domingo, 21 de março de 2021

A festa da padroeira

            Em crônica, eu fiz comentário sobre os bons e inesquecíveis tempos vividos nas festas de comemoração dos padroeiros de Uiraúna, Paraíba, nas divinas pessoas de Jesus, Maria e José, onde eu fiz reminiscência aos principais acontecimentos da época, que se distanciaram em muito da atualidade, que deixaram muitas saudades de tradição que faz parte de passado marcante na vida da gente.

Diante disso, o nobre conterrâneo escritor Xavier Fernandes escreveu belo texto em alusão às referidas festas, nestes termos: “Caríssimo Antônio Adalmir, seu comentário a respeito da festa da nossa amada padroeira É muito original, nos remete aos tempos áureos da vida religiosa bem distante do nosso povo. Quando você participou da Última festa a 54 anos, eu estava com apenas 7 anos, contudo lembro de todas as festas a partir daí, Realmente recordamos com muitas saudades o sentimento cristão, do respeito e a seriedade da religiosidade daquele povo Santo: fecho os olhos e vejo nas novenas: Madrinha Donária, Dona Maroca e Sinhá Moreira, Tia Véscia, Bida, Dona Quininha, minha Vô Baldina, Dona Úrsula sua vó, e tantas outras devotas e fiéis cristãs, também o lindo Coral que cantava as novenas em Latim, Dona lica de firmo a maestrina, Miné, Toinho Fernandes, Chica de Lulu, Tia Nininha e outras... também a presença integral de tantos homens católicos da cidade, a igreja lotada, a partir da abertura da festa com o hasteamento da bandeira da festa, eram 9 noites de reza, de missas, novenas e cerimônias festivas, animadas pela gloriosa Banda centenária JMJ, grande atração que dava o brilho e o tom alegre festivo, animado e emocional a nossa tradicional festa. As famílias viviam intensamente essa tempo de manifestação de fé e fraternidade. O padre. Cônego Antônio Anacleto de Andrade, um homem Santo, puro, simples, humilde, mas tinha um carisma espiritual muito forte, seus paroquianos o respeitavam e tinham muito respeito. Fazia a melhor e mais especiais das festas, entregava a parte Social a coordenação das quermesses aos homens de bem da cidade; Neco Joza, Raimundo Daniel, Zé Batista, Chico Euclides, e outros que ajudavam decisivamente para o sucesso da festa, além da participação alegre do pregoeiro GANGA (Raimundo Josias) oferecendo nos leilões aquelas galinhas capoeiras tão cheirosas e bem assadas, além da cerveja e o guaraná Antártica. Vendida por Zé da Ema, quase quente pois eram esfriados, dentro de um tambor túnel com pó de Madeira e gelo, vindos de São Gonçalo...E a banda na quermesse executando os lindíssimos dobrados, valsas, maxixes, sambas e terminava à noitada com frevos e vassourinhas. Eita que saudades! Já está me faltando o fôlego! Todo o povo da Cidade prestigiava, era boa oportunidade para os jovens e adolescentes ensaiar as primeiras paqueras estímulo para paixão. As crianças passeavam e brincavam no parque. Era muita felicidade, o melhor tempo da nossa terrinha. Eram 3 dias de quermesses...e a festa encerrava com a missa solene as 10hs da manhã com a primeira comunhão de dezenas de crianças, que saiam em procissão. E a tarde o encerramento com a grande procissão com a imagem da excelsa Padroeira JMJ. Acompanhada pela Banda tocando hinos e louvores. Uma multidão fazia o cortejo, e para fechar, o Sermão do querido vigário Padre Anacleto, virtude, carisma e Santidade. ( em outra oportunidade vou destacar a bondade e qualidades do Nosso Emérito vigário Pe. Anacleto) um forte abraço caríssimo...”.

Em resposta ao esplendoroso texto, eu disse ao ilustre mestre Xavier Fernandes que entendia como maravilhosa a sua explanação sobre o que realmente acontecia naqueles saudosos tempos dos festejos da festa da Padroeira da Sagrada Família de Nazaré, exatamente com a participação daquelas pessoas lendárias que você citou uma a uma, das quais me lembro cara por cara.

Eram pessoas de tanta respeitabilidade que pareciam entes celestiais, ante a sua devoção e o seu encantamento às coisas sagradas e à marcante religiosidade.

E o que se dizer do santo padre Anacleto, para quem eu corria em sua direção, para tomar a bênção e pedir uma moeda e ele sempre distribuía uma pataquinha, imagino do menor valor possível, porque toda meninada fazia a mesma coisa e ele atendia carinhosamente a todos os meninos.

Todo dia, pela manhã, lá vinha o padre Anacleto descendo para prosear na farmácia de Seu Alexandre, onde recebia o carinho de seu fiel rebanho, que o venerava, por sua candura e santidade.

Parabéns, mestre Xavier Fernandes, dizendo do meu encantamento por sua deliciosa narrativa tão autêntica e fiel aos fatos da época, que transcorriam exatamente segundo o seu oportuno relato, riquíssimo de detalhares, bastantes fiéis aos acontecimentos da época.

Brasília, em 21 de março de 2021

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