A poucos dias do início da Olimpíada no Rio de Janeiro, aquela cidade registra
crescimento vertiginoso de violência nas principais localidades turísticas, em
que pese a nobreza e a imponência dos bairros onde a criminalidade impera com
tranquila desenvoltura, entre os quais figuram Copacabana, Ipanema e Leblon.
A
incidência da criminalidade nessas regiões teve aumento de quase 100%, em
comparação com períodos idênticos, havendo expressivos registros de mil, dois
mil casos em apenas três meses, fato que mostra quase a inexistência da segurança
pública e o abandono da população, que fica à mercê da bandidagem.
Em
pouco mais de um mês, houve, nos referidos bairros, registros de
aproximadamente 1.900 furtos, demonstrando que o policiamento não consegue dar
conta da demanda dos casos de violência, ensejando a triste ilação de que os
turistas que vierem para a Olimpíada correm seríssimo risco de se defrontar com
a indesejada e contumácia presença de ladrões, a lhes darem más notícias.
Um
turista disse que "Venho ao Rio
desde 1976 e nunca vi Copacabana tão perigosa. Antigamente, a gente podia andar
livremente pelo calçadão. Hoje a situação é outra. A cada ano que passa eu me
sinto mais inseguro".
Segundo
moradores, turistas e policiais militares, a maior incidência dos furtos ocorre
na beira da praia, no calçadão e na proximidade do hotel Copacabana Palace, na
avenida Nossa Senhora de Copacabana, mostrando a fragilidade da segurança
pública em local nobre, em pleno abandono.
As
abordagens em grupo por parte de menores de idade se tornaram frequentes no
bairro e são praticamente inevitáveis, porque eles se deslocam em bandos e
visam principalmente objetos como correntes, relógios e aparelhos eletrônicos,
deixando em pânico não somente as vítimas, mas todo pessoal presente nos locais
dos acontecimentos.
Um
morador de Copacabana disse que "Quando
chega o fim do ano, é sempre mais constante. Todo mundo fala dos grandes
arrastões na praia, mas é comum ver por aqui os pequenos arrastões de rua. São
'pivetes' que circulam por aí sempre em grupo. Parecem que são treinados na
escolinha do Usain Bolt", em referência ao atleta jamaicano, maior
velocista de todos os tempos.
Ele
disse que "Eles puxam a corrente,
pegam relógio, máquina fotográfica e saem correndo. Outro dia eu vi um policial
correndo atrás de um pivete, mas enquanto o PM estava aqui em Copacabana, o
'moleque' já estava lá no Arpoador. Eles correm muito”.
Um
cientista político afirmou que há carência no policiamento ostensivo, em razão
da atenção da segurança pública para a repressão ao tráfico de drogas,
porquanto "A UPP é um projeto
importante. Ninguém discute isso. Mas não adianta direcionar a atenção
exclusivamente para a favela. Com isso, diminui-se o policiamento ostensivo, e
isso ocorre exatamente no momento em que o fluxo de turistas é cada vez maior. Cria-se um ambiente extremamente desfavorável a essa pequena criminalidade. O
problema está nos acessos e nas ruas de dentro. Na zona sul, por exemplo, você
tem a polícia no calçadão. Na praia. Mas você pode ter mil pequenos arrastões
que nunca vão ter a mesma atenção da imprensa e do Estado. São bandos de jovens
que atacam uma determinada vítima considerada mais frágil. Às vezes não estão
nem armados".
É
indiscutível que os turistas e a população das metrópoles estão sofrendo com a
violência desenfreada, que amedronta com suas perversidade e agressividade,
tanto pelo furto de objetos valiosos como pelas sequelas deixadas pelos atos
atrozes e desumanos.
Chega
a ser ridícula e até irresponsável a afirmação por autoridades incumbidas da
segurança pública de que é notório e do conhecimento público que, nas
metrópoles mundiais, também há constantes registros de furtos e roubos de
turistas, como a tentar, de forma bisonha, justificar a incapacidade e a
incompetência do combate contra a criminalidade nos grandes centros brasileiros,
principalmente no Rio de Janeiro, que sediará importante evento mundial, que
precisa se preparar para que o vexame seja, ao menos, minimizado.
Não
há a menor dúvida de que os turistas da Olimpíada serão certamente incomodados
com a trágica e inevitável recepção dos ladrões, com a extrema qualificação e o
devido preparo para assaltos, espancamentos, arrancos de seus pertences e
outras violências indesejáveis e aterrorizantes, que já têm a marca da
crueldade da bandidagem carioca e a inépcia e a incapacidade do policiamento, que
apenas se especializa na incansável arte de registrar boletins de ocorrência da
assombrosa violência, que se banaliza e se alastra nos bairros nobres, ante a
visível incapacidade para combatê-la.
Convém
que as autoridades brasileiras tenham sensibilidade para arregimentar aparatos
policiais e de segurança por todo tempo e crescente e não somente por ocasião
da Olimpíada, como forma de mostrar pseudo segurança, como se tudo estivesse às
mil maravilhas, quando a violência é marcante sempre e deixa sequela de
crueldade que precisa ser exterminada da vida não apenas dos cariocas, mas
também dos demais brasileiros, que pagam elevadíssimos tributos para merecer a
paz, tranquilidade, ordem e segurança públicas.
O governo
precisa, com a devida urgência, pensar e agir não somente na proteção dos
turistas da Olimpíada, mas em especial da segurança pública dos brasileiros, em
forma de políticas públicas com a maior prioridade de investimentos no aumento
da quantidade de policiamento, na preparação e qualificação do pessoal e no
aumento e na melhoria dos equipamentos de combate à criminalidade, tendo em
conta a proteção e a preservação da vida e a integridade do patrimônio da
população. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de junho de 2016
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