segunda-feira, 15 de março de 2021

Crime de lesa-humanidade?

 

Diante da catástrofe que grassa na saúde pública, na condução do governo, o Centrão deu ultimatum ao presidente da República para a troca do general que ocupa a pasta da Saúde, sob pena da abertura de CPI da Pandemia, pretendida por congressista.

Imediatamente, ontem, o presidente brasileiro se reuniu, por mais de três horas com médica indicada pelo presidente da Câmara dos Deputados, que é um dos líderes do Centrão, por ela ser exatamente especialista em assuntos pertinentes ao tratamento da Covid-19, já tendo cuidado de autoridades da República, quando elas estiveram doentes dessa doença.

          Não obstante, há notícia de que a médica não vai aceitar o convite do presidente, para ocupar o cargo de ministra da Saúde, conforme foi revelada por importante colunista do jornal a Folha de S. Paulo, em furo de notícia.

Na conversa entre o presidente, a médica e o titular da pasta, foram tratados temas especificamente de combate à pandemia da Covid-19, compreendendo o isolamento social, a vacinação e o tratamento precoce.

A médica, que é cardiologista e intensivista, chegou a participar de estudos que desmentiam a eficácia de remédios que fazem parte do “kit covid”, adotado pelo governo.

A imprensa ressalta que a escolha da médica tem o apoio, em especial, do presidente da Câmara dos Deputados, de ministros do STF, ministros do governo e outras autoridades da República, que eram a favor da escolha dela.

Quanto ao “kit covid”, segundo a jornalista, no referido encontro, não houve consenso sobre como os temas seriam tratados, fato este que enseja que somente seria possível a nomeação da médica caso alguém se dignasse a ceder, que certamente não seria o “todo-poderoso”, que tem consciência de que ele sempre tem a razão, principalmente em saúde, por se já se atreveu a dar as cartas nas políticas pertinentes, que deveriam ser de exclusiva competência do titular da pasta, que está acéfala, precisamente “comandada” por especialista em logística, que é especialidade muito pouco condizente com a imperiosidade do ferrenho combate à pandemia, por se exigir a presença de profissional da área de medicina ou sanitarismo, algo que o Centrão entendeu por bem de mostrar isso claramente ao presidente do país.

De acordo com a jornalista, o diálogo era tranquilo, no início, mas a tensão aumentou devido à falta de concordância entre as partes, o que motivou novo encontro, para hoje, se já não foi desmarcado, entre o presidente e a médica, uma vez que, se já houve a antecipação da decisão dela de não aceitar o convite, nova reunião seria infrutífera, salvo de alguém ceder nos seus posicionamentos ideológicos sobre o tratamento da Covid-19.

O combate à Covid-19 tem sido realmente o calcanhar de Aquiles do governo, que não consegue fazer absolutamente nada em consonância com o protocola desejável para a eficiência do combate à doença terrível e letal, à vista do inadmissível registro de 280 mil óbitos debitados à conta de muita incompetência, omissão e descaso, em especial diante da falta de sensibilidade, humanismo, diálogo, compreensão e de humildade para a condução das medidas capazes de contribuir para se encontrar os melhores mecanismos aplicáveis ao caso.

Já é do conhecimento da mídia que a médica tem se posicionado a favor do isolamento e da imunização em massa, em contraposição ao entendimento do presidente, bem assim contra o chamado tratamento precoce, que é apoiado pelo mandatário brasileiro.

Embora a médica conte com o decisivo apoio de importantes autoridades da República e também da classe médica, ela teria enormes dificuldades para fazer seu trabalho à frente da Saúde, à vista de as suas posições baterem de frente com as do presidente do país, conforme se verifica a seguir.

Por muitas vezes, a médica já afirmou, acompanhando entidades internacionais e as melhores evidências científicas da atualidade, que a cloroquina não tem eficácia contra a Covid-19, embora a droga seja reiteradamente defendida pelo presidente do país, além de também ser indicada pelo Ministério da Saúde, que fez aplicativo para orientar o uso da droga até para bebês.

