sexta-feira, 25 de agosto de 2017

À espera de boas lições

A deputada federal do PT-RS que se envolveu em entrevero com outro parlamentar prestou depoimento no Supremo Tribunal Federal, na ação penal em que este último é réu por injúria e apologia ao crime de estupro.
Demonstrando estar abalada, a petista declarou que espera “que se faça justiça diante de toda incitação ao crime”, por entender que o parlamentar, que é cotado na corrida ao Palácio do Planalto, no próximo ano, “tem sido um líder do ódio”.
A deputada é autora de uma das duas denúncias que foram recebidas pelo Supremo contra o deputado carioca, a qual teve origem em declaração do deputado, em 2014, de que “não estupraria a deputada federal Maria do Rosário (PT/RS) porque ela não mereceria”.
Depois do depoimento no Supremo, a deputada disse que “O pronunciamento deste parlamentar gerou uma onda de ódio imensa que atinge não só a minha pessoa mas atinge as mulheres. Principalmente as mulheres, mas também gays, lésbicas, negros, negras, indígenas, a toda uma série de pessoas que sofrem por serem atacados pela identidade, pelo que são. E, no Brasil, a cada 11 minutos, uma mulher é estuprada. Então tratar estupro como algo banal, como algo que um homem decide se uma mulher merece ou não, é condenar as vítimas e incitar ao crime”.
Ela disse que “Eu busco uma condenação, não por mim, mas para que cesse esse sofrimento e essa incitação ao ódio que não pode ter mais lugar no Brasil. Temos que dar um ponto final na incitação ao ódio. E ele tem sido um líder do ódio”.
A petista disse que tem recebido ameaças e o número subiu bastante desde a semana passada, quando o Superior Tribunal de Justiça confirmou a condenação ao deputado a pagar a ela a indenização de R$ 10 mil, por danos morais.
Ela confirmou que, “Depois da vitória no STJ, até hoje, nós já recebemos 10 mil ataques, ameaças, via internet, alguns com som, gravados. Alguns já identificados. Ameaças de estupro, de morte. Isso tudo move uma onda de ódio, e o que nós estamos mostrando no STF é que isso acontece a partir do pronunciamento deste parlamentar. Se todos temos responsabilidade com a lei e com a dignidade humana, quanto mais alguém que tem responsabilidade pública, que é ouvido, que tem seguidores, que tem liderado. Ele hoje tem liderado atitude de ódio e de ameaça não só à minha pessoa, mas a muitas mulheres”.
Embora a petista tente passar a imagem de “Mulher Maravilha”, de vítima, todo esse lamentável imbróglio começou quando ela resolveu se indignar contra a defesa que o deputado carioca fazia em favor da redução da maioridade penal, justamente para punir os menores delatores, como um estuprador e homicida de Santa Catarina, que barbarizou com o máximo possível da tortura, até a morte, dois jovens e praticamente ele ficou impune, depois dessa tragédia.
Não se sabe ao certo se é verdadeiro, mas há notícia de que a deputada teria saído em defesa dos direitos do delinquente, que era de menor, que nem precisava da defesa dela para continuar no mundo da bandidagem, eis que criminosos de menoridade penal, por mais monstruoso que seja o crime por ele cometido e caso seja preso, não fica mais de três anos em unidade de ressocialização, que tem sido verdadeira faculdade avançada da criminalidade.
Diante desse terrível episódio, a deputada houve por bem agredir o parlamentar carioca, chamando-o de estuprador, quando ele retrucou incontinenti, dizendo que não a estupraria, porque ela não merecia.
É bom que se diga, a bem da verdade, que o deputado não pode ser acusado se ser líder do ódio, somente porque ele a agrediu com palavras à altura da provocação dela e tanto isso é fato que o parlamentar não costuma discursar incitando o ódio ou coisa do gênero, cuja prática tem sido bastante comum do lado partido que já se destacou com a célebre posição de “nós” contra “eles”, deixando patente o rancor estampado contra aqueles que não comungam na mesma cartilha ideológica da esquerda.
A verdade é que o deputado, por momento que jamais deveria ter descido ao nível que chegou, ao proferir palavras não apropriadas para o contexto social, pode até ser punido só por isso, como vem sendo por ato indevido, mas não tem o menor cabimento que ele seja tachado de disseminador da apologia ao ódio e ao estupro, porque esse sentimento não é próprio das suas formação e conduta morais, conforme mostra o seu histórico de vida pública.
É bom que se diga que, no caso vertente, não tem validade a invocação à prerrogativa constitucional da imunidade parlamentar, segundo a qual “os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”, porque, à toda evidência, a agressão verbal de que se trata não condiz em nada com opiniões, palavras e voto no exato sentido  do texto constitucional, haja vista que ela foi muito além disso, conforme já reconheceram assim os ministros da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal.
Uma das grandes virtudes do homem é a possibilidade de reconhecer seus erros, não importando a sua posição social, a sua relevância na vida pública ou simplesmente na comunidade onde milita, como cidadão comum.
Salvo alguns fanáticos e defensores bestiais do machismo, as pessoas normais, que valorizam os princípios humanitários e respeitam o ser humano, nos exatos termos como gostariam de ser respeitadas e tratadas, com a devida dignidade própria de quem tem sensibilidade capaz de compreender como realmente machuca e fere qualquer forma de agressão, física ou moral.
Ademais, diante dos avanços e das conquistas da humanidade, não faz mais sentido que as pessoas fiquem se agredindo, normalmente a pretexto que não faz o menor sentido, em termos de aprendizado e de valorização dos sentimentos humanos.
É até possível que, na idade da pedra lascada, se justificasse que as pessoas ficassem se digladiando, com frequência, a troco de nada, exatamente porque naquela época elas, além de desconhecerem os verdadeiros instintos da racionalidade, não tinham o real sentimento, como tem na atualidade, sobre a consciência quanto ao sublime valor da fraternidade, da concórdia, da compreensão, da paz e principalmente do amor, que precisam ser cultuados entre as pessoas modernas e civilizadas, principalmente entre aquelas que exercem cargos públicos, por força de representação emanada do povo, que espera que as atividades deles, na vida pública, sejam cercadas de bons exemplos de dignidade e decência, de modo que as suas posturas sirvam de importantes lições para a humanidade, que tanto precisa engrandecer por meio dos ensinamentos das atitudes elevadas, sensatas, tolerantes e sobretudo dignas do respeito ao seu semelhante.
O certo é que a consciência mansa e pacífica do ser humano já se posicionou no sentido de que ninguém pode se escudar na imunidade parlamentar ou no poder da sua posição social para agredir alguém, com palavras impróprias e indevidas, justamente porque não tem o menor cabimento que essa prerrogativa possa permitir qualquer forma de violação à dignidade das pessoas, não importando que elas também possam ter cometido crime semelhante, porque ele é igualmente censurável e reprovável. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 25 de agosto de 2017

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