domingo, 12 de junho de 2016

A irracionalidade da Revolução Bolivariana


As notícias vindas da Venezuela dão conta de que o país foi tragado pela completa degeneração administrativa, em que a população foi obrigada a conviver com situações desesperadoras do desabastecimento dos produtos de primeira necessidade.
Têm sido normais as imagens de longas filas para comprar de tudo, inclusive até do pãozinho e de outros alimentos básicos, onde também é comum a padaria e os pontos de venda ficarem às escuras, em razão dos apagões de energia, cujo quadro dantesco é um dos retratos das graves crises política e econômica que atingem a Venezuela e levou o presidente do país a decretar estado de “emergência econômica”, que é situação excepcional de governança.
Conforme pesquisas realizadas por Datanálisis, a escassez de produtos básicos em Caracas, a capital e cidades mais bem abastecidas, é de 82,8%, em 2016, ou seja, os produtos ao alcance da população pouco passam de 17% das suas necessidades básicas.         
Um analista econômico e cientista político disse que “O desabastecimento é a ponta do iceberg. Ele é o que aparenta de uma enorme desorganização econômica e industrial. O governo desorganizou as empresas que até então moviam a economia voltada para o mercado interno”.
A grave crise que se agravou na metade do atual governo tive origem nas políticas adotadas na gestão anterior, que eram sustentadas pelo alto preço do petróleo, que simplesmente despencaram.
Outro analista econômico disse que “As receitas do Estado vêm quase 100% do petróleo. No chavismo houve uma bonança porque o preço estava elevado, mas começou a cair nos últimos anos. Como o dinheiro não entrou, os gastos aumentaram. Além disso tem a grande interferência do Estado na economia, que desincentivou a atividade dos empresários”.
Na verdade, o colapso econômico tem como principal causa a diminuição dos recursos que vinham do petróleo, que teve queda vertiginosa de seus preços, ficando o governo obrigado a manter seus programas socialistas no mesmo patamar dos bons tempos quando entravam o dinheiro da venda do ouro negro, ou seja, o governo é obrigado a apelar para o desequilíbrio fiscal para manter as políticas sociais, com a continuação dos patrocínios das políticas de repasse sem nenhum equilíbrio para a sua manutenção.
O quadro das crises é piorado em razão da alta dependência da importação e da falta de orçamento para bancá-la e esse desequilíbrio implica na escassez de produtos básicos nos supermercados, farmácias e hospitais, tendo como consequência a formação de grandes filas para a compra de tudo, sendo que algumas são formadas antes do amanhecer.
A situação piora cada vez mais com a elevação dos preços dos produtos, justamente em razão da escassez, que tem o peso de contribuir para turbinar a inflação, que atingiu o patamar de 180,9% em 2015, mas o FMI prevê aumento de preços de 700%, no fim deste ano.
A situação do país se complica ainda mais com o aumento da violência, a desindustrialização, a falta de água e o enfrentamento de apagões diários de quatro horas, fazendo com que tudo se torne verdadeiro caos para a vida dos venezuelanos.
Por sua vez, a falta de remédios nas farmácias e nos hospitais dificulta o atendimento dos doentes, que padecem diante da inexistência de medicamentos e produtos básicos de higiene, a exemplo do caso de uma criança que não suportou a falta de antibiótico para câncer, tendo morrido e sua situação foi transformada em símbolo da “crise humanitária”, causada pela incompetência do governo.
A escassez de produtos e as extensas filas deram origem a novos “negócios”, que consistem na revenda de produtos com preços até cinco vezes maiores, tendo a participação de pessoas que se especializaram em participar de filas para comprar alimentos e vendê-los a outras pessoas.
Diante dos fatos lamentáveis que estão ocorrendo na Venezuela, é bastante  provável que, naquele país, se aplique, com propriedade, o famoso provérbio popular segundo o qual o povo tem o governo que merece, considerando que foi o povo que colocou no governo pessoa que tem demonstrado total irracionalidade e incivilidade contra a própria população, que vem pagando preço altíssimo pelas políticas desastradas do governo, à vista da sua retumbante incompetência, principalmente da drástica restrição de produtos essenciais de sobrevivência do ser humano, como alimentos e remédios, em verdadeira imposição de crise humanitária sem precedente, porém em nome da absurda e desgraçada Revolução Bolivariana.
Os brasileiros precisam ficar atentos para os fatos lastimáveis que ocorrem na Venezuela, diante da forte simpatia da presidente da República brasileira, temporariamente afastada, e de seu partido pelas tresloucadas ideias disseminadas pela Revolução Bolivariana, que foram capazes de destruir aquele país e de impingir ao seu povo forte humilhação, pelo desabastecimento de produtos essenciais à sua sobrevivência. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de junho de 2016

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