Em meio à terrível sequência de recordes diários na
média móvel de casos de Covid-19 e ainda o país se aproximando do patamar de três
mil mortes por dia, pesquisa mostra que mais da metade das pessoas consultadas rejeitam
a gestão do presidente da República, na condução e na liderança das políticas
de combate à pandemia do coronavírus.
A pesquisa Datafolha foi divulgada pelo jornal Folha
de S. Paulo", tendo mostrado que 54% dos consultados avaliam como ruim
ou péssima a atuação presidencial, à frente da crise sanitária.
Em
outro importante resultado colhido na pesquisa, 44% das pessoas ouvidas reprovam
o governo como um todo, tendo subido 4 percentuais, em relação à última
consulta realizada em janeiro.
A avaliação negativa referente à postura do presidente,
no enfrentamento da Covid-19, teve salto de seis pontos percentuais em dois
meses, quando, em janeiro, o índice foi de 48%.
Por seu turno, 22% dos consultados responderam que
a atuação do presidente é ótima ou boa, enquanto 24% afirmam que é regular,
havendo mudança em relação à consulta de janeiro, que foram de 26% e 25%,
respectivamente.
Foi notado que a rejeição ao presidente, por
segmento social, encontra seu ponto mais alto entre as pessoas com ensino
superior, com 65%, enquanto a maior aprovação, de 38%, foi verificada entre os empresários,
em especial porque é o segmento que o presidente busca agradar, ante o seu
esforço em combater as medidas de fechamento do comércio.
Ao serem perguntadas sobre quem é o principal
culpado pela situação atual da crise vivida pelo país, à vista da pandemia, 43%
das pessoas responderam que é o presidente do país; 17% disseram que são os
governadores; e 9% põem culpa nos prefeitos.
Na avaliação geral sobre a administração do país, a
reprovação chega a 44%, mesmo patamar de junho do ano passado, último ponto
antes de uma sequência de queda turbinada pelo pagamento do auxílio
emergencial.
Ao chegar em 32%, em dezembro, o índice de reprovação
voltou a subir até repetir o maior patamar desde o início do governo.
O desempenho do governo é tido como ótimo ou bom
por 30% dos consultados, quando, em janeiro, eram 31%, e como regular por 24%,
um pouco abaixo 26%, há dois meses.
A pesquisa também incluiu o desempenho do Ministério
da Saúde, em especial diante do enfrentamento da pandemia, que foi considerado
ruim ou péssimo por 39% dos consultados, havendo crescimento de nove pontos
percentuais em relação a janeiro, enquanto 32% disseram que a gestão é regular
e 28% entendem que ele é ótimo ou bom.
Segundo o Datafolha, foram ouvidas pelo telefone
2.023 pessoas nos dias 15 e 16 de março, não tendo sido indicada a quantidade
de municípios nem as regiões do país visitadas.
À toda evidência, a quantidade de pessoas
consultadas é pouco representativa para pesquisa que precisaria refletir maior
credibilidade, considerando que pouco mais de duas mil pessoas não podem ter o
peso de pesquisa séria e consistente, ante a importância da informação a ser
prestada à sociedade e à opinião pública.
Não obstante, evidentemente no desprezo desse
aspecto, ou seja, independentemente de pesquisa de avaliação, o desempenho do
presidente e do seu governo é algo que precisa ser escancarado não somente por pouco
mais de duas mil pessoas, mas sim por todos os brasileiros não fanáticos, como
forma de se demonstrar totais tristeza e indignação por desempenho muito aquém
de sofrível, particularmente no que se refere ao fraquíssimo interesse do
governo em combater a pandemia da Covid-19 com a agressividade e intensidade que
ela exige.
Na realidade, deveria haver verdadeira estrutura de
guerra revolucionária para mostrar boa vontade na prevenção e na defesa da saúde
e da vida dos brasileiros, não somente na liberação de recursos, como ele vem
alegando, porque falta o empenho principal, no sentido de haver sentimento de
extremo interesse em combater a doença com a convergência de ideias e sugestões
vindas de todos os setores da sociedade e principalmente dos governos dos
estados e municípios.
Não precisa de muito esforço para sentir que o
presidente do país não demonstra o sentimento de estadista voluntarioso em
apoio incondicional às medidas e às orientações preventivas no combate ao coronavírus,
à vista de suas atitudes negacionistas, sempre reiteradas sem o menor pudor,
quando, nesses casos de calamidade, o homem público nunca pode negar o seu
integral compromisso em defesa da causa do bem comum, em especial estando o país
se debatendo praticamente em vão com a água no pescoço e a saúde e a vida dos
brasileiros estando exposta ao perigo, enquanto o governo encontra-se na maior passividade,
sem mover as forças revolucionárias que o caso mais do que exige, desde de
muito tempo.
Na presente situação de pandemia, conviria que o
governo já tivesse convocado os melhores especialistas em saúde pública e
sanitarismo, para a formação de força-tarefa exclusivamente destinada à busca
de elementos e mecanismos indispensáveis ao agressivo combate à doença que vem
dizimando parcela expressiva dos brasileiros, em tragédia que é absolutamente inaceitável
o comodismo completamente incompatível com a calamidade humanitária.
À toda evidência, não se pode afirmar que o
presidente do país tenha participação nas muitas mortes causadas pela Covid-19,
porque não se tem elementos probantes sobre fato vinculante aos óbitos, mas não
se pode ignorar, diante da cruel realidade, que ele não tenha sido insensível à
gravidade da pandemia, quando ele se expôs perigosamente ao risco da disseminação
do vírus, por meio de incentivo à aglomeração, além de ser refratário ao uso de
máscara.
Os brasileiros não fanatizados ideologicamente
anseiam por que o presidente da República sinta o significado mesmo simbólico da
presente pesquisa, no sentido de compreender que o seu desempenho no governo
precisa ser urgentemente repensado, em especial com vistas ao seu trabalho em
sintonia com o espírito de verdadeiro estadista, que tem por pensamento exclusivamente
a satisfação do interesse público, em defesa das causas da população, precisamente
neste momento da maior gravidade humanitária.
Brasília,
em 18 de março de 2021
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