Diante
de seguidos massacres, senadores norte-americanos sinalizaram disposição para aprovar
restrições à venda de armas após a tragédia na boate em Orlando, com o provável
aval de líderes do partido republicano, que agora estão dispostos a discutir
medidas de controle de armas.
O
certo é que o Partido Republicano e a Associação Nacional do Rifle (NRA, na
sigla em inglês) estão sob forte pressão da sociedade, depois do pior massacre
a tiros na história dos Estados Unidos e precisam atender, com urgência, ao
clamor da sociedade para a discussão de fórmula que minimize a crise aberta com
a liberdade da compra de armas.
O
candidato do partido republicano pretende se encontrar com a NRA para discutir
maneiras de bloquear a compra de armas por pessoas investigadas por terrorismo.
Enquanto
isso, o Senado americano deu início à discussão sobre legislação para abolir a
venda de armas a milhares de pessoas em listas de vigilância, após a
constatação de que o atirador que ceifou a vida de 49 pessoas, em uma boate gay
em Orlando, integrava lista dessa natureza, ou seja, mesmo estando sob
vigilância por órgãos de segurança, o criminoso teve acesso às armas de guerra que
contribuíram para o massacre que poderia ter sido evitado, caso houvesse mais
responsabilidade por parte de autoridades daquele país.
Em
meio ao descrédito, um líder democrata do Senado disse que as anunciadas negociações
"eram pouco mais que uma cortina de
fumaça dos republicanos, que tentavam se dar cobertura política enquanto
continuam a marchar no mesmo ritmo das posições extremas da NRA" e que
não houve propostas republicanas "que
chegassem perto de atrair o apoio democrata", ou seja, apesar da
gravidade da situação que envolve a venda de armas aos americanos, nada indica
que possa haver posição favorável por parte do partido republicano, que,
historicamente, não se sensibiliza para a defesa da causa humanitária.
Há
senadores democratas que defendem que armas de uso militar tenham venda
restrita ou mesmo proibida, principalmente por parte de possíveis terroristas que
são ou deveriam ser monitorados, o que teria evitado o desastre de Orlando,
quando o criminoso portava duas armas, sendo um fuzil AR-15 de uso militar e
uma pistola, ambas compradas livres e, o pior, legalmente.
Com
o sentimento de não ter conseguido evitar os massacres de pessoas inocentes, o
presente norte-americano voltou a criticar a falta de controle de armas, tendo
afirmado que é inadmissível a facilidade ao acesso a elas, tendo afirmado que "Depois que vimos pais chorando a morte de
seus filhos, não tem sentido que um país não faça nada para impedir a próxima
tragédia".
Ele
disse que "Ser duro com o
terrorismo, particularmente com esse tipo de terrorismo interno que vimos agora
em Orlando e San Bernardino, significa tornar mais difícil, o mais rápido
possível, que as pessoas que querem matar americanos tenham em suas mãos armas
de assalto capazes de matar dezenas de inocentes. Como todo pai, fico preocupado com a segurança de minhas filhas o tempo
todo. Especialmente quando vemos violência que pode ser evitada em lugares onde
nossos filhos e filhas vão todos os dias: suas escolas, templos, cinemas,
clubes noturnos, à medida que crescem. É inadmissível que autorizemos um fácil
acesso a armas de guerra nesses locais".
A
resistência à reformulação das normas sobre a liberdade do uso de poderosas
armas de fogo, num país com histórico de violência contra grupo de pessoas, não
passa de brutal incoerência, porquanto é natural que a sociedade acompanhe a
evolução da humanidade, principalmente no sentido de que o Estado precisa atuar
para proteger a vida das pessoas, dificultando ao máximo o uso armas
mortíferas.
Não
basta que o país seja desenvolvido cultural, político, econômico e
democraticamente. É preciso que a sociedade se conscientize de que a plena
liberdade não pode servir de escudo para as selvagerias que destroem vidas
humanas, a exemplo dos constantes massacres contra vidas de pessoas indefesas,
que são dizimadas praticamente com o beneplácito das autoridades, que somente
agora reconhecem a sua maldade.
É
absolutamente inadmissível que seja livre a quem quer que seja a venda de armas
de fogo de grosso calibre, evidentemente sem necessidade do menor controle
quanto à necessidade da exigência, pelo menos, de ficha pregressa e
justificativa que possibilitem se aferir a finalidade do uso de armas tão
poderosos.
Em
que pese o notório avanço da civilidade, parece induvidoso que a sociedade, em
país nenhum, não pode ficar desarmada, diante do vertiginoso crescimento da
criminalidade, evidentemente desde que haja justificativas plausíveis quanto à
necessidade da defesa pessoal ou da sua propriedade, devidamente comprovável,
com embargo da permissividade à venda de armas a quem quiser, sem precisar
justificar absolutamente nada, porque isso não condiz com os princípios
civilizatório e humanitário e muito menos com o país considerado a principal
potência mundial, que se comporta, nesse particular, como verdadeira republiqueta.
Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 20 de junho de 2016
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