sábado, 11 de junho de 2016

O lado explosivo da Olimpíada


A poucos dias do início da Olimpíada no Rio de Janeiro, aquela cidade registra crescimento vertiginoso de violência nas principais localidades turísticas, em que pese a nobreza e a imponência dos bairros onde a criminalidade impera com tranquila desenvoltura, entre os quais figuram Copacabana, Ipanema e Leblon.
A incidência da criminalidade nessas regiões teve aumento de quase 100%, em comparação com períodos idênticos, havendo expressivos registros de mil, dois mil casos em apenas três meses, fato que mostra quase a inexistência da segurança pública e o abandono da população, que fica à mercê da bandidagem.
Em pouco mais de um mês, houve, nos referidos bairros, registros de aproximadamente 1.900 furtos, demonstrando que o policiamento não consegue dar conta da demanda dos casos de violência, ensejando a triste ilação de que os turistas que vierem para a Olimpíada correm seríssimo risco de se defrontar com a indesejada e contumácia presença de ladrões, a lhes darem más notícias.
Um turista disse que "Venho ao Rio desde 1976 e nunca vi Copacabana tão perigosa. Antigamente, a gente podia andar livremente pelo calçadão. Hoje a situação é outra. A cada ano que passa eu me sinto mais inseguro".
Segundo moradores, turistas e policiais militares, a maior incidência dos furtos ocorre na beira da praia, no calçadão e na proximidade do hotel Copacabana Palace, na avenida Nossa Senhora de Copacabana, mostrando a fragilidade da segurança pública em local nobre, em pleno abandono.
As abordagens em grupo por parte de menores de idade se tornaram frequentes no bairro e são praticamente inevitáveis, porque eles se deslocam em bandos e visam principalmente objetos como correntes, relógios e aparelhos eletrônicos, deixando em pânico não somente as vítimas, mas todo pessoal presente nos locais dos acontecimentos.
Um morador de Copacabana disse que "Quando chega o fim do ano, é sempre mais constante. Todo mundo fala dos grandes arrastões na praia, mas é comum ver por aqui os pequenos arrastões de rua. São 'pivetes' que circulam por aí sempre em grupo. Parecem que são treinados na escolinha do Usain Bolt", em referência ao atleta jamaicano, maior velocista de todos os tempos.
Ele disse que "Eles puxam a corrente, pegam relógio, máquina fotográfica e saem correndo. Outro dia eu vi um policial correndo atrás de um pivete, mas enquanto o PM estava aqui em Copacabana, o 'moleque' já estava lá no Arpoador. Eles correm muito”.
Um cientista político afirmou que há carência no policiamento ostensivo, em razão da atenção da segurança pública para a repressão ao tráfico de drogas, porquanto "A UPP é um projeto importante. Ninguém discute isso. Mas não adianta direcionar a atenção exclusivamente para a favela. Com isso, diminui-se o policiamento ostensivo, e isso ocorre exatamente no momento em que o fluxo de turistas é cada vez maior. Cria-se um ambiente extremamente desfavorável a essa pequena criminalidade. O problema está nos acessos e nas ruas de dentro. Na zona sul, por exemplo, você tem a polícia no calçadão. Na praia. Mas você pode ter mil pequenos arrastões que nunca vão ter a mesma atenção da imprensa e do Estado. São bandos de jovens que atacam uma determinada vítima considerada mais frágil. Às vezes não estão nem armados".
É indiscutível que os turistas e a população das metrópoles estão sofrendo com a violência desenfreada, que amedronta com suas perversidade e agressividade, tanto pelo furto de objetos valiosos como pelas sequelas deixadas pelos atos atrozes e desumanos.
Chega a ser ridícula e até irresponsável a afirmação por autoridades incumbidas da segurança pública de que é notório e do conhecimento público que, nas metrópoles mundiais, também há constantes registros de furtos e roubos de turistas, como a tentar, de forma bisonha, justificar a incapacidade e a incompetência do combate contra a criminalidade nos grandes centros brasileiros, principalmente no Rio de Janeiro, que sediará importante evento mundial, que precisa se preparar para que o vexame seja, ao menos, minimizado.
Não há a menor dúvida de que os turistas da Olimpíada serão certamente incomodados com a trágica e inevitável recepção dos ladrões, com a extrema qualificação e o devido preparo para assaltos, espancamentos, arrancos de seus pertences e outras violências indesejáveis e aterrorizantes, que já têm a marca da crueldade da bandidagem carioca e a inépcia e a incapacidade do policiamento, que apenas se especializa na incansável arte de registrar boletins de ocorrência da assombrosa violência, que se banaliza e se alastra nos bairros nobres, ante a visível incapacidade para combatê-la.
Convém que as autoridades brasileiras tenham sensibilidade para arregimentar aparatos policiais e de segurança por todo tempo e crescente e não somente por ocasião da Olimpíada, como forma de mostrar pseudo segurança, como se tudo estivesse às mil maravilhas, quando a violência é marcante sempre e deixa sequela de crueldade que precisa ser exterminada da vida não apenas dos cariocas, mas também dos demais brasileiros, que pagam elevadíssimos tributos para merecer a paz, tranquilidade, ordem e segurança públicas.
O governo precisa, com a devida urgência, pensar e agir não somente na proteção dos turistas da Olimpíada, mas em especial da segurança pública dos brasileiros, em forma de políticas públicas com a maior prioridade de investimentos no aumento da quantidade de policiamento, na preparação e qualificação do pessoal e no aumento e na melhoria dos equipamentos de combate à criminalidade, tendo em conta a proteção e a preservação da vida e a integridade do patrimônio da população. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de junho de 2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário