terça-feira, 29 de agosto de 2017

De quem é a culpa?

O ex-presidente da República petista comentou, em entrevista concedida durante a sua passagem pelo Nordeste, na caravana que percorrerá 28 cidades, em 20 dias, sobre o crescimento do deputado carioca que vem subindo nas pesquisas de intenção de voto para as próximas eleições presidenciais.
O político foi categórico em afirmar: "Eu acho que tem muito a ver, primeiro, com a negação da política, ou seja, toda vez que você começa a trabalhar contra a política, o que vem depois da política é pior do que o que havia antes. Quando você começa, de forma sistemática, a dizer 'nada presta, tudo está errado', aí o resultado é isso. É alguém que se diz um político diferente, ou alguém que não se diz político, querer ocupar esse espaço".
Em que pese a indagação ter sido feita fazendo referência ao citado parlamentar, o político enfatizou que não iria responder à pergunta mencionando o nome de nenhum político.
Em seguida concluiu seu pensamento, afirmando com palavras duras que "essa figura, no fundo, é resultado do analfabetismo político no Brasil. Você passa a compreender que fora da política você vai encontrar um cara que é diferente, que pode resolver, ou um político grotesco como essa figura, agressivo, que ofende as mulheres, que ofende negro. É um cidadão que não tem um mínimo de respeito com as pessoas".
Para ser mais incisivo ainda, o político defendeu que os eleitores precisam rejeitar esse tipo de postura, porque "O brasil tem de negar isso".
É engraçado que, sem fazer maiores comentários, o vídeo com esse trecho da entrevista foi postado pelo próprio deputado, em seu perfil nas redes sociais, dando a entender que ele apenas está colecionando os comentários sobre seu respeito, muito bem quietinho, no seu quadrado, para depois analisar, de forma ponderada a seu modo, com os pormenores que ele achar conveniente sobre tudo isso, podendo se imaginar, desde logo, que pode vir chumbo grosso, no momento que a cobra fumar o cachimbo.
Quem apenas ler o texto, sem a preocupação de identificar a sua autoria, vai logo imaginar que foi dito ou escrito por qualquer pessoa, menos pelo maior político da atualidade.
Não que o sentido da afirmação não tenha sido exatamente como foi dito, mas para quem já foi tantas vezes acusado de ter se beneficiado da votação maciça de pessoas da classe menos esclarecida, mal informada, incluindo aí justamente os analfabetos, diante da falta de acesso às informações sobre a situação de gravidade que se encontra o país, à vista dos resultados das desastrosas políticas adotadas nos governos petistas, a assertiva não poderia ter sido tão inadequada e descabida pela agressão com palavras contra segmento social de amplitude nacional, porquanto ele não se cansa de dizer que o encarna como sendo um de seus integrantes, por saber falar a sua linguagem e compreender as suas ansiedades.
Por sua vez, causa estranheza que o político tenha sido tão insensato em agredir um deputado pré-candidato à Presidência da República, inserindo-o em contexto gracioso e absolutamente fora de propósito, senão de procurar denegrir a imagem dele e, de forma visivelmente impensada e indevida, a figura do sempre respeitado analfabeto, que tem sido eterno prejudicado pela falta de políticas públicas visando à erradicação do analfabetismo, que é filhote nutrido e crescido de governos que nunca se preocuparam com o cuidado e o carinho que os analfabetos merecem, como forma de dignificação do ser humano, que vive no breu do saber e do conhecimento.
A verdade é que não houve o menor interesse, pelo menos por parte dos últimos governos, em priorizar a erradicação do analfabetismo no Brasil, exatamente por não haver a menor possibilidade da quebra do forte elo que une as pessoas analfabetas com os políticos inescrupulosos, diante dos inquebrantáveis laços de aproximação existentes entre eles e os políticos potencialmente populistas, que têm absoluta consciência de que esse vínculo de extrema cumplicidade jamais poderá ser interrompido, sob qualquer pretexto, porque a consciência política orienta que a cultural do analfabetismo é de extrema importância para a consecução dos projetos de absoluta dominação das classes política e social, bem assim da conquista do poder e da sua perenidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de agosto de 2017

Obs.: Neste artigo, aparece uma figura que muda de paisagem que, por ocasião da postagem, se instalou no meio do texto, e eu não consegui deletá-la. Com as minhas escusas pela falha absolutamente alheia ao meu controle;  

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