quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Somente frases de efeito?



          Como tem sido do seu feito, o ex-presidente da República petista repetiu o surrado discurso que tem marcado sua caravana pelo Nordeste, ao atacar, com veemência, as "elites do país".
O político enfatizou que "A perseguição que eles estão fazendo não é contra o Lula, porque o Lula tem idade o suficiente e já apanhou demais. O que eles estão tentando é tirar do povo brasileiro as conquistas que nós tivemos".
Para a reduzidíssima plateia que ocupou um terço do espaço reservado para seu comício no centro de uma cidade do interior do Rio Grande do Norte, o político elencou programas como Bolsa Família, Luz Para Todos e a criação de universidades federais como conquistas dos governos do PT.
Na presença do prefeito petista da cidade, o político também destacou o projeto de transposição do Rio São Francisco como conquista de seu governo para o Nordeste, mas ele não disse que as obras deveriam ter sido inauguradas, no máximo, até 2012, mas ainda se encontram em construção e os recursos previstos, inicialmente, pularam de R$ 2 bilhões para mais de R$10 bilhões e não há previsão para a sua finalização, porém já se sabe que bilhões se escoaram pelos ralos dos desperdícios e da roubalheira, quando também é notório que as obras públicas têm a mão carregada da fraude e da propina para a classe política, que se encarrega de cuidar do filé dos recursos públicos destinadas às obras de grande porte.
Em harmonia com o seu espírito demagógico de ser, ele repetiu que havia tomado, mais cedo, um "copo de água" em Campina Grande, na Paraíba, como resultado do projeto de transposição, quiçá não tenha sido água mineral, dessas de garrafa plástica.
O portal UOL mostrou que antes da visita do político, o governador do Estado, aliado dele, havia anunciado a suspensão de racionamento de água que atingia 700 mil pessoas, em 19 cidades, desde dezembro de 2014, pondo por terra o entusiasmo disseminado pelo petista, que não perde oportunidade para mostrar muitas de suas ações que não passaram de projeto.
É extremamente lamentável que o maior político brasileiro da atualidade se digne a se encontrar com o povo do Nordeste, que ele o tem como fiel seguidor, municiado tão somente de ideais de cunho visivelmente de proteção à sua pessoa, quando só sabe repetir que é perseguido por “eles”, sem citar seus nomes, como se o político vivesse eternamente correndo da perseguição de fantasmas.
Noutras vezes, inventa a perseguição vinda das “elites”, também sem mencionar nomes, mas todos sabem que as elites que o importunam agora devem ser aquelas que sempre estiveram com ele no seu governo, que são os empresários da Odebrecht, OAS, JBS e muitos outros que estão sendo investigados, juntamente com ele na Operação Lava-Jato, em razão das suspeitas sobre a prática dos crimes perpetrados contra os cofres da Petrobras, que foram gravemente dilapidados por fortíssimo esquema de corrupção jamais visto na história da República, graças ao aparelhamento implantado pelo governo dele, naquela estatal.
Convém se atentar que muitas realizações possivelmente alegadas sob a sua autoria, como a execução do Bolsa Família, do Luz Para Todos e da criação de universidades federais como conquistas dos governos do PT, não seriam capazes de compensar o tanto de precariedade deixada como herança maldita, a exemplo da recessão econômica, que contribuiu para elevar a monstruosidade de mais de 13 milhões de desempregos; da elevação dos juros; da inflação alta; da desindustrialização; da queda do consumo; da falta de investimentos público e privado; da falta brusca da arrecadação; enfim, do descrédito da gestão do governo petista, que conduziu o país ao abismo e foi punido pelas agências de classificação de risco, com o rebaixamento do grau de investimento do Brasil, fazendo com que os investidores estrangeiros fossem embora, levando consigo o seu capital.
Por seu turno, não é de bom tom que o político se apresente para o povo do Nordeste se passando por eterno coitadinho que vive o tempo todo apanhando, como ele diz que “já apanhou demais”, porque a sua realidade é bem outra, de ostentação e de glória quando se encontra no poder, que nem se lembra das suas frases de efeito, na vã tentativa de impressionar a pobreza que ele diz que a encarna, como se ele fosse exatamente um pobre coitado que não tem a menor ideia porque vem sendo investigado na Operação Lava-Jato.
Aliás, aquela operação vem mostrando o que ele é capaz, porque, com o cabedal de conhecimento e de experiência dos integrantes da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça Federal, que conduzem com competência os levantamentos pertinentes aos fatos suspeitos de irregularidades, nenhuma denúncia teria seguimento se sobre ela não houvesse provas devidamente materializadas e o juiz não teria condições de condenar ninguém se os indícios encontrados não fossem robustos, sob pena de incorrer em crime de prevaricação, tanto quanto em se tratando do envolvimento de ex-presidente da República, que tem o dever moral de jamais ser suspeito por qualquer ilicitude, por mais tênue que possa ser.     
Os brasileiros e especialmente os nordestinos esperavam que o político tivesse a humildade de se dirigir àquele povo sofrido, mas extremamente honrado e digno, para reconhecer seus erros na condução do país com as potencialidades do Brasil, que causaram astronômicos prejuízos aos interesses nacionais, a par de enterrar de vez essa medíocre ideia de perseguição por fantasmas, que somente são enxergados por aqueles que têm dificuldade de ver que o rei está nu.
A realidade clama por urgente mudança de mentalidade, em especial no sentido de que os homens públicos precisam se conscientizar de que as atividades públicas não têm mais espaço para quem mente, trapaça, acusa, ameaça, se promove, se vangloria, se endeusa e se encanta ao extremo por algo que apenas foi feito absolutamente no âmbito sua obrigação funcional como agente público, por ser mero administrador da coisa pública, sem que isso implique qualquer forma compensatória, eis que o eleito foi devidamente pago para promover senão o bem comum. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 31 de agosto de 2017

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