Em crônica recente, analisei a lamentável postura do presidente da República, que fez apelo para que os brasileiros deixassem de “frescura”, pelo choro diante das perdas de vidas de entes queridos, evidenciando com seu gesto desumano forma mais agressiva e indelicada de negativismo sobre a mais intensa monstruosidade impingida pela Covid-19 contra a vida da população.
Causa
perplexidade que é da natureza do estadista, em princípio, dispensar, nos seus
atos públicos, conduta a mais atenciosa, compreensiva e amável para com o
infortúnio do seu povo.
Diante
desse contexto, uma conterrânea minha, que vem se destacando com colocações,
por meio de mensagens, contra as insensibilidades e injustiças sociais, disse o
seguinte: ‘’Senhor presidente, tenha a compostura e respeito por aqueles que
choram e sofrem a falta de seus entes queridos! Existem famílias que perderam
2, as vezes até 3 pessoas em decorrência do vírus! Respeite, não zombe do
sofrimento dessas pessoas. Frescura porque não é ele que teve todos seus
direitos cortados, enfrenta uma pandemia sem leitos vagas nos hospitais, vê
seus familiares morrer sem direito a despedida, está sem emprego, alimentação,
remédios e os combustíveis aumentando diariamente. A insensibilidade dessas
palavras me rasgam no peito de dor. Não ê possível que o povo brasileiro que
sempre se mostrou solidário, ouça isso e ache normal. Imagina caírem três
aviões por dia e todos os ocupantes morrerem e a companhia aérea dizer que não
pode parar. Quando os pilotos pedem providências, ouvem para pararem de
frescura, de mimimi. Isso não pode passar impunemente. Boa tarde amigo. Jesus lhe
proteja”.
Em
resposta ao expressivo recado para o mandatário do país, eu me lembrei que,
certa vez, o conjunto Legião Urbana fez música cujo título revolucionário é
"Que país é esse?”, certamente abismado com as disparidades sociais
que já grassavam no pobre Brasil da prevalência da falta dos princípios da
caridade e do amor ao ser humano, tal e qual eles deixam de ser observados no
presente momento.
Fazendo
apologia ao famoso grupo musical, agora, indago, igualmente estarrecido: “Que
país é este?”, ante os absurdos que os brasileiros estão vivendo, em que a banda
da ruindade do mundo desaba sobre a população, na mais agressiva prática de martírio
humanitário e, como forma de “lenitivo”, o presidente do país, além de nada
fazer para combate-la, em forma de comandar
verdadeira revolução contra a Covid-19, apenas demonstra revolta ante o choro por
causa das perdas dos entes queridos, em consonância com o pior sentimento para
se mostrar tristeza pelo desastre que se abate sobre as pessoas desamparadas da
saúde pública e de medidas preventivas de maior grau possível.
Acredita-se
que nem nas piores republiquetas exista igual banalização de insensibilidade e desumanidade
tal qual tem se verificado sob a visão das pessoas normais sob o prisma da não
aceitação da tragédia disseminada com o beneplácito de quem tem o dever de
cuidar da saúde e da vida dos brasileiros, à luz do normal consentimento de que
está bom, está tudo bom demais, não precisando se preocupar nem fazer
absolutamente nada diferente do que se encontra, porque é tudo o que se pode
oferecer, para que todos possam morrer com a paz de Deus, sob a “inteligente”
compreensão de que todos vão morrer mesmo.
Não
há a menor dúvida de que é desesperador e angustiante se conviver nesse quadro
de completa agonia, quanto à falta da necessária sanitização, e a principal autoridade
pública ainda ter indigna coragem de cobrar que o povo deixe de chorar, como se
a desgraça não tocasse o seu coração de ser humano?
A
tristeza maior ainda é que não há uma única alma viva, um homem público com o
mínimo de perspicácia, com inteligência, coragem e algo diferente da ruidosa moldura
prevalente, para se opor contra esse estado inadmissível de deplorabilidade, que
consiste em pura e tocante desumanidade, deixando que prevaleçam mórbidas perversidade
e insensibilidade, para se ter o altruísmo com vistas a dar o grito
ensurdecedor de basta à nítida indiferença contra a importante vida dos
brasileiros.
Seria
conveniente que o homem público se empenhasse, com a força da brasilidade, e
mostrasse, neste momento de angustiante para o povo, destemor, dignidade e amor aos princípios humanitários,
para tentar pôr freios em tudo isso que acontece de muita violência e crueldade
contra a vida da população, que merece dignidade como ser humano que é a principal
razão da existência do Brasil.
Convém
que haja urgente mobilização da sociedade, com a convocação da inteligência
nacional, com experiência em saúde pública e sanitarismo, para se opor à
mentalidade de aceitação tácita de situação completamente inadmissível no mundo
moderno e desenvolvido, onde a primazia dessa evolução tem sido justamente a incessante
busca do aprimoramento das questões de interesse do ser humano, que exige e
merece ser tratado com os melhores cuidados e recursos existentes na face da
Terra, independentemente de interesses pessoais.
Ou
seja, o que se pretende é algo diametralmente diferente do que se passa no país
tupiniquim, onde o diminuto vírus tem a capacidade para potencializar a
intimidade do sentimento de pessoas, da pior maneira possível, no sentido de
ser capaz de apagar de suas mentes os mais sagrados dos princípios, que são o respeito
e o amor ao seu semelhante.
Na
verdade, tais procedimentos negativistas põem por terra a grandeza da dignidade
humana, à vista da nítida incapacidade de sensibilização diante da tragédia que
representa milhares de mortes de brasileiros, quando uma única perda de vida já
era mais do que suficiente para a iniciação de medidas revolucionárias de todos
os matizes, precisa e cuidadosamente na busca de solução para a gravíssima
crise da saúde pública.
É
justamente com essa finalidade que se propõe a participação da sociedade em
oposição aos atos ineficientes postos em prática pelo governo, contra a
agressiva da Covid-19, para que, pelo menos em termos de ideias, possa se encontrar
urgentes medidas práticas, na tentativa de se minimizar o sofrimento dos
brasileiros, que foram completamente desprezados justamente por parte de quem
tem o dever constitucional de cuidar e proteger os interesses da população, em
especial no que refere às suas saúde e vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário