O
maior político do país, que foi recentemente condenado pelo juiz da Lava-Jato a
nove anos e seis meses de prisão, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem
de dinheiro, reafirmou sua inocência nas ações penais que responde na Justiça.
Em
ato promovido pela Central Única dos Trabalhadores, no Rio Janeiro, ele
declarou, sob aplausos, que "Por que
eu iria envergonhar milhões de brasileiros, a quem reverencio todos os dias? Eu
não estou acima da lei, mas o juiz também não está. Já provei a minha
inocência, quero que provem que tenho R$ 1 que não é meu. Querem criminalizar a
esquerda e o PT. Vou brigar para ser candidato em 2018 e vou mostrar que esse
país vai voltar a sorrir, a ter a Petrobrás, a ter indústria naval (cic)".
Ele
não poupou críticas às reformas do governo peemedebista e repetiu a intenção de
regular a imprensa, caso seja eleito, nestes termos: "Esse país voltou a ser o que sempre foi, e
que mudou com a gente. Todo o objetivo dessa perseguição ao PT, essa reforma da
Previdência e Trabalhista, tudo é para tentar destruir o que conquistamos há
mais de 60 anos (sic). Querem evitar
que o Lula volte. Não têm competência para fazer o Brasil crescer, o que nós
provamos que sabemos fazer. Tivemos a Previdência superavitária. A falta de
dinheiro na Previdência é resultado da incompetência dessa gente que está hoje
destruindo o país...".
Ele
voltou a criticar os meios de comunicação, tendo afirmado que "Eu nem vejo mais televisão, nem leio mais
jornais, porque todo dia é uma desgraceira contra o Lula. Querem que a
sociedade esqueça que o Lula existiu".
Em
seguida, o petista não se conteve e se comparou, pasmem, a Tiradentes, ao
afirmar que "O engano deles é achar
que existe um ser humano insubstituível. Em 1792, mataram Tiradentes,
esquartejaram ele, salgaram ele, para que ninguém nunca mais pensasse em
independência no Brasil (sic). O
problema deles não é o Lula. Eles estão enganados. É enfrentar as milhões de
pessoas que querem ter direitos (sic)", tendo concluído que também foi
"esquartejado" e "salgado".
No
caso lamentável e imperdoável do maior herói nacional, o mártir Tiradentes, a
imolação pública foi justificada por causa das mais nobres atitudes dele em
defesa dos interesses do Brasil, conquanto o “esquartejamento” do político de
agora teria possivelmente motivação algo exatamente contrário às causas nacionais, à vista da roubalheira disseminada
nos recrimináveis escândalos do mensalão e petrolão, ocorridos justamente nos
governos de quem se julga injustiçado, embora os resultados dos levantamentos e
das investigações da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e a Justiça
Federal não deixem dúvidas sobre a sua participação nos fatos deletérios e
prejudiciais aos interesses do pais.
Fato
é que, a bem da verdade, de inocência propriamente, nada foi até o momento ainda
comprovado, considerando, ao contrário, que o político já foi condenado pelo
juiz da Lava-Jato à prisão, no caso do tríplex do Guarujá, que, segundo a
sentença pertinente, ele foi pago por meio de propina da empreiteira OAS, além
de ele continuar vinculado à Justiça, respondendo como réu a, pelo menos,
outros cinco processos, por vários crimes não condizentes com atividades
político-partidárias.
Em
outro evento, na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
para marcar o lançamento do livro "Comentários
a uma sentença anunciada: o processo Lula", com artigos de juristas
organizados por professores de Direito, o político disse que integrantes da
força-tarefa da Lava-Jato compõem um partido político e que a esquerda precisa
"juntar os cacos" para
vencer em 2018.
Por
natureza, os inocentes são humildes, compreensivos e serenos, porque sabem que
não devem nem precisam provar nada a ninguém, porque os fatos falam por si sós
e a Justiça tem a sapiência suficiente para avaliá-los com a devida serenidade
dos justos, para o fim de proclamar a inculpabilidade de que for realmente merecedor
de tal benefício.
Pelo
menos nos países sérios e civilizados, onde os políticos são absolutamente
cônscios da sua responsabilidade cívica e pública, não existe a menor
possibilidade, em termos de razoabilidade e plausibilidade, de alguém declarar
já ter provado sua inocência com cabedal de complicação na Justiça, como no
caso da comprovada situação adversa de ter sido recém-condenado em um processo
à prisão, ou seja, com culpa formada, e ainda responder a cinco processos na
Justiça, como réu, i.e., com denúncia aceita formalmente pelas suspeitas das práticas
dos graves crimes de tráfico de influência, obstrução de Justiça, organização
criminosa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, que são indiscutivelmente
incompatíveis com a dignidade que se exige dos homens públicos, que precisam
comprovar, de forma permanente, idoneidade e conduta ilibado, para o exercício
de cargos públicos.
Não
há a menor dúvida de que homem público com tal raciocínio mostra-se alheio à
realidade dos fatos e acena por possuir enormes dificuldades para compreender a
real dimensão do imbróglio representado pelas demandas em tramitação na
Justiça, que são fruto de suspeitas de irregularidades graves, transformadas em
investigações, cujos resultados são denunciados ao Judiciário, que julga as
ações com base em provas materiais e substanciais.
Caso
contrário, quando o magistrado julgar com base em provas inexistentes ou elementos precários, sem o imprescindível atendimento
dos requisitos legais, ele comete crime de prevaricação, por condenar alguém
sem a devida observância à confirmação da materialidade, das provas substanciais
legalmente válidas, o que significa dizer, com isso, que não vale a pena os
verdadeiros inocentes ficarem esbravejando e agredindo aqueles que os julgam,
porque o remédio da reparação da injustiça se encontra na própria Justiça, que
não pode deixar de cumprir a sua nobre missão institucional de julgar os
casos sob a sua competência jurisdicional, mesmo que os envolvidos sejam integrantes
da nata da ainda poderosa política nacional. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 18 de agosto de 2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário