Discursando para plateia de militantes, o líder-mor
do petismo ignorou o risco de prisão pela condenação de nove anos e seis meses,
que o assedia, para vaticinar: “Esperem
as eleições de 2018, que nós vamos voltar...”.
O político revelou que procura se manter em forma
física e costuma exercitar outros músculos além da língua, ao afirmar que “Tenho 71 anos de idade. Estou novo, garotão.
Faço duas horas de ginástica por dia. Levanto às cinco da manhã. Estou quase
ficando bombado. Faço 7 km todo dia, além da musculação — faça chuva ou faça
sol. Quero mostrar que um velhinho de 72 anos, com tesão por esse país, vai
fazer muito mais do que um jovem sem tesão”.
Tendo o cuidado de não citar seu envolvimento com a
Operação Lava-Jato, o político apesentou-se como perseguido político, como se
não fosse alvo de graves acusações de envolvimentos com atos de corrupção, e,
no seu peculiar jeito de grandeza e superioridade, afirmou que seus algozes
prejudicam os brasileiros, nestes termos: “... Se eles querem fazer alguma coisa comigo, se eles querem evitar que eu
tenha a possibilidade de concorrer em 2018, se eles querem julgar o meu governo
é uma coisa. O que eles não podem — por uma questão moral, política, de
decência e de respeito — é, para me prejudicar, prejudicarem 204 milhões de
brasileiros, sobretudo a maioria do povo trabalhador...”.
Já tendo sido sentenciado
por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo juiz da Lava-Jato, e réu em
cinco ações penais, o político sentenciou que “Se tiver corrupção, tem que ser preso quem roubar. Empresário roubou,
tem que ser preso. Político roubou, tem que ser preso. Juiz roubou, tem que ser
preso. Qualquer um que roubar.”.
Ele entende que, no que se refere ao seu partido, o
que mais incomodou os rivais não foi a corrupção, mas a ascensão social dos
pobres.
Com respaldo em autocritérios, o político ressaltou
as inigualáveis excelências da sua gestão presidencial, ao afirmar que “O Brasil era respeitado internacionalmente.
O Brasil ficou um país popstar, mais do que o Neymar está hoje. As pessoas só
falavam do Brasil lá fora.”.
Só que agora, totalmente ignorado por ele, o Brasil
continua sendo falado no estrangeiro sob a imagem negativa da corrupção projetada
a partir do mensalão – adentrando pelo petrolão -, quando o país foi
literalmente pendurado de ponta-cabeça nas manchetes da mídia universal como
uma das nações mais corruptas do planeta, graças à omissão do governante de
então que nada fez para apurar os fatos e punir os culpados, talvez por
entender que isso faz parte de modelo de honestidade que defende com maior
ardor, por se julgar imune às suspeitas sobre deslizes na vida pública.
Não obstante, cada vez mais perto das grades do que
propriamente das urnas, o político imagina inverter a realidade dos fatos, com severas
ameaças à força-tarefa da Lava-Jato, ao sentenciar que “Eu vou processá-los por danos morais. A coisa não fica barata, não.
Eles não sabem o que é mexer com Garanhuns. Se tem político com rabo preso e
está com medo, é problema de quem está com rabo preso. Se tem político que não
quer abanar o rabo porque está com medo, é problema dele. Comigo eles vão ter
que provar, custe o que custear, demore o quanto demorar”.
Ainda no seu arroubo megalomaníaco, o político
atirou flecha venenosa em direção ao presidente do país, que agora comemora o arquivamento,
na Câmara dos Deputados, da denúncia em que a Procuradoria Geral da República o
acusa de corrupção passiva, ao fazer a seguinte ameaça: “O Temer, que gastou anteontem R$ 14 bilhões para comprar 260 votos, não
perde por esperar. Até a vitória do nosso partido!”.
Acontece que o peemedebista parece ter se revelado
bem mais preparado do que a ex-presidente petista, à frente das negociatas do poderoso
balcão de compra da consciência dos parlamentares, embora certamente ele perde
de longe para o próprio petista, que se sobressaiu imbatível nas negociatas com
os congressistas, por todo seu mandato, como no caso do peso da dinheirama
desviada dos esquemas do mensalão e do petrolão, conforme mostram os resultados
das investigações e das decisões judiciais.
No momento, conviria que os brasileiros meditassem
e refletissem profundamente, quanto ao que será melhor para o Brasil, à vista
dos vastos exemplos, uns bons e outros ruins deixados pelos governos petistas,
que tiveram resultados favoráveis e outros não tão dignos, que projetam o
Brasil internacionalmente, pelos mesmos motivos meritórios e outros desagradáveis.
Não obstante, no frigir dos ovos, o que resta mesmo
é a imagem de um país destruído e arruinado pelo flagelo da incompetência
administrativa; da irresponsabilidade na gestão das contas públicas; do
desprezo aos princípios da moralidade, com a implantação de seguidos esquemas
de corrupção, a exemplo do mensalão e do petrolão; da falta de priorização às
prementes reformas conjuntural e estrutural do Estado; da agressividade
tributária, que agride o bolso do trabalhador e reduz a produção e o consumo; da
falta de investimentos em obras públicas; da péssima prestação dos serviços
públicos; da onipotência dos homens públicos, que ascendem ao poder para se
beneficiar da sua influência, em detrimento do interesse público; e de tantas
mazelas e indiferenças que não condizem com o verdadeiro sentimento de
atividades política e administrativa, no sentido de servir ao bem comum, que tem
por finalidade o atendimento ao real interesse social.
Os
brasileiros precisam se conscientizar de que nada acontece de diferente nem de melhoria
para o país se não houver esforços no sentido de compreender os reais objetivos
dos homens públicos que disseminam ideologias que somente servem para
contemplar seus objetivos pessoais e partidários, enquanto as causas maiores da
nação ficam prejudicadas, notadamente no que diz respeito às reformas do
Estado, com total abrangência e profundidade, como forma imperativa de eliminação
das arraigadas mazelas e precariedades que estrangulam o desenvolvimento
socioeconômico, a exemplo dos resultados dos governos recentes, que tiveram
concomitantes avanços e regressões, sem que houvesse mínima contribuição para o
benefício social.
Convém que a sociedade se disponha a repensar o modelo
político-administrativo do país, para o fim de aperfeiçoá-lo e modernizá-lo à
luz da realidade que procure adequar as atividades do Estado exclusivamente a
serviço do bem comum e do interesse público, com embargo das ideologias
populistas que visam, de forma escancarada, agressiva, inescrupulosa e até
insana, a satisfação de interesses pessoais e partidários, em detrimento do
desenvolvimento da nação. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de agosto de 2017
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