quarta-feira, 17 de março de 2021

A letargia do mal?

 

A médica que foi indicada pelo Centrão para ocupar o cargo de ministra da Saúde disse em, em mensagem de texto à GloboNews, que “Não aceitei” o convite do presidente da República.

Em entrevista, ao vivo, àquele meio de comunicação, a médica afirmou que "não houve uma convergência técnica entre nós" e que “o governo esperava não se encaixa no seu perfil, qualificação e linha que segue.”.

O nome da médica tinha o respaldo de parlamentares e integrantes do Supremo Tribunal Federal, entre outras autoridades da República.

Ontem, o presidente da Câmara dos Deputados disse que o enfrentamento da pandemia “exige competência técnica” e “capacidade de diálogo político” e que enxerga essas qualidades na mencionada médica, dando a entender que elas estão faltando na atualidade.

A médica é supervisora da área de Cárdio-Oncologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora de cardiologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, tendo especialização em cardiologia e intensivismo hospitalar.

Não obstante, após a revelação de que ela era a principal cotada para assumir o Ministério da Saúde, a médica passou a ser alvo de ataques das redes bolsonaristas, de forma agressiva e truculenta.

A médica defende o isolamento social, tendo afirmado que não existe tratamento precoce contra a Covid-19, por exemplo, fatos estes que diametralmente contraria o negacionismo do presidente, que entende que seus métodos ainda são os mais eficazes e dificilmente o médico responsável, consciente das suas éticas atribuições médicas vai se curvar aos caprichos com quem não tem compromisso senão com seus sentimentos, independentemente do desastre existente na saúde pública, com milhares de mortes já contabilizadas, que são incapazes de sensibilizá-lo.

A atuação do atual ministro é fortemente criticada pela sociedade, em razão do agravamento da crise sanitária no país, causada pela pandemia de Covid-19, em que a saúde pública se mostra cada vez mais distanciada da realidade e, por incrível que seja, nada tem sido feito diferente do normal.

Ou seja, o principal órgão incumbido das políticas de saúde pública permanece quietinho no seu canto, como nada precisasse de agressivo e extraordinário para combater com efetividade a tragédia que grassa sobre a cabeça dos brasileiros, tendo o beneplácito do chefe do Executivo, que concorda com a incompetência do órgão que, se quisesse, poderia incentivar e liderar verdadeira revolução contra a Covid-19, mas prefere simplesmente se acomodar.

O exemplo clássico dessa assertiva é que, no mesmo dia em que o Brasil atingiu o número recorde de mortes pela Covid-19, em 24 horas, com 2.349 vidas perdidas, o ministro da Saúde, ao contrário do que se poderia imaginar, divulgou medida em que anunciava nova redução da previsão de doses de vacinas a serem entregues no fluente mês.

Na mesma ocasião, o general afirmou que o sistema de saúde brasileiro "não colapsou, nem vai colapsar", conforme divulgação em vídeo.

A propósito da volta do líder petista à cena política, o presidente do país também foi aconselhado a colocar, com urgência, especialista em medicina ou sanitarismo no ministério que tem a incumbência institucional de cuidar e zelar da saúde e da vida dos brasileiros, que é algo que não vem se fazendo há muito tempo e, o pior, ninguém tem sido responsabilizado por tanta maldade contra os princípios humanitários.

Além dessas questões, assessores do governo acreditam que a saída do ministro pode contribuir para desacelerar as investigações existentes contra ele, em razão de suposta omissão dele na crise sanitária no Amazonas e em outros casos de incompetência, onde, na citada crise, a inadmissível falta de oxigênio levou à morte de dezenas de pacientes, no início do ano, embora o ministério comandado por ele tivesse sido previamente informado sobre a iminência da tragédia, mas nada foi feito, conforme provam os fatos.

          Em princípio, não é por falta de opção que o Ministério da Saúde não seja comandado por especialista na área da sua incumbência institucional, quando esse profissional poderia certamente contribuir para realmente adotar medidas coerentes com a gravidade da crise que só aumenta o martírio dos brasileiros, que continua tendo a pior e mais deficiente assistência da saúde, exatamente diante da incompetência governamental, que entende que seja exatamente dessa maneira que a população deve ser cuidada e tratada, sob a direção de ministro especialista em logística do Exército.

          Na realidade, os brasileiros anseiam por que o presidente da República acorde, o mais rapidamente possível, da letargia que o faz não enxergar a gravidade da pandemia do novo coronavírus e a precariedade operacional do governo para combatê-la na maneira mais agressiva e competente exigível para a gravidade da crise, cuja doença vem matando impiedosamente milhares de brasileiros, que estamos reféns da insensibilidade de quem poderia abdicar de seus caprichos em benefício da vida humana, ao permitir que especialista em medicina ou sanitarismo cuide diretamente da saúde dos brasileiros.   

Brasília, em 16 de março de 2021

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