quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Repúdio à turania

A ditadura bolivariana pode ter sido consolidada com a criação da Assembleia Constituinte eleita exclusivamente por pessoas simpatizantes integradas ao chavismo, cujas consequências certamente serão potencializadas com mais tragédias em todos os segmentos da administração do país.
Aquele país se encontra sufocado e mergulhado em verdadeiro mar de graves crises econômica, política, social, administrativa, entre outras que refletem diretamente na vida dos venezuelanos, principalmente no que diz respeito à fome, diante da falta crônica de alimentos e de dinheiro para se comprar comida e das doenças se acumulam por falta de assistência médico-hospitalar, com o aparecimento de doenças endêmicas, como difteria e malária, que começam a causar mortalidade na classe mais pobre.
A falta de remédios se confirma com o desabastecimento das farmácias, que não têm condições de reabastecer seus estoques, enquanto os hospitais e as unidades de saúde funcionam praticamente em precariedade como se o país estivesse em plena situação de intensa guerra, cheios de doentes e sem condições de atendimento mínimo aos necessitados.
A tragédia que se abate sobre a Venezuela vem se arrastando de longo data, a partir desde quando a revolução bolivariana vem governando sob excepcionais poderes concedidos ao presidente do pais, que, com mão de ferro, impôs ferrenho controles sobre a sociedade, a imprensa, o Judiciário e o Legislativo, cujo governo ainda cuidou de criar milícia própria para agredir, sem piedade, a população que se opõe ao sanguinário regime socialista.
Desde o começo dos conflitos entre a população e os defensores do chavismo, o país já contabiliza aproximadamente 120 mortes, que é o resultado da luta fraticida, extremamente injusta que jamais poderia ter acontecido, caso o governo tivesse agido com o sentimento humanitário, evitando o enfretamento desnecessário contra pessoas desarmadas.
Não há a menor possibilidade de a violência ser arrefecida naquele país, tendo em vista que a implementação das medidas necessárias à consolidação dos poderes ditatoriais atropela, de forma truculenta, os direitos humanos, a individualidade das pessoas e os princípios democráticos, em total contrariedade aos comezinhos sentimentos de civilidade.
Agora, os Estados Unidos, a par de qualificar o presidente venezuelano de "ditador" e de lhe aplicar punição individual, consideraram a votação da Constituinte de “ruptura da ordem institucional”.
Por sua vez, o Mercosul deverá impor suspensão à Venezuela, com base na cláusula democrática, depois da recusa da oferta de o bloco mediar a disputa com a oposição.
No passado, os governos petistas demonstravam incontida simpatia pelos ditadores venezuelanos, o que se foi e o atual, cortejando-os com substanciosos financiamentos para obras naquele país, que beneficiaram o seu povo, ficando os brasileiros a ver navios carregados de dinheiro para aquele país.
O certo é que os governos brasileiros anteriores contribuíram para fomentar o crescimento da monstruosidade de governo ditatorial, bem próximo das fronteiras brasileiras, sob o risco de se ameaçar a estabilidade regional e se consolidar verdadeira tragédia humanitária, como mostram os fatos.
No âmbito da sua liderança regional, o Brasil deixou de construir mecanismos que pudessem ter contribuído para minimizar a fúria chavista pela absoluta dominação da população, de forma ditatorial como se vê agora, de modo que o monstro não teria as garras tão fiadas e potentes com a capacidade de esmagar tudo à sua frente, se tornando o senhor do poder e da razão.
À toda evidência, o desastre que ocorre na Venezuela se circunscreve no âmbito do seu território, mas os organismos internacionais, liderados pela Organização das Nações Unidas, não podem ficar de braços cruzados diante brutal tragédia, tendo o dever especialmente humanitário de intervir e pressionar o governo daquele país com ações contra a tirania e a opressão, por meio de medidas comerciais e diplomáticas capazes de exigir dele o respeito aos direitos humanos e aos princípios democráticos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 2 de agosto de 2017

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