A caravana do maior político brasileiro, nas
terras nordestinas, começará nesta quinta-feira e se estenderá até 5 de
setembro, partindo da Bahia e terminando no Maranhão, tendo por principal objetivo
a aproximação dele com a população e os políticos da região.
Não
obstante, mesmo antes do seu começo, a caravana já motiva polêmicas em algumas
cidades onde a agenda do político também inclui homenagens que serão prestadas
a ele, mas surgiram múltiplas discórdias entre os políticos pró e contra o petista.
Consta
que receberá, na Paraíba, o título de cidadão de João Pessoa, depois de 20 anos
da sua concessão, mas veio à tona uma espécie de "compensação", já que a entrega de título de doutor honoris causa a ele não foi
confirmada pela Universidade Federal da Paraíba, em que pese seu partido já ter
divulgado tal evento.
Por
sua vez, a Mesa Diretora da Câmara já ter informado que não participará do evento,
nestes termos: "Não vamos
participar. Entendemos que é um contrassenso entregar um título a alguém
condenado por corrupção", na voz do vice-presidente da Casa.
Em
Alagoas, estaria prevista a entrega ao político do título de doutor honoris causa, mas o reitor da
Universidade do Estado disse que teria sido ameaçado de morte quando do anúncio
da concessão da homenagem.
Na
Bahia, a Universidade Federal do Recôncavo teria anunciado a entrega de
honraria semelhante, mas um vereador por Salvador entrou com ação popular na
Justiça Federal, alegando que "A
gente não pode achar normal que se conceda uma honraria a uma pessoa que foi
condenada. Criminoso não merece título, merece sentença".
Um
ex-governador petista defendeu o político, afirmando que "Quem sabe, se trabalhar, ele pode chegar ao
nível que o presidente Lula chegou".
Ainda
na Bahia, seria realizado ato pelo PT no Cerimonial Pupileira, administrado
pela Santa Casa da Bahia, mas o evento foi transferido para a área interna do
estádio da Fonte Nova, porque a administração da Santa Casa vetou o uso do
local, sob a alegação de que seria inadequado para eventos políticos.
Para
variar, em Sergipe também surgiu confusão, onde um vereador do PRB entrou com pedido
de anulação do título de cidadão que será concedido ao político, sob o
argumento de que a homenagem foi aprovada em regime de urgência, em desrespeito
ao regimento interno.
É
bem provável que, por onde o político passar, muitas confusões hão de surgir,
principalmente se os nordestinos perceberem que o real objetivo dessa injustificável
caravana não atende senão aos fins eleitoreiros e interesseiros dele, em exclusiva
alimentação da sua ideia fixa de retorno ao Palácio do Planalto, em que pese ele
se encontrar completamente envolvido com casos na Justiça, cercado de denúncias sobre a
prática de irregularidades, já tendo sido condenado à prisão.
Nada impede que alguém faça caravana política, mas o fato
em si evidencia, de forma cristalina, que se trata de atos políticos com a
intenção de mobilizar o povo para se posicionar contra a sentença condenatória
de nove anos e seis meses de prisão ao maior político brasileiro, que teria
praticado os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, na aquisição e
reforma de um imóvel, sem custo nenhuma para ele, o que caracteriza recebimento
de propina, conforme descreve o juiz da Lava-Jato.
Em circunstâncias que tais, conviria que o político, antes
da programação de seu périplo pelo Nordeste, se defendesse contra a condenação
que lhe foi aplicada e as demais denúncias, de modo a, liminarmente, limpