domingo, 7 de março de 2021

Falta seriedade?

Dias  após de afirmar que o “Brasil vive uma tragédia”, diretores da Organização Mundial de Saúde (OMS) cobraram medidas agressivas do governo brasileiro e disseram que o aumento dos casos de Covid-19, no país, pode impactar toda a América Latina.    

O diretor-geral da OMS disse que "A situação é muito séria, muito preocupante. As medidas de saúde pública que o Brasil deveria adotar deveriam ser agressivas – enquanto, ao mesmo tempo, distribui vacinas. (...) Se o Brasil não for sério, vai continuar a afetar toda a vizinhança lá e além. Não é só sobre o Brasil.".

Em razão de terem sido questionados sobre o crescimento descomunal da incidência da Covid-19. no Brasil, os diretores da OMS se posicionaram em demonstração de muita apreensão quando ao que eles consideram de indiferença e falta de seriedade por parte das autoridades públicas brasileiras, incumbidas de executar as políticas de saúde pública.

O diretor-geral da OMS resumiu a gravidade da situação, dizendo que o Brasil precisa levar o aumento de casos "muito, muito a sério. A situação no Brasil é muito, muito preocupante. Quando vimos muitas tendências de queda, em muitos países, nas últimas seis semanas, a situação no Brasil ou tinha aumentado ou atingido um platô – mas, é claro, com uma tendência maior de aumento. Eu acho que o Brasil tem que levar isso muito, muito a sério".

Aquela autoridade disse, em tom de alerta, que, "Sem fazer coisas para impactar a transmissão ou suprimir o vírus, não acho que vamos conseguir ter, no Brasil, a tendência de queda".

Já o diretor de emergências da Organização Mundial de Saúde alertou que “Não é hora de relaxar.  Houve um aumento nacional no Brasil (em número de casos), e isso é de norte a sul. As medidas de saúde pública, sociais e comportamentais param todas essas cepas e variantes. Agora não é a hora de o Brasil ou qualquer outro país, aliás, relaxar".

Ele disse, em continuidade do alerta, que a “chegada de vacina é um momento de "grande esperança, mas que também pode fazer com que as pessoas percam o foco no combate à pandemia. Se eu acho que vou receber a vacina nas próximas semanas, talvez eu não seja mais cuidadoso. Talvez eu ache que já superei. Você não precisa que muitas pessoas comecem a pensar isso para dar uma chance ao vírus de se espalhar. Nós vimos isso na Europa até o Natal. Mudanças pequenas num grande número de pessoas podem levar a uma grande mudança na epidemiologia deste vírus. Acho que já aprendemos isso a esta altura".

O diretor de emergências também afirmou que a OMS está preocupada com a variante P.1 – identificada pela primeira vez em Manaus, mas que já se espalhou para vários estados brasileiros e ao menos outros 24 países.

Em conclusão, ele disse que "Estamos muito preocupados com a P.1. Ela carrega muitas mutações específicas que dão vantagens ao vírus, principalmente na transmissão. Não há dúvidas de que uma proporção desses casos que estão ocorrendo agora são reinfecções, potencialmente devido à perda de imunidade, potencialmente devido ao fato de que novas variantes estão evadindo o potencial imunológico da imunidade natural – o que, por si só, significa que precisamos ser muito cuidadosos com vacinas, para ter certeza de que as vacinas funcionam contra essas cepas.".

Realmente, é impressionante como as pessoas que não estão vivenciando diretamente a tragédia causada pela Covid-19, no Brasil, sentem o quanto é inquietante a falta de seriedade com que o governo brasileiro vem enfrentando a gravíssima crise da pandemia, a ponto de alertar para a urgente necessidade de seriedade para a solução da calamidade humanitária, como nesse caso, em que pessoas que cuidam da saúde das pessoas, no âmbito mundial, estão percebendo o estrondoso abuso representada pela indiferença das autoridades brasileiras, que nada fazem para combatê-la.

À toda evidência, a constatação da falta de seriedade e de compromisso com os princípios humanitários, a ponto de nada executar nem sequer se vislumbrar, como forma de preocupação com o monumental problema de saúde da população, por parte do governo brasileiro, com relação ao enfrentamento de agressiva pandemia, causa não só perplexidade, mas especialmente indignação diante do sentimento que caracteriza, de forma sobeja, desprezo ao ser humano e também crime de responsabilidade, pela omissão do dever constitucional do Estado e das autoridades constituídas de tudo fazer, da melhor forma possível e impossível, para a proteção e preservação da saúde e da vida humanas.

Essa triste ausência do sentimento humanitário demonstrado e sentido no mundo inteiro somente contribui para elevar o Brasil ao nível mais rasteiro do que se pode imaginar na face da Terra, em relação à preocupação para livrar seu povo da peste da Covíd-19, à vista de que as medidas que estão sendo adotadas são praticamente as apenas aquelas previstas para a normalidade da saúde pública, enquanto o momento atual é visivelmente de guerra contra vírus agressivo e letal, que se exigem para combatê-los providências ultrarrevolucionárias, com a finalidade de superá-los e manter a integridade da população.

Não se pode negar que o governo vem se esforçando para o atendimento das demandas exigidas pela calamidade imposta à saúde pública, mas a verdade dos fatos mostra que somente isso não é necessário, diante da situação de anormalidade que está muito além das medidas de cunho paliativo, quando o combate à tragédia exige ousadia, em termos de providências agressivas e revolucionárias, independentemente de outros interesses políticos e pessoais, à vista do envolvimento de vidas humanas, que têm primazia sobre todas as políticas públicas.  

Diante da evidência da calamidade que impera na saúde pública e ainda dos fortes apelos feitos pelos diretores da Organização Mundial de Saúde, que naturalmente contam com a solidariedade das pessoas que primam pelos respeito e consolidação dos princípios humanitários, os brasileiros imploram ao presidente da República, ante a tragédia que se intensifica por conta da incidência da Covid-19, que o seu combate seja feito com a devida seriedade, de modo que sejam adotadas efetivas medidas extremamente agressivas à altura da sua letalidade, especialmente tendo em vista a importância e o valor da vida da população, em precisa consonância com o dever do Estado, por força de disposição constitucional, do asseguramento da sua integridade.

Brasília, em 7 de março de 2021


Nenhum comentário:

Postar um comentário