Um
painel de especialistas da Organização Mundial da Saúde divulgou, neste mês, recomendação
contrária ao uso da hidroxicloroquina como método de prevenção contra a Covid-19,
tendo por base estudos que não mostraram efeito ou eficácia significativo capazes
de se evitar mortes ou internações, mas eles apontaram riscos de efeitos
adversos provocados pela substância.
O
presidente do Brasil, sem base científica, defendeu e continua defendendo o uso
do remédio desde o início da longo e nefasta pandemia, embora várias pesquisas
tenham mostrado que ele não tem eficácia contra o vírus e ainda pode causar graves
efeitos colaterais, com destaque para disritmia irreversível.
A
aludida recomendação é de autoria do Grupo de Desenvolvimento de Diretrizes,
que integra a OMS, cujos cientistas asseguram que a “forte recomendação”
é baseada em evidências de alta certeza obtidas em seis estudos randomizados e
controlados com 6 mil participantes.
A
OMS declarou, em nota à imprensa, que “A evidência de alta certeza mostrou que
a hidroxicloroquina não teve efeito significativo em mortes e admissões em
hospitais, enquanto evidência de certeza moderada mostrou que a
hidroxicloroquina não teve efeito significativo sobre infecções confirmadas em
laboratório e provavelmente aumenta o risco de efeitos adversos”.
A
referida organização disse que o grupo de cientistas considera que a droga não
tem mais prioridade para pesquisa e que os recursos devem ser usados para
avaliar outras drogas mais promissoras na prevenção contra o vírus, tendo
reafirmado, em reforço, que “Essa diretriz se aplica a todos que não têm
covid-19, independentemente da exposição a uma pessoa com a infecção”.
A
recomendação em tela é a primeira versão de diretriz voltada para medicamentos
capazes de prevenir a Covid-19.
A
OMS esclareceu que o seu objetivo primordial é promover orientação confiável
sobre a gestão da Covid-19 e ajudar médicos a tomarem melhores decisões para
seus pacientes, deixando claro que a diretriz poderá ser atualizada diante de
evidências, quando novas recomendações serão acrescentadas quando estudos de
relevância se tornarem disponíveis.
Como
não constitui novidade, a cloroquina e a hidroxicloroquina integram orientação
oficial emitida pelo Ministério da Saúde no ano passado, por ordem do presidente
da República, sob recomendação voltada para casos leves, moderados e graves, ou
seja, para todos os sintomas da doença, tendo apenas por base casos e notícias
esporádicos sobre a cura de pessoas, sem bases seguras como os estudos ora
apresentados por cientistas com a credibilidade da OMS.
Já
neste ano, aplicativo do Ministério da Saúde brasileiro chegou a sugerir os
remédios em causa até para bebês, mas ele foi retirado do ar, logo em seguida.
O
jornal O Estadão informou que algumas prefeituras que receberam do
Ministério da Saúde a doação da hidroxicloroquina, agora querem devolver os
medicamentos, ante a constatação da sua ineficácia.
Não
há a menor dúvida de que o organismo de competência mundial acaba de atestar a
ineficácia do hidroxicloroquina, com base em estudos e testes científicos, sob
os melhores padrões de confiabilidade e credibilidade, evidentemente contando
com o apoio da principal organização mundial, a OMS.
Enquanto
isso, no país tupiniquim, prevalece a determina do Ministério da Saúde no
sentido da aplicação de protocolo do cloroquina, como tratamento precoce, tendo
por base o grito emanado pelo Palácio do Planalto, em contrariedade às orientações
científicas, inclusive sob o risco de causar efeitos colaterais diversos, conforme
o resultado ora apresentado com o pronunciamento final daquela organização.
A
maior tristeza que se tem é a OMS afirmar, à vista de estudos técnico-científicos,
dando total garantia de que a hidroxicloroquina não tem eficácia contra a
Covid-19, enquanto o Ministério da Saúde, sem ter base em coisa alguma, garante
exatamente o contrário, ficando muito claro que o governo se orienta apenas com base no empirismo
tupiniquim, evidentemente sem se desacreditar de uma cura ou outra, mas sem a
certeza da validade desse remédio, senão evitar-se-iam tantas mortes.
Diante
de tantas complicações de doentes graves, como justificar que ainda esteja havendo
milhares de mortes, mesmo havendo o protocolo para o uso do remédio, que
poderia socorrer e salvar vidas?
É
muito triste esse estado permanente de dúvidas, diante da certeza, por parte do
principal órgão responsável pela saúde mundial, de que o remédio não serve para
combater a doença causada pela Covid-19, mas o governo brasileiro mantém a
firme posição de que ele tem eficácia, embora as mortes só aumentem, em escala
descontrolada e assustadora, quando seria o contrário se o remédio servisse
para evitá-las.
O
governo, nesse caso, se tivesse absoluta certeza da eficácia da cloroquina, com
base em qualquer elemento de prova, até mesmo para contestar os exames
realizadas por grupos patrocinados pela OMS, teria obrigação de peticionar à
Justiça que obrigasse aos hospitais a aplicação uniforme do remédio, sob pena
de alguma forma de responsabilização.
Enquanto
isso não acontece, a população padece diante da incompetência para a condução das
políticas da saúde pública, principalmente nesse caso do remédio, que, a meu
juízo, jamais poderia ter recomendação para a sua aplicação, enquanto não se
tivesse absoluta certeza quanto à sua eficácia, porque, se ela realmente existisse,
como explicar esse mar de quase 300 mil mortes, em tão pouco tempo?
É
inacreditável, mas os fatos mostram que há muita falta de seriedade e competência
em relação ao combate à gigantesca crise causada pela temível pandemia, que
cada vez mais foge do controle e o governo permanece atônito, sem condições para
mover uma pena na busca de alternativas, preferindo fazer críticas, fundadas ou
não, enquanto a tragédia representada por muitas mortes continua inabalável, deixando
o rastro de muita perversidade pelas perdas de preciosas vidas.
Pobre
povo brasileiro, que vem demonstrando o tanto de desamor ao próximo, exatamente
por não se revoltar diante da monstruosidade perpetrada impunemente contra a população,
que vem sendo massacrada impiedosamente pela indiscutível incompetência administrativa,
conforme mostram os fatos.
No
pior estado de tragédia humanitária como a que grassa no Brasil, já era para os
brasileiros se revoltarem e soltarem o grito em forma de protestos, mandando
grossos e diretos recados para as autoridades incumbidas da execução das políticas
pertinentes à saúde do povo, com claros sinais de que a população precisa
urgentemente ser tratada como ser humano, não admitindo o pouco caso que já resultou
em quase trezentas mil mortes, fruto certamente das gritantes omissão, incompetência,
irracionalidade e irresponsabilidade, a se permitirem desproporcional
calamidade humanitária, exatamente pela falta de medidas capazes de se evitá-la,
à vista dos fatos do cotidiano.
Brasília, em 24 de março e 2021
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