quarta-feira, 30 de agosto de 2017

À espera da revolução no ensino?

      O deputado carioca, que é pré-candidato à Presidência da República, pretende implantar no país o rígido e disciplinar, porém de eficiência e eficácia comprovadas, padrão de ensino adotado em instituições militares, que, atualmente, têm sob seu comando e administração 0,1% das 147 mil unidades públicas de ensino básico.
O parlamentar imagina promover convênios com as redes de ensino municipal e estadual, objetivando a implantação do novo padrão de ensino, que precisa passar por verdadeira revolução e modernização.
Caso seja eleito presidente do país, ele disse que entregará o comando do Ministério da Educação a um general, com experiência na área da educação, para se harmonizar com a sua ideal concepção de ensino público, sendo que esse militar deve ter o perfil de pessoa que "represente autoridade, amor à pátria e respeito à família".
Na ocasião, o parlamentar fez duras críticas aos titulares recentes daquela pasta, tendo citado dois petistas como "Pais do 'kit gay' (projeto para discutir orientação sexual nas escolas)”.
Não há a menor dúvida de que o ensino militar já mostrou suas plenas eficiência e qualidade diferenciadas do ensino ministrado nas demais instituições públicas, diante dos reconhecidos resultados padronizados de ordem, organização, alto nível de escolaridade, entre outras qualidades que certamente podem contribuir para a melhoria da educação e do ensino no país.
O certo é que, caso o deputado venha a eleger a educação como o carro-chefe do seu programa de governo, como prioridade para alguma forma de revolução que ele pretende implantar no país, não há a menor dúvida de que será escolha bastante aplaudida e se firmará como estadista com visão capaz de alterar a filosofia focada apenas no populismo que visa à formação de infrutíferos currais eleitorais, tendo por base a centralização de programas destinados exclusivamente à distribuição de renda, que é importante, mas somente isso é incapaz de promover o desenvolvimento integrado da nação.
No atual contexto do ensino público, pouco importa que seja militar ou civil no comando do ministério responsável pela educação, porque o que interessa mesmo é que ele seja competente, entenda dos meandros do ensino, tenha experiência na sua área de atuação e que os resultados da sua gestão sejam os melhores possíveis, de modo a contribuir para modificar esse estado de coisas desastradas que existe na atualidade e que perdura desde alguns anos, nessa situação de precariedade de abandono, em que pesem os altos investimentos que pecam pela falta de efetividade e de bons resultados.
Na verdade, percebe-se que os ministérios são entregues ou loteados entre as suas "excelências", normalmente deputado ou senador, completamente desvinculado da área de atuação, mas pertencentes aos partidos que formam as famigeradas alianças de coalizão que dão apoio aos projetos do governo no Congresso Nacional e os resultados não poderiam ser os piores e mais desastrados da história do país, conforme mostra a precariedade que impera na administração pública.
O certo é que o desempenho dos aproveitadores tem sido o pior possível, com a precaríssima prestação dos serviços públicos de incumbência do Estado, a exemplo da saúde, da educação, da segurança pública e de todos os demais segmentos, por não terem absolutamente nada que realmente demonstrem o mínimo de eficiência e qualidade, em clara evidência de desperdício de recursos públicos, uma vez que não há a menor preocupação dos estadistas quanto à perseguição dos princípios inerentes à busca de economicidade e da otimização dos resultados, conquanto o seu maior interesse é apenas o atingimento da absoluta dominação das classes política e social e da perenidade no poder, em cristalino desprezo aos interesses da população.
Convém que os brasileiros sejam beneficiados com políticas públicas que privilegiem programas e práticas saudáveis de administração pública, principalmente no que tange às áreas sensíveis como o ensino público, que exige nada mais do que verdadeira revolução transformadora, notadamente nos aspectos fundamentais da qualidade e da efetividade dos recursos aplicados, que são requisitos essenciais para os avanços tão ansiados pela sociedade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 30 de agosto de 2017

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