
700%, no fim deste ano.
A
situação do país se complica ainda mais com o aumento da violência, a
desindustrialização, a falta de água e o enfrentamento de apagões diários de
quatro horas, fazendo com que tudo se torne verdadeiro caos para a vida dos
venezuelanos.
Por
sua vez, a falta de remédios nas farmácias e nos hospitais dificulta o
atendimento dos doentes, que padecem diante da inexistência de medicamentos e
produtos básicos de higiene, a exemplo do caso de uma criança que não suportou
a falta de antibiótico para câncer, tendo morrido e sua situação foi transformada
em símbolo da “crise humanitária”, causada pela incompetência do governo.
A escassez de produtos e as extensas filas deram origem a
novos “negócios”, que consistem na revenda de produtos com preços até cinco
vezes maiores, tendo a participação de pessoas que se especializaram em
participar de filas para comprar alimentos e vendê-los a outras pessoas.
Diante
dos fatos lamentáveis que estão ocorrendo na Venezuela, é bastante provável que, naquele país, se aplique, com
propriedade, o famoso provérbio popular segundo o qual o povo tem o governo que
merece, considerando que foi o povo que colocou no governo pessoa que tem
demonstrado total irracionalidade e incivilidade contra a própria população,
que vem pagando preço altíssimo pelas políticas desastradas do governo, à vista
da sua retumbante incompetência, principalmente da drástica restrição de
produtos essenciais de sobrevivência do ser humano, como alimentos e remédios,
em verdadeira imposição de crise humanitária sem precedente, porém em nome da
absurda e desgraçada Revolução Bolivariana.
Os
brasileiros precisam ficar atentos para os fatos lastimáveis que ocorrem na
Venezuela, diante da forte simpatia da presidente da República brasileira,
temporariamente afastada, e de seu partido pelas tresloucadas ideias
disseminadas pela Revolução Bolivariana, que foram capazes de destruir aquele
país e de impingir ao seu povo forte humilhação, pelo desabastecimento de
produtos essenciais à sua sobrevivência. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 12 de junho de 2016
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