O presidente da República promoveu surpreendente mudança
no comando do Ministério da Defesa e isso pode simplesmente acarretar a imediata
mudança nos comandos das três Forças Armadas, compreendidas pelos Exército,
Marinha e Aeronáutica.
Em circunstâncias como essa, o comportamento ético sinaliza
que nem precisa que o presidente do país exonere o conjunto representativo do
alto comando das Forças Armadas, porque fica claro que a queda do principal
comandante implica a saída do resto dos comandantes, como forma de limpeza da
área, ficando o caminho livre para a implantação da nova filosofia de trabalho de
incumbência desses órgãos.
A exoneração do ministro da Defesa deixou a tropa preocupada
e alerta, tanto por integrantes da ativa como da reserva das Forças Armadas,
porque isso sinaliza que o presidente do país deseja ter maior influência
política nos quartéis, algo que ele não estava conseguindo até o momento.
Nas palavras de um interlocutor próximo do general exonerado,
o presidente o pressionava por engajamento maior das Forças Armadas no governo,
mas não encontrava ressonância aos seus anseios, porque havia preocupação nos
comandos das Forças Armadas quanto aos movimentos de politização dos quartéis,
que é algo que tem sido evitado com muito empenho, em especial pelo comando do
Exército.
Desde algum tempo, o presidente não esconde a
insatisfação com relação à permanência do comandante do Exército, porque ele, em
novembro do ano passado, afirmou que os militares não querem "fazer
parte da política, muito menos deixar a política entrar nos quartéis",
afirmação esta que desagradou bastante o comandante-em-chefe, que gostaria
muito de contar com o decisivo e declarado apoio das Forças Armadas aos seus projetos
de governo, em todos os sentidos.
Diante disso, o vice-presidente da República, que é
general, ressaltou que a política nos quartéis acaba com a disciplina e com a
hierarquia, tendo afirmado que o comandante do Exército “verbalizou o nosso
modo de pensar. Não admitimos política nos quartéis, pois isso acaba com os
pilares básicos da instituição — a disciplina e a hierarquia".
Por seu turno, integrantes do alto escalão das
Forças Armadas avaliam como perigosas as manifestações do presidente da República
que possam estimular a quebra de hierarquia, que é um dos pilares fundamentais
da organização dos militares.
O certo é que constantes manifestações do
presidente do país têm causado grande mal-estar entre militares, a exemplo do seu
discurso recente, quando ele disse que “O meu Exército não vai para a rua
obrigar o povo a ficar em casa”, em contraposição às medidas restritivas sociais
adotadas por governadores.
Não
há a menor dúvida de que a mudança dos comandos das Forças Armadas é claro
sinal de que o presidente do país tentou e não conseguiu implantar medidas de
exceção, contrárias aos princípios republicano e democrático, mas compatíveis
somente com a mentalidade dele, à vista das graves crises imperantes na saúde
pública e no seu relacionamento com o Supremo Tribunal Federal e os governadores,
mas não obteve o necessário respaldo delas, justamente porque, por certo, os
militares ainda estão escaldados com as fortes lembranças do regime militar,
que precisa ser esquecido, com a maior urgência possível.
Acontece
que a mentalidade retrógrada, em termos políticos, do presidente do país se encontra
vivamente atrelada aos sentimentos desse passado de muitos questionamentos, que
já devia ter sido considerado página virada da história brasileira, exatamente porque
o Brasil precisa progredir e se desenvolver também quanto aos princípios
políticos e administrativos, o que não será possível quando se tem os olhos
voltados para o passado que até pode ter sido importante, mas o Brasil se
encontra em nova de fase completamente diferente de modernidade que precisa ser
vivida com a sua verdadeira realidade e intensidade.
Conforme
a nova estruturação das Forças Armadas, é possível que o presidente do país se
entusiasme ao máximo e tente a implantação de medidas malucas e antiprogressistas,
que ele tem na cabeça fervilhante de ideias cujas consequências só Deus pode adivinhar
seus resultados, ao se imaginar que ele já implorou o apoio do povo para fazer
estripulias e maquiavelismos, em conformidade com a vontade do povo.
Ou
seja, ao que tudo indica o presidente brasileiro precisa contar com apoio do
povo e o respaldo das Forças Armadas para revolucionar ao seu estilo estabanado
de compreensão do que seja realmente correto, na linha apenas imaginada por
ele, que já demonstrou que não segue orientação senão a dele mesmo, que já
demonstrou completa falta de sintonia dela com a cartilha do preparado,
equilibrado e inteligente estadista, na condução dos negócios do Estado brasileiro.
É
bem possível que a presente reforma no âmbito das Forças Armadas pode suscitar
surpresas bastantes desagradáveis, notadamente porque ela se esquadra
precisamente na linha do sentimento perseguido pelo presidente do país, que
entende que precisa fazer algo diferente, tendo por finalidade agradar seus
fiéis seguidores, que vêm exigindo exatamente que ele demonstre autoridade no
comando da nação, que é algo que ele, até aqui, não tem encontrado ressonância
nos quartéis.
Não
tenham a menor dúvida, senhores brasileiros, de que o futuro do Brasil é extremamente
incerto, muito mais diante do estado de desequilíbrio emocional que permeia a
mente do presidente do país, que pode ensejá-lo a enveredar por caminhos que
não sejam os melhores para os destinos dos brasileiros.
Há
a esperança de que o presidente se tranquilize e, antes de usar a caneta, conforme
já foi ameado por ele, nenhum ato extravagante seja assinado por ele, sem o
aval de pessoas sensatas, equilibradas e inteligentes, de modo a se permitir discutir
prévia e precisamente as consequências dele, porque, depois de sancionado, só
Deus para compreender as suas reais motivações e consequências.
Brasília,
em 30 de março de 2021
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