Em crônica, eu fiz comentário sobre os bons e inesquecíveis tempos vividos nas festas de comemoração dos padroeiros de Uiraúna, Paraíba, nas divinas pessoas de Jesus, Maria e José, onde eu fiz reminiscência aos principais acontecimentos da época, que se distanciaram em muito da atualidade, que deixaram muitas saudades de tradição que faz parte de passado marcante na vida da gente.
Diante disso, o nobre conterrâneo escritor Xavier
Fernandes escreveu belo texto em alusão às referidas festas, nestes termos: “Caríssimo
Antônio Adalmir, seu comentário a respeito da festa da nossa amada padroeira É
muito original, nos remete aos tempos áureos da vida religiosa bem distante do
nosso povo. Quando você participou da Última festa a 54 anos, eu estava com
apenas 7 anos, contudo lembro de todas as festas a partir daí, Realmente
recordamos com muitas saudades o sentimento cristão, do respeito e a seriedade
da religiosidade daquele povo Santo: fecho os olhos e vejo nas novenas:
Madrinha Donária, Dona Maroca e Sinhá Moreira, Tia Véscia, Bida, Dona Quininha,
minha Vô Baldina, Dona Úrsula sua vó, e tantas outras devotas e fiéis cristãs,
também o lindo Coral que cantava as novenas em Latim, Dona lica de firmo a
maestrina, Miné, Toinho Fernandes, Chica de Lulu, Tia Nininha e outras...
também a presença integral de tantos homens católicos da cidade, a igreja
lotada, a partir da abertura da festa com o hasteamento da bandeira da festa,
eram 9 noites de reza, de missas, novenas e cerimônias festivas, animadas pela
gloriosa Banda centenária JMJ, grande atração que dava o brilho e o tom alegre
festivo, animado e emocional a nossa tradicional festa. As famílias viviam
intensamente essa tempo de manifestação de fé e fraternidade. O padre. Cônego
Antônio Anacleto de Andrade, um homem Santo, puro, simples, humilde, mas tinha
um carisma espiritual muito forte, seus paroquianos o respeitavam e tinham
muito respeito. Fazia a melhor e mais especiais das festas, entregava a parte
Social a coordenação das quermesses aos homens de bem da cidade; Neco Joza,
Raimundo Daniel, Zé Batista, Chico Euclides, e outros que ajudavam
decisivamente para o sucesso da festa, além da participação alegre do pregoeiro
GANGA (Raimundo Josias) oferecendo nos leilões aquelas galinhas capoeiras tão
cheirosas e bem assadas, além da cerveja e o guaraná Antártica. Vendida por Zé
da Ema, quase quente pois eram esfriados, dentro de um tambor túnel com pó de
Madeira e gelo, vindos de São Gonçalo...E a banda na quermesse executando os
lindíssimos dobrados, valsas, maxixes, sambas e terminava à noitada com frevos
e vassourinhas. Eita que saudades! Já está me faltando o fôlego! Todo o povo da
Cidade prestigiava, era boa oportunidade para os jovens e adolescentes ensaiar
as primeiras paqueras estímulo para paixão. As crianças passeavam e brincavam
no parque. Era muita felicidade, o melhor tempo da nossa terrinha. Eram 3 dias
de quermesses...e a festa encerrava com a missa solene as 10hs da manhã com a
primeira comunhão de dezenas de crianças, que saiam em procissão. E a tarde o
encerramento com a grande procissão com a imagem da excelsa Padroeira JMJ. Acompanhada
pela Banda tocando hinos e louvores. Uma multidão fazia o cortejo, e para
fechar, o Sermão do querido vigário Padre Anacleto, virtude, carisma e
Santidade. ( em outra oportunidade vou destacar a bondade e qualidades do Nosso
Emérito vigário Pe. Anacleto) um forte abraço caríssimo...”.
Em resposta ao esplendoroso texto, eu disse ao
ilustre mestre Xavier Fernandes que entendia como maravilhosa a sua explanação
sobre o que realmente acontecia naqueles saudosos tempos dos festejos da festa
da Padroeira da Sagrada Família de Nazaré, exatamente com a participação daquelas
pessoas lendárias que você citou uma a uma, das quais me lembro cara por cara.
Eram pessoas de tanta respeitabilidade que pareciam
entes celestiais, ante a sua devoção e o seu encantamento às coisas sagradas e
à marcante religiosidade.
E o que se dizer do santo padre Anacleto, para quem
eu corria em sua direção, para tomar a bênção e pedir uma moeda e ele sempre
distribuía uma pataquinha, imagino do menor valor possível, porque toda
meninada fazia a mesma coisa e ele atendia carinhosamente a todos os meninos.
Todo dia, pela manhã, lá vinha o padre Anacleto descendo
para prosear na farmácia de Seu Alexandre, onde recebia o carinho de seu fiel
rebanho, que o venerava, por sua candura e santidade.
Parabéns, mestre Xavier Fernandes, dizendo do meu encantamento por sua deliciosa narrativa tão autêntica e fiel aos fatos da época, que transcorriam exatamente segundo o seu oportuno relato, riquíssimo de detalhares, bastantes fiéis aos acontecimentos da época.
Brasília, em 21 de março de 2021
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