A presidente da República afastada, em entrevista concedida
a programa da RedeTV, discorreu sobre os últimos acontecimentos da política
brasileira, afirmando que se encontra “tranquila” e lutará para voltar ao
poder, tendo aproveitado o ensejo para tecer críticas ao governo interino.
Ela disse que o seu sucessor adotou medidas que “desmantelaram o Estado. Não dá para acabar com o Ministério de
Ciência, Tecnologia e Inovação. O futuro do nosso país depende da ciência, da
tecnologia e da inovação (…). Não é assim
que se dirige um Estado. Reduzindo ministérios. A economia é mínima, isso se
houver economia, se não ficar mais caro”.
A petista disse que, se voltar ao governo, a
reforma política terá prioridade, tendo reafirmado ser “... imprescindível que o meu mandato seja restabelecido, mas não acho
que só isso resolva as questões. Acho que o Brasil vai ter que repactuar a
política. Não abro mão do fim desse processo fraudulento de impeachment”.
Ela considera que houve golpe no seu afastamento,
tendo explicado assim: “Dizem que não é
golpe porque as instituições estão funcionando. Há hoje, no mundo, outra
compreensão a respeito dos tipos de golpe existentes. O golpe militar afastava
o presidente, mas ao mesmo tempo destruía o regime democrático, acabava com o
direito de imprensa, acabava com a liberdade de opinião. O golpe no momento
atual usa de outro método, ele quebra a legalidade, quebra a Constituição, e
tenta manter o regime democrático”.
A petista deixou claro que lutará para retomar o
poder e irá “até as últimas consequências
para defender não o meu mandato, mas, sim, as instituições”.
A presidente foi enfática em reconhecer que “Meu maior erro foi ter feito uma aliança com
quem eu não devia”.
A petista defendeu a volta da CPMF, como forma de “obtenção de recurso de receita (cic)”,
embora ela tivesse afirmado, em 1º/09/2010, que “Não penso em recriar a CPMF, porque eu acredito que não seria correto”.
Na verdade, a criação de tributos, com a carga
tributária já nas alturas, não passa de total insensatez e mediocridade
administrativa, por parte de quem não tem capacidade para a racionalização e o aperfeiçoamento
das estruturas do Estado, principalmente por meio do enxugamento das despesas
desnecessárias, a exemplo da gestão petista, que nunca promoveu qualquer
reforma administrativa para valer, com vistas à economicidade.
Causa perplexidade que a petista tenha reconhecido
que seu maior erro foram as alianças ruins e sabidamente espúrias, porque
firmadas sob o manto das conveniências políticas, em cristalino detrimento da
boa e saudável causa dos brasileiros, quando, na verdade, seu pior erro foi ter
protagonizado a tragédia da sua maléfica gestão, cujo resultado são as crises
da maior gravidade e nunca vistas na história da República, o que recomendaria
que ela não lutasse senão para deixar, em definitivo, o poder, por ter sido
bastante maltratado por sua gestão deletéria.
As
palavras da presidente afastada se perdem no vácuo da insensatez com que ela
comandou os negócios que deveriam ser do país, mas a sua gestão esteve muito
focada no fortalecimento da classe política dominante, como se o patrimônio do
Brasil pertencesse ao seu partido, cuja gestão cuidou também de privilegiar
alianças que contribuíram para aparelhar, por exemplo, a Petrobras, com a
finalidade de desviar recursos da estatal para os cofres de partidos políticos,
entre os quais o PT, PMDB e PP, que tiveram a companhia deletéria de
importantes políticos e executivos de altos escalões, conforme mostram as
investigações da Operação Lava-Jato.
Neste
momento em que os fatos falam mais alto e mostram a verdadeira face do governo
que é exemplo de mediocridade administrativa, em todos os sentidos, conforme
mostram os indicadores, em especial econômicos, fica difícil se acreditar nas
palavras da petista que tem a marca indelével da pior presidente da história da
República.
Parece
vã a sua defesa de retorno ao poder, porque ela se afastou dele deixando o
perverso e cruel registro de mais de onze milhões de pais de família
desempregados, desesperados à procura de empregos que foram mandados para o
espaço sideral, graças às desastradas políticas econômicas que resultaram na
mais grave recessão econômica, que tem como consequência tanto os alarmantes
desempregos como a inexistência de investimentos público e privado,
contribuindo para o país parar de produzir e de consumir, além da redução de
créditos e arrecadação, entre muitas dificuldades para a retomada do
crescimento.
É
muito difícil se acreditar nas palavras da presidente, por ela não ter a
humildade de assumir seus graves erros na administração do país, preferindo
atribuir seu fracasso às alianças erradas, que funcionavam maravilhosamente
enquanto davam sustentação ao seu governo, tanto que o vice-presidente foi
opção de indispensável governabilidade, que deixou de ser útil depois do
afastamento da tão promissora aliança, ou seja, a coalizão somente foi válida e
prestigiada enquanto teve serventia para dar sustentação aos objetivos do
governo no sentido de se manter no poder, não importando os meios utilizados
nas espúrias alianças, que foram mantidas sobretudo por meio do escandaloso
fisiologismo, comumente conhecido pelo vergonhoso "toma lá, dá cá",
em que o loteamento de ministérios e empresas estatais era a moeda de troca por
apoio político no Congresso Nacional, para aprovação dos projetos do governo.
Não
tem como acreditar na palavra de quem não promoveu, mesmo que minimamente,
depois de mais de cinco anos no poder, reforma das estruturas do Estado, que
funcionou às duras penas entranhado no cipoal de mazelas e precariedades
próprias das organizações e conjunturas envoltas no arcaísmo e obsoletismo
contrários ao aperfeiçoamento e à modernidade da administração eficiente, eficaz
e revestida do vanguardismo indispensável aos bons ares de desenvolvimento,
notadamente na qualidade de país com as potencialidades econômicas do Brasil,
que perdeu excelentes oportunidades para crescer juntamente com as nações que
souberam acompanhar a evolução da humanidade, com base nas conquistas
científicas e tecnológicas.
Os
brasileiros precisam se conscientizar sobre os astronômicos e reais prejuízos
causados ao desenvolvimento da nação, por terem acreditado nas promessas
comprovadamente inverossímeis, com viés de absoluto cunho interesseiro, que
visavam à exclusiva satisfação de causas pessoais, como no lamentável e patético
caso da reeleição, que muitos ingênuos acreditaram nas mentiras deslavadas, que
ajudaram a construir o governo comprovadamente incompetente, irresponsavelmente
gastador, à vista do rombo nas contas públicas, com déficit de mais de R$ 170
bilhões, e do registro trágico do desemprego.
Urge
que o Brasil passe por limpeza geral, com mudanças que possibilitem apagar da
sua história a página de horrores e de destruição das instituições e dos
princípios administrativos, bem assim as incompetências, as omissões, as mentiras
e os aproveitadores do Estado, como forma de se buscar a tão ansiada retomada
do caminho do desenvolvimento socioeconômico. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 12 de junho de 2016
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