O
presidente da República interino ordenou que a Força Aérea Brasileira (FAB) mantenha,
em estado permanente, à disposição de uma aeronave para atuar no transporte de
órgãos e tecidos humanos, destinados a transplantes.
Causa
estranheza que a medida somente tenha sido tomada com bastante atraso em razão
de reportagem publicada pelo jornal O
Globo, que versava sobre informação de que não havia aeronave da FAB para o
transporte de emergência de órgãos para um transplante, fato que demonstra, até
então, total descaso das autoridades incumbidas de cuidar da saúde pública, que
apenas agem depois dos estragos causados às vidas humanas, muitas das quais
poderiam ter sido salvas se já houvesse a aeronave disponibilizada para tal
finalidade.
A
publicação relatou a rotina de dificuldades de equipes médicas do país para
viabilizar o transporte aéreo de órgãos e tecidos doados para salvar vidas de
pessoas que aguardam na fila de transplantes.
O
presidente disse que "Assinei um
decreto, que será publicado amanhã (terça), onde se determina à Aeronáutica que se mantenha permanentemente um
avião no solo à disposição para qualquer chamado para transporte desses órgãos.
Ou ainda, se for para transportar aquele paciente para o local onde está o órgão
ou tecido, que assim também se faça".
Os
casos de perdas de órgãos que poderiam salvar vidas já se tornaram frequentes e
as autoridades incumbidas pelos zelo e cuidado da saúde pública simplesmente se
faziam de moucas, ignorando por completo situação de extrema importância, por
se tratar da possibilidade de salvar vidas humanas.
Enquanto
existiam carências de aeronaves para prestar assistência aérea à vida humana,
de forma paradoxal, os céus tupiniquins se encontravam congestionados com o
tráfego de autoridades se deslocando tranquilamente para o ócio de final de
semana nas cidades de suas residências, sem nenhuma preocupação quanto à
calamitosa situação da saúde pública, com vidas sendo perdidas pela omissão e
irresponsabilidade do poder público.
Ante
a constatação da precariedade do atendimento à saúde pública, onde as pessoas
morrem à míngua, enquanto autoridades esbanjas mordomias com recursos públicos,
em total reprovação da realidade de penúria brasileira, o presidente interino poderia
aproveitar o ensejo, como forma de demonstrar sensibilidade para a completa
falta de priorização dos serviços públicos, que compromete seriamente a gestão
pública competente, no sentido de moralizar o uso de aeronaves oficiais,
acabando de vez com a farra dos ministros no final de semana, feita a seu
talante, quando cada qual pega um jatinho, como se fosse propriedade particular,
para apenas se deslocar para suas cidades.
O
presidente interino precisa ser sensato, à luz do princípio patriótica, para
perceber que se trata de uso abusivo do patrimônio público, em forma de
privilégio somente concedido de maneira injustificável a poucos servidores, que
podem perfeitamente, sem o menor sacrifício, se deslocar para onde bem entender
fazendo uso dos voos comerciais, ressalvados os casos onde não têm escalas
regulares, devidamente comprovável.
O
presidente do país poderia fazer uso da racionalidade e do bom senso para
entender que, em pleno século XXI, o uso de aeronaves oficiais não existe nas
nações sérias e desenvolvidas nem mesmo nas republiquetas, onde há imperioso respeito
ao dinheiro dos contribuintes e a sociedade exige austeridade na aplicação dos
recursos públicos.
Urge
que a administração pública brasileira evolua em alta velocidade, para que sejam
possíveis as salutares práticas da racionalização, do aperfeiçoamento e da
modernização da administração pública, de modo que os governantes vislumbrem a
imperiosa necessidade da priorização das políticas governamentais, no sentido
da urgente eliminação das mordomias, dos privilégios, das regalias e dos demais
benefícios absolutamente injustificáveis e dispensáveis, e da implantação de
medidas objetivando a eficiência e a eficácia das ações públicas, como forma da
sua efetividade e economicidade, em exclusivo benefício do interesse público. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 09 de junho de 201
Nenhum comentário:
Postar um comentário