O
partido do maior político brasileiro imaginava mobilizar multidão para se manifestar
nos protestos, convocados por todo o Brasil, para apoiá-lo contra a condenação à
prisão de nove anos e seis meses, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem
de dinheiro, conforme sentença proferida pelo juiz da Operação Lava-Jato, no
rumoroso caso do tríplex.
Com
a presença do principal interessado, ao ato somente compareceram os militantes
e os sindicalistas de sempre, sem o comparecimento do povo, que certamente já
se conscientizou sobre a verdadeira situação do político, que precisa
compreender, enfim, que o condenado é ele e não o povo e, por isso mesmo, não é
com manifestação de protestos que a Justiça vai julgar a apelação na segunda
instância, mas sim com base em elementos de contestação e contraditório sobre
as provas materiais, a serem apresentados pelo próprio condenado, como prestação
de contas sobre suas atividades e seus atos na vida pública.
O
povo já entendeu, em português claríssimo, que, na Justiça, prevalece não o
grito nem a verborragia em reiteração, que vêm sistematicamente que é o mais
honesto do planeta e que nunca cometeu qualquer deslize na vida pública,
conquanto nada disso substitui o valor probante das provas materiais e
substanciais válidas jurídicas.
Veja-se
que, no Rio de Janeiro, somente centenas de pessoas ocuparam a Cinelândia e, em
Brasília, o número de participantes não passou de 200 pessoas, mostrando que a condenação
do petista pelo juiz da Lava-Jato teve efeito devastador no seio da sociedade,
que espera que ele se digne a perceber que já não faz mais sentido as
insistentes alegações de vitimização e perseguição política, notadamente porque
os fatos agora estão sendo investigados e depurados por agentes competentes que
até podem cometer injustiças, mas há grande chance de que os resultados dos
levantamentos devem refletir verdades incontestáveis.
Nos
termos da sentença condenatória, o imóvel em questão teria sido adquirido e reformado
com recursos da conta de propina repassada ao PT, envolvendo a troca de
influência do político para a obtenção de contratos na Petrobras para a construtora
OAS.
Desde
então, o embate fica cada dia mais acirrado e, apoiado no arsenal de recursos
de seus advogados e na sua promessa de percorrer o Brasil para provar sua inocência,
como se o debate sobre os fatos da condenação se voltasse para o cenário
político, quando o contra-ataque deve ser feito exclusivamente na esfera da
Justiça.
Enquanto
o juiz federal cuida de mostrar o resultado das investigações, à luz dos
levantamentos realizados, culminando com a condenação do político, este
simplesmente, na tentativa de ignorar a realidade dos acontecimentos, apela
para que a "Operação Lava-Jato, por
favor, mostra ao povo brasileiro alguma coisa de veracidade. Não estão
brincando com pouca coisa. Estão levando o país à destruição", ou
seja, para o petista, a ação da Lava-Jato está destruindo o Brasil, dando a
entender que ele é o próprio Brasil, em razão de ter sido condenado à prisão.
Não
há desconhecer que o político vem aparecendo como favorito nas pesquisas de
preferência eleitoral, mas é também o que desponta com maior índice de rejeição
entre possíveis candidatos. A sua imagem pode ser representada com o misto de salvador
dos pobres, ainda para alguns incautos, que o endeusam, enquanto outros o
qualificam como o verdadeiro líder da rede de corrupção implantada com absoluto
sucesso nos governos petistas.
No
calor do discurso para a militância, o político disse que "Agora tenho a obsessão de voltar. Eu tenho com o que contribuir. Esse país não
merece estar passando pelo que está passando”, como querendo dizer que o
processo de moralização objeto da Operação Lava-Jato é grande mal para a
dignidade do Brasil, que não pode passar por tamanha situação de abuso,
certamente por ousar investigar homem público da estirpe dele, que se considera
acima de quaisquer suspeitas, cujos atos são imaculáveis e incensuráveis,
considerando que todo sacrifício foi feito em benefício do social, mesmo que no
bojo tudo tenham surgidos os esquemas de corrupção, com os títulos do mensalão
e petrolão, porque eles naturalmente fazem parte do duro processo de
consolidação de absoluta dominação das classes política e social e da
perenidade no poder.
Não
há a menor dúvida de que o pífio resultado da mobilização em favor da
movimentação de protestos contra a condenação do ex-presidente pela Justiça
traduz o real sentimento do povo, que diz muito bem da sua conscientização
sobre a gravidade da decadência político de quem já foi endeusado e considerado
o salvador da pobreza, quando nada mais fez a sua obrigação de estadista de
cunho miseravelmente populista, que não conseguiu realizar reformas do Estado
nem obras públicas de expressão no seu governo.
Na
verdade, o político foi consagrado como o líder dos grandes esquemas de corrupção
imperante no mensalão e petrolão, em que os recursos ajudaram a comprar o apoio
de inescrupulosos parlamentares, conforme mostram os resultados das
investigações, que não deixam dúvidas sobre os esquemas criminosos engendrados
pelos governos petistas, que não tiveram a dignidade de assumir as graves
irregularidades prejudiciais ao interesse do Brasil.
Há
nítidos e fortes sinais de que o povo foi despertado pelo clarão das
investigações, que mostraram as provas e os elementos de convicção sobre o que
realmente aconteceu na consumação da corrupção e o Judiciário felizmente vem cumprindo,
com rigor e imparcialidade, a sua nobre missão constitucional de julgar as ações
com base nos elementos constantes dos autos, independentemente do peso das
autoridades envolvidas, que devem se submeter ao crivo das leis e da Justiça,
como fazem normalmente os homens públicos dos países sérios, civilizados e
evoluídos jurídica e politicamente, em benefício da verdade e da moralização
das atividades político-administrativas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 13 de agosto de 2017
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