quarta-feira, 22 de junho de 2016

O peso da degenerescência administrativa


Uma ex-correspondente da BBC Mundo em Caracas esteve no seu país, a Venezuela, pela última vez, há quatro anos, tendo feito o seguinte relato sobre a terrível situação dos fatos que acabara de presenciar: “Não caminhe do centro para casa. Nem pense em usar o metrô. Não saia depois das 18h30. Traga tudo que precisar, inclusive sabonete para o banho, já que nem os hotéis cinco estrelas o estão dando. Não marque de almoçar com amigos: todo mundo está duro’.  Pareciam conselhos para quem vai, se não para um front de guerra, ao menos para um local bem distante da sua própria realidade. Mas eu estava indo para meu país.”.
Os fatos começaram a se complicar diante da elevação dos preços, porque não é fácil se comprar qualquer coisa na Venezuela, ante a exigência de muito dinheiro, uma vez que, em 2015, foi contabilizada a inflação oficial de 180% e, segundo o Fundo Monetário Internacional, os preços poderão se elevar à casa dos 700%, neste ano.
Naquele pais, um refrigerante que custava, em 2012, 15 bolívares, agora, o mesmo produto tem o valor de 350, ou seja, o equivalente a R$ 121,00. No Brasil, o preço do refrigerante custa, em média, R$ 6,00.
O país é reconhecido como o que registra a segunda maior taxa de homicídios do mundo, por ter contabilizado, em 2015, 58 mortes em cada 100 mil habitantes, segundo a Promotoria Geral da República, deixando à mostra verdadeira tragédia humanitária, graças ao empobrecimento da população, que, lamentavelmente, tem como alternativa de sobrevivência a criminalidade.
A repórter venezuelana constatou que, para a compra dos produtos básicos, como leite, farinha, macarrão e óleo etc., é preciso entrar nas famigeradas filas, em dias determinados, sob controle do último número do documento de identidade, cuja escassez chega a 82% dos produtos nos estabelecimentos comerciais da capital, segundo o relatório mais recente da consultoria Datanálisis, fato que é motivo das conversas das pessoas sobre os locais onde pode ser comprado determinado produto.
Ela chegou à conclusão que constitui saudável esporte jornalístico sair às ruas para escutar o que as pessoas estão conversando, tendo constatado que o tema central dos assuntos circunscrevia sobre a compra de algo necessário como: "Fulana conseguiu leite"; "Minha mãe achou farinha"; "Um amigo tem um amigo que pode conseguir óleo"; "O açúcar subiu para não sei quanto"; "Não pago o que pedem por um produto que não vale tanto assim", e assim por diante.
A jornalista venezuelana disse que até seria possível continuar escrevendo continuamente sobre as muitas coisas vistas, escutadas e vividas em uma semana na Venezuela, mas é possível que o elemento mais importante sobre os fatos constatados seja o desabastecimento dos alimentos, produtos básicos e medicamentos, que ainda é coadjuvado pelas insegurança, restrições da individualidade e precariedades dos serviços públicos,  cujo conjunto de mazelas sociais pode se transformar em poderoso ingrediente capaz de contribuir verdadeira panela de pressão prestes a explodir, a qualquer momento, por meio de convulsão social que se adensa no dia a dia.
Trata-se de uma nação completamente envolta de graves problemas sociais, que o governo não consegue sinalizar para qual norte ele deverá seguir, a fim encontrar rumo ideal capaz de apaziguar os ânimos da população, que ainda dá mostra de paciência em mobilização apenas em prol de sua sobrevivência, que tem sido cada vez mais dificultada pela escassez de quase tudo.
Os brasileiros precisam evitar o sofrimento e o martírio das longas filas venezuelanas, do desabastecimento de alimentos, produtos essenciais e remédios, da violência, da criminalidade, do desemprego, da insegurança, da falta de competitividade, da incompetência na administração do país, da precariedade na prestação dos serviços públicos, da restrição à individualidade e aos direitos humanos, o desrespeito aos princípios democráticos e todas as mazelas próprias de país completamente destroçado e destruído pela famigerada Revolução Bolivariana, em nome do degradante e retrógrado sistema socialista/comunista implantado naquela nação.
Convém que haja ingente esforço dos brasileiros de bem no sentido de batalhar em defesa do afastamento definitivo da presidente afastada do Palácio do Planalto, porque ela e o seu partido são lídimos simpatizantes da maléfica Revolução Bolivariana, responsável pela tragédia vivenciada pelos venezuelanos, que foram absolutamente incapazes de previamente enxergar o aterrorizante e profundo fosso que separa o país da normalidade democrática, do bem comum e do desenvolvimento socioeconômico. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de junho de 2016

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