Outro
dia, foram publicadas no Facebook algumas fotos do casarão do Sítio Canadá, em
Uiraúna, Paraíba, local sagrado onde a “cegonha” fez entrega do principal
invólucro, na minha concepção, já transportado por essa abençoada e divina ave
ligada à história do nascimento do ser humano, evidentemente para quem acredita
nessa milagrosa lenda, como eu.
Pois
bem, é sempre motivo de forte emoção n´alma quando me deparo com a foto desse
maravilhoso e sempre saudoso casarão, ao ver a porta de entrada do quarto, o primeiro
à direita da foto, porque foi exatamente ali onde eu nasci, há pouco mais de 72
anos, quando me deparei, pela primeira vez com as caras mais lindas deste
mundo, representadas por meus sempre amados pais, mamãe Dalila e papai Vaneir,
a quem agradeço a Deus pela generosidade de terem me gerado, me posto no mundo,
me criado, me alimentado, me cuidado e me orientado a viver da melhor maneira para
a dignificação minha e do ser humano.
Pois
é, foi ali onde Deus quis que eu aparecesse para o mundo, nascendo e me criando
nesse eterno e majestoso casarão, que pertencia aos meus queridos avós
maternos, Juvino e Úrsula, que me ajudaram com bons exemplos de cidadania e
religiosidade, na criação e nos ensinamentos dos fundamentos das famílias
tradicionais da época.
O
meu sentimento, ao ver as fotos, foi de muita saudade dos bons tempos vividos
com o aconchego e o carinho de meus queridos pais - que logo depois foram morar
na cidade -, dos meus amados avós, tias e tios, lembrando da vida tranquila existente
em verdadeiro ambiente de muito amor, com os ares especiais de esperança e
sonhos, diante de todas as facilidades que eram propiciadas no seio das famílias
bem estruturadas e tranquilas, onde reinavam a paz, a compreensão, o amor e
tudo de maravilhoso, sem a menor preocupação com o futuro, porque este, como
diz o ditado, a Deus pertence.
Na
minha compreensão, aquele casarão tinha a representatividade de verdadeiro
paraíso terrestre, tanto pelo convívio de sonhos e perene amor como pela
ambientação do lugar, onde somente se permitia a respiração das coisas sagradas
da natureza, com as mansuetudes da proteção divina.
De
um dos lados do casarão, ainda há o sereno e imponente açude, que era permanentemente
depositário tanto de água límpida em abundância, a mais saudável que conheci, como
de peixes sempre bem nutridos e ovados, verdadeiras delícias.
No
outro lado, repousava altaneira a beleza natural do exuberante e impressionante
sítio, verdadeiro pomar de muitas e variadas frutas regionais, das mais saborosas
que a natureza era capaz de oferecer ao homem, como manga, de todos os tipos, caju,
graviola, pinha, laranja, jaca, limão, goiaba, araçá, banana, coco, macaúba, pitomba,
entre outras e ainda o principal produto, como a cana de açúcar, cuja matéria orgânica
se transformava na rapadura, na batida, no alfenim, no melado, na garapa,
enfim, o sítio era verdadeiro repositório de espécies das maravilhas da natureza,
de encantamento permanente e extraordinário.
Nesse
gigantesco paraíso, eu me permitia viver sob meu soberano comando o desfrute das
belezas dadivosas da natureza, com a volúpia como se eu tivesse a certeza de
que nada daquilo pudesse ter fim, mas a vida é exatamente assim, em que é
preciso ser aproveitado ao máximo cada momento oferecido por Deus, para o usufruto
da Sua generosidade, obviamente à medida do merecimento, como o que eu
realmente tive a felicidade de viver e na sua intensidade de puro e
despreocupado prazer proporcionado pela bondade somente imaginada no Olimpo dos
deuses.
Na
realidade, nada mais poderia ter sido tão maravilhoso, como se um belíssimo
filme tivesse sido produzido especialmente para contar a minha vida de bonança
e depois jogado fora o seu roteiro, para servir apenas de película imaginária
transposta para a minha riquíssima e privilegiada memória, que ainda guardo os
mínimos detalhes de cada cena rodada no meu lindo e saudoso casarão, onde prevaleceu
a pura realidade, para mim.
Muito
obrigado, generoso Deus, por ter concedido a mim tamanha primazia do privilégio
do usufruto das maravilhas que somente eu conseguiria ali, exatamente como tudo
aconteceu, no fantástico mundo que era real, mas certamente bem melhor se ele
tivesse sido apenas objeto do imaginário.
Como
é bom sempre reviver os tempos passados na infância, porque eles são lembrados
para alegrar o coração e a alma.
Brasília, em 31 de março de 2021
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