quarta-feira, 31 de março de 2021

O meu lindo casarão!

 

Outro dia, foram publicadas no Facebook algumas fotos do casarão do Sítio Canadá, em Uiraúna, Paraíba, local sagrado onde a “cegonha” fez entrega do principal invólucro, na minha concepção, já transportado por essa abençoada e divina ave ligada à história do nascimento do ser humano, evidentemente para quem acredita nessa milagrosa lenda, como eu.

Pois bem, é sempre motivo de forte emoção n´alma quando me deparo com a foto desse maravilhoso e sempre saudoso casarão, ao ver a porta de entrada do quarto, o primeiro à direita da foto, porque foi exatamente ali onde eu nasci, há pouco mais de 72 anos, quando me deparei, pela primeira vez com as caras mais lindas deste mundo, representadas por meus sempre amados pais, mamãe Dalila e papai Vaneir, a quem agradeço a Deus pela generosidade de terem me gerado, me posto no mundo, me criado, me alimentado, me cuidado e me orientado a viver da melhor maneira para a dignificação minha e do ser humano.

Pois é, foi ali onde Deus quis que eu aparecesse para o mundo, nascendo e me criando nesse eterno e majestoso casarão, que pertencia aos meus queridos avós maternos, Juvino e Úrsula, que me ajudaram com bons exemplos de cidadania e religiosidade, na criação e nos ensinamentos dos fundamentos das famílias tradicionais da época.

O meu sentimento, ao ver as fotos, foi de muita saudade dos bons tempos vividos com o aconchego e o carinho de meus queridos pais - que logo depois foram morar na cidade -, dos meus amados avós, tias e tios, lembrando da vida tranquila existente em verdadeiro ambiente de muito amor, com os ares especiais de esperança e sonhos, diante de todas as facilidades que eram propiciadas no seio das famílias bem estruturadas e tranquilas, onde reinavam a paz, a compreensão, o amor e tudo de maravilhoso, sem a menor preocupação com o futuro, porque este, como diz o ditado, a Deus pertence.

Na minha compreensão, aquele casarão tinha a representatividade de verdadeiro paraíso terrestre, tanto pelo convívio de sonhos e perene amor como pela ambientação do lugar, onde somente se permitia a respiração das coisas sagradas da natureza, com as mansuetudes da proteção divina.  

De um dos lados do casarão, ainda há o sereno e imponente açude, que era permanentemente depositário tanto de água límpida em abundância, a mais saudável que conheci, como de peixes sempre bem nutridos e ovados, verdadeiras delícias.

No outro lado, repousava altaneira a beleza natural do exuberante e impressionante sítio, verdadeiro pomar de muitas e variadas frutas regionais, das mais saborosas que a natureza era capaz de oferecer ao homem, como manga, de todos os tipos, caju, graviola, pinha, laranja, jaca, limão, goiaba, araçá, banana, coco, macaúba, pitomba, entre outras e ainda o principal produto, como a cana de açúcar, cuja matéria orgânica se transformava na rapadura, na batida, no alfenim, no melado, na garapa, enfim, o sítio era verdadeiro repositório de espécies das maravilhas da natureza, de encantamento permanente e extraordinário.

Nesse gigantesco paraíso, eu me permitia viver sob meu soberano comando o desfrute das belezas dadivosas da natureza, com a volúpia como se eu tivesse a certeza de que nada daquilo pudesse ter fim, mas a vida é exatamente assim, em que é preciso ser aproveitado ao máximo cada momento oferecido por Deus, para o usufruto da Sua generosidade, obviamente à medida do merecimento, como o que eu realmente tive a felicidade de viver e na sua intensidade de puro e despreocupado prazer proporcionado pela bondade somente imaginada no Olimpo dos deuses.

Na realidade, nada mais poderia ter sido tão maravilhoso, como se um belíssimo filme tivesse sido produzido especialmente para contar a minha vida de bonança e depois jogado fora o seu roteiro, para servir apenas de película imaginária transposta para a minha riquíssima e privilegiada memória, que ainda guardo os mínimos detalhes de cada cena rodada no meu lindo e saudoso casarão, onde prevaleceu a pura realidade, para mim.

Muito obrigado, generoso Deus, por ter concedido a mim tamanha primazia do privilégio do usufruto das maravilhas que somente eu conseguiria ali, exatamente como tudo aconteceu, no fantástico mundo que era real, mas certamente bem melhor se ele tivesse sido apenas objeto do imaginário.

Como é bom sempre reviver os tempos passados na infância, porque eles são lembrados para alegrar o coração e a alma.

Brasília, em 31 de março de 2021

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