A médica afirmou que a "Cloroquina não é vacina. Está sendo vista como salvadora, e não é", porque as evidências mostram a falta de efeito da droga contra a Covid-19, tendo declarado que "Não podemos tratar as pessoas com base em ideologias. A cloroquina, por exemplo, que foi extremamente ideologizada no início da pandemia, não serve para a Covid-19.  É uma medicação excelente para tratar outras doenças, mas os estudos mostraram que, tanto a hidroxicloroquina, quanto a cloroquina, não possuem eficácia na prevenção e no tratamento do coronavírus.".

Recentemente, a médica foi ainda mais incisiva, ao afirmar: “associando a persistência na ideia de um suposto tratamento precoce (que não existe até o momento), à ignorância profissional de parte da classe médica e a pessoas tentando se promover e ganhar clientes em um momento de sofrimento. Imagine se só o Brasil teria a cura dessa doença! Só os instagrammers, tuiteiros e os youtubers brasileiros saberiam como tratar a fase precoce. Isso é uma vergonha internacionalmente discutida. Sabemos que cloroquina não funciona há muitos meses, que azitromicina não funciona há muitos meses, que ivermectina não funciona há muitos meses.".

A médica disse que "O Brasil fez tudo errado. O Brasil isolou de uma maneira heterogênea, cada cidade e estado de uma maneira. No momento hora apropriado, hora inapropriado. Deixou a população com informações muitas vezes equivocadas. Não investiu em testes, testou um número muito menor do que deveria ter testado".

O entendimento da especialista sobre o isolamento social tem total aprovação minha, porque eu venho dizendo que faltam normas sobre as políticas de distanciamento, que poderiam ter sido feitas pelo ministério sempre ausente e omisso aos problemas inerentes ao verdadeiro combate à pandemia.

A médica também se mostra favorável às políticas de distanciamento e isolamento social, outro tema no qual o presidente contraria autoridades científicas e de saúde.

A verdade é que, desde o início da pandemia, o presidente incentiva que as pessoas levem vida normal, em meio à crise severa da letal pandemia, minimiza os efeitos da doença, burla os protocolos de saúde, a exemplo do uso de máscara e tem sido useiro e vezeiro em provocar aglomerações.

A médica se qualifica em excelentes condições de exercer o importante cargo de ministra da Saúde, por ser professora associada da Universidade de São Paulo, cardiologista e especialista no tratamento da covid-19, tendo amplas condições para contribuir para salvar vidas humanas.

À vista do posicionamento da médica, praticamente em sentido contrário, em tudo, ao que pensa o presidente, que vive em outro mundo completamente só dele, por achar que ele seja o dono da razão, por não se flexionar ao diálogo e à discussão sobre os temas relacionados com a busca de medidas viáveis para adjutorar no combate da Covid-19, à vista de nada acontecer nesse sentido, à toda evidência, a gestão da nova ministra seria fatalmente transformada em verdadeiro inferno, com o presidente rebatendo todos os atos recomendados cientificamente para o combate da doença, que cada vez mais se intensifica, diante da incompetência reinante no âmbito do governo.

Enfim, perde-se excelente oportunidade para se colocar no comando de importante cargo especialista que poderia cuidar perfeitamente da saúde e da vida dos brasileiros, que estão morrendo aos montes, exatamente porque não tem ninguém no governo que possa exercer, com a necessária eficiência, essa missão essencial de salvar vidas humanas, o que só demonstra altíssimo grau de insensibilidade e irresponsabilidades administrativa e humanitária, crime esse que pode perfeitamente ser qualificado como o de lesa-humanidade, passível das piores condenações, por se permitirem milhares de mortes e em série de vidas humanas, que poderiam sim ser evitadas, em grande parte, caso nada de terrível estivesse acontecendo com os brasileiros.

Brasília, em 15 de março de 2021

Nenhum comentário:

Postar um comentário