quarta-feira, 29 de junho de 2016

A entrega da alma e da vida?



Em passado não muito distante, um ex-tesoureito do PT disse, conforme reportagem da VEJA que “Se eu falar, entrego a alma do PT. E tem mais: o pessoal da CUT me mata assim que eu botar a cara na rua.”.
Não obstante, o citado ex-tesoureiro teve outra conversa reveladora com um de seus companheiros de cárcere, onde expôs a real situação de abandono do superburocrata petista, sentenciado a mais de 24 anos de prisão e com pelo menos outras quatro condenações a caminho, com o que o interlocutor perguntou se ele não vislumbrava a hipótese de tentar acordo de delação com a Justiça.
O ex-tesoureiro, que é tratado por seu temperamento fechado pelo apelido de "Padre", respondeu como se já tivesse estudado muito sobre a questão: "Não posso delatar porque sou um fundador do partido. ...", mas é possível que algo tenha acontecido de muito importante nos últimos dias, porque, depois desse diálogo travado com um petista importante e testemunhado por outros presos, ele não resistiu às próprias convicções e resolveu romper o pacto de silêncio.
Conforme notícia do site da VEJA, o emblemático caixa do PT, o homem que teve profícua atuação nas sombras do partido e que guardou, como ninguém, segredos devastadores, parece ter decidido contar o que sabe, como forma de se beneficiar da delação premiada, evidentemente não impontando para as temíveis consequências.
Como ele se encontra preso desde abril do ano passado e isso vem causando visível corrosão física e psicológica, à vista de relatos feitos por pessoas próximas, ele não tem dúvida de que não há a menor hipótese de escapar impune, porque isso é inexistente na cartilha do juiz de Curitiba, que tem a habilidade de obter a colaboração dos presos com a Justiça, fato que se se constitui no único caminho capaz de livrá-lo de morrer na prisão.
Já se encontram bastante avançadas as negociações em direção à delação do petista, principalmente os pontos reservados que poderiam ser informados, como detalhes envolvendo a última campanha eleitoral, uma vez que ele dispõe de documentos e provas que podem jogar por terra o destino da presidente afastada, bem assim a vida política do ex-presidente, a quem ele sempre foi ligado, por conhecer muito bem a vida e a alma do PT.
A disposição do ex-tesoureiro de delatar o que sabe sobre os podres do PT causou enormes reboliço e surpresa, que foram transformados em incontida preocupação, exatamente porque não se sabe ainda até onde ele pode ir com suas informações, que não podem ser simplesmente superficiais que possa agradar a cúpula petista, porque isso pode não redundar em resultado favorável à sua liberação, uma vez que o objetivo da delação é possibilitar novas investigações, em benefício do aprofundamento das apurações de que trata a Operação Lava-Lato.
Ao que tudo indica, o ex-tesoureiro poderá prestar depoimentos calculados, detonando explosões com efeito controlado para provar a "ilegitimidade" do governo interino, mas também não tem como não atingir a gestão da petista, uma vez que a chapa de ambos é única e os efeitos maléficos são igualmente repartidos, em que eles respondem pelos maus feitos.
É evidente que a delação do ex-tesoureiro do PT pode pôr por terra toda essa reiterada e ridícula estorinha de que os recebimentos de financiamento de campanha foram feitos de forma absolutamente legal, por terem sido, pasmem, registrados na contabilidade e aprovados pela Justiça Eleitoral, embora todos sabem perfeitamente que se trata de dinheiro de origem suja, fraudulenta, por que desviado da Petrobras, fato este que tem o poder de incriminar por completo a campanha petista.
Não fosse a persistência da Operação Lava-Jato, de mantê-lo preso, o ex-tesoureiro jamais seria capaz de fazer delação premiada, porque o seu futuro seria terminar seus dias de vida nas masmorras tupiniquins, apenas vendo o sol nascer quadrado, esperando a visita do bom anjo protetor, porque os demônios de seu partido somente operam “milagres” quando os ares são favoráveis aos seus planos de perenidade no governo.
À toda evidência, a situação do ex-tesoureiro do PT é complicada ao extremo, sobretudo porque a delação é o único caminho que pode poupá-lo da prisão para o resto da vida, mas ele corre o risco sobre a possibilidade de haver o acerto de contas dentro do partido, como já ocorreu com correligionários importantes, a exemplo do ex-prefeito de Santo André, que pode ter tido a vida encurtada quando decidiu contrariar a cúpula petista, segundo tem sido comentado nesse sentido, embora nada provado.
Os brasileiros anseiam por que o ex-tesoureiro do PT seja encorajado a delatar o que sabe sobre a podridão que enlameou a administração pública, para se beneficiar das informações prestadas e munir a Justiça com reveladores elementos, capazes de contribuir para novas e importantíssimas apurações que levem à verdade sobre os fatos que tanto envergonham a nação, porquanto o silêncio somente tem o condão de beneficiar os corruptos e desonestos, que precisam, com urgência, ser desmascarados e pagar por seus gravíssimos pecados com os brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de junho de 2016

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