O
presidente da República chegou ao cúmulo do ridículo de, sem mais nem menos, pedir
para ser aplaudido pela plateia pelo ineditismo de não ter conseguido mandar
para o Congresso Nacional proposta de aumento da Tabela do Imposto de Renda,
que sua equipe econômica pretendia empurrar de goela abaixo dos bestas dos
contribuintes.
Em
evento com empresários, o peemedebista pediu aplauso da plateia porque teria desistido
de aumentar o Imposto de Renda de Pessoa Física, fato este que foi considerado muito
interessante e inédito na política brasileira, diante de político importante se
dignar a pedir para ser cumprimentado por algo que sequer teve competência para
implementá-lo.
O
que se sabe é que o presidente desistiu de aumentar a Tabela do Imposto Renda
porque não teve condições políticas e quiçá morais para fazê-lo, diante da
fragilidade quanto à justificativa para a sustentação do seu intento, que teria
sido lançado por ele, como balão de ensaio, mas a resposta foi pela total
desaprovação por parte do Congresso Nacional e principalmente da sociedade, que
não suporta mais nem falar em possível aumento de tributo.
À
toda evidência, a medida cogitada pelo presidente se tornou mesmo inviável
porque a carga tributária já é insuportável e a economia ainda se encontra em
crise e com dificuldades para recuperação, além do fato de que o aumento do
percentual do Imposto de Renda poder atingir tanto a alta renda como os menores
salários, com reflexos na produção e no consumo.
É
indiscutível que o presidente do país, no momento, não tem condições mínimas para
aprovar, no Congresso, matéria nenhuma de interesse do governo, principalmente
em se tratando de questões polêmicas, a exemplo de aumento de imposto, à visto
do que acontece, na prática, com a reforma da Previdência, que corre o risco de
não ser apreciada pela Câmara dos Deputados, exatamente por falta de apoio da
sua base parlamentar, o que poderá contribuir ainda mais para agravar o déficit
das contas públicas, que mostram rombo estratosférico.
Na
atualidade, após o advento das delações dos executivos do grupo JBS, o
peemedebista foi transformado em presa fácil do Congresso, passando a ser
tratado como verdadeiro refém, quando antes contava com base parlamentar sólida
e conseguia transitar no seio deles como hábil articulador, com capacidade para
aprovar, com tranquilidade, qualquer matéria, sem a menor dificuldade.
Não
obstante, a mudança de comportamento foi repentina e radical, ao se perceber
que ele precisou pagar caro a consciência de inescrupulosos deputados, para
conseguir votos suficientes para impedir autorização para o Supremo Tribunal
Federal investigar a denúncia do procurador-geral da República, que o acusa da
prática do crime de corrupção passiva, em razão de um auxiliar próximo dele ter
sido flagrado com mala recheada de dinheiro sujo, advindo de propina.
Embora
o governo tivesse comemorado a pseudo-vitória pela paralisação da aludida investigação,
há forte indicativo de que essa vitória de Pirro se transformou em verdadeira
desgraça do governo, que passou a ser figura submissa aos poderes conquistados
por aqueles que deram seu voto nesse imbróglio da denúncia.
Sabe-se,
agora, que depois disso os partidos fisiológicos pretendem se beneficiar com a
fragilidade do governo, porque será facilitado o atendimento de seus pleitos,
na forma da liberação de emendas parlamentares e de cargos na administração
pública, pelo menos até o término de seu governo.
O
famigerado "Centrão", que congrega a parte mais fisiológica dos
parlamentares, já deu o tom das conversas e o ultimato ao governo, tendo avisado
que o apoio contra a derrubada da denúncia será cobrado muito caro, com alerta
de que outras denúncias já estão sendo engatilhadas pela Procuradoria Geral da República,
o que vale dizer que o presidente se tornou de vez eterno refém e ainda
chantageado por perversos e aloprados parlamentares profissionais, visivelmente
transviados de representantes do povo, tão somente com o propósito de conseguir
a satisfação de seus interesses, por meio da influência do poder.
A
verdade é que as relações entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional
foram transformadas em indiscutível mar de chantagem explícita sob o comando e
controle de alguns parlamentares, que sabem que o presidente do país já não tem
condições de governar e implementar as prementes reformas sem atender às suas
absurdas e imorais exigências, que condicionam seu apoio à liberação de recursos
públicos, por meio de emendas parlamentares, e de cargos públicos, em
permanente alimentação do círculo vicioso do indecente balcão de moeda de troca
materializado pelo recriminável “toma lá, dá cá”, cujas negociatas terminam
sobrando para a sociedade, que é, enfim, quem paga o preço da incompetência da
administração do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de agosto de 2017
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