Uma
ex-correspondente da BBC Mundo em Caracas esteve no seu país, a Venezuela, pela
última vez, há quatro anos, tendo feito o seguinte relato sobre a terrível
situação dos fatos que acabara de presenciar: “Não caminhe do centro para casa. Nem pense em usar o metrô. Não saia
depois das 18h30. Traga tudo que precisar, inclusive sabonete para o banho, já
que nem os hotéis cinco estrelas o estão dando. Não marque de almoçar com
amigos: todo mundo está duro’. Pareciam conselhos para quem vai, se não
para um front de guerra, ao menos para um local bem distante da sua própria
realidade. Mas eu estava indo para meu país.”.
Os
fatos começaram a se complicar diante da elevação dos preços, porque não é
fácil se comprar qualquer coisa na Venezuela, ante a exigência de muito dinheiro,
uma vez que, em 2015, foi contabilizada a inflação oficial de 180% e, segundo o
Fundo Monetário Internacional, os preços poderão se elevar à casa dos 700%,
neste ano.
Naquele
pais, um refrigerante que custava, em 2012, 15 bolívares, agora, o mesmo
produto tem o valor de 350, ou seja, o equivalente a R$ 121,00. No Brasil, o
preço do refrigerante custa, em média, R$ 6,00.
O
país é reconhecido como o que registra a segunda maior taxa de homicídios do
mundo, por ter contabilizado, em 2015, 58 mortes em cada 100 mil habitantes,
segundo a Promotoria Geral da República, deixando à mostra verdadeira tragédia
humanitária, graças ao empobrecimento da população, que, lamentavelmente, tem
como alternativa de sobrevivência a criminalidade.
A
repórter venezuelana constatou que, para a compra dos produtos básicos, como
leite, farinha, macarrão e óleo etc., é preciso entrar nas famigeradas filas,
em dias determinados, sob controle do último número do documento de identidade,
cuja escassez chega a 82% dos produtos nos estabelecimentos comerciais da
capital, segundo o relatório mais recente da consultoria Datanálisis, fato que
é motivo das conversas das pessoas sobre os locais onde pode ser comprado
determinado produto.
Ela
chegou à conclusão que constitui saudável esporte jornalístico sair às ruas
para escutar o que as pessoas estão conversando, tendo constatado que o tema
central dos assuntos circunscrevia sobre a compra de algo necessário como:
"Fulana conseguiu leite";
"Minha mãe achou farinha";
"Um amigo tem um amigo que pode
conseguir óleo"; "O açúcar
subiu para não sei quanto"; "Não
pago o que pedem por um produto que não vale tanto assim", e assim por
diante.
A
jornalista venezuelana disse que até seria possível continuar escrevendo
continuamente sobre as muitas coisas vistas, escutadas e vividas em uma semana
na Venezuela, mas é possível que o elemento mais importante sobre os fatos
constatados seja o desabastecimento dos alimentos, produtos básicos e
medicamentos, que ainda é coadjuvado pelas insegurança, restrições da
individualidade e precariedades dos serviços públicos, cujo conjunto de mazelas sociais pode se
transformar em poderoso ingrediente capaz de contribuir verdadeira panela de
pressão prestes a explodir, a qualquer momento, por meio de convulsão social
que se adensa no dia a dia.
Trata-se
de uma nação completamente envolta de graves problemas sociais, que o governo
não consegue sinalizar para qual norte ele deverá seguir, a fim encontrar rumo
ideal capaz de apaziguar os ânimos da população, que ainda dá mostra de
paciência em mobilização apenas em prol de sua sobrevivência, que tem sido cada
vez mais dificultada pela escassez de quase tudo.
Os brasileiros precisam evitar o sofrimento e
o martírio das longas filas venezuelanas, do desabastecimento de alimentos,
produtos essenciais e remédios, da violência, da criminalidade, do desemprego,
da insegurança, da falta de competitividade, da incompetência na administração
do país, da precariedade na prestação dos serviços públicos, da restrição à
individualidade e aos direitos humanos, o desrespeito aos princípios democráticos
e todas as mazelas próprias de país completamente destroçado e destruído pela famigerada Revolução Bolivariana, em nome do degradante e retrógrado sistema socialista/comunista implantado naquela nação.
Convém que haja ingente esforço dos
brasileiros de bem no sentido de batalhar em defesa do afastamento definitivo
da presidente afastada do Palácio do Planalto, porque ela e o seu partido são
lídimos simpatizantes da maléfica Revolução Bolivariana, responsável pela
tragédia vivenciada pelos venezuelanos, que foram absolutamente incapazes de
previamente enxergar o aterrorizante e profundo fosso que separa o país da
normalidade democrática, do bem comum e do desenvolvimento socioeconômico. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 22 de junho de 2016
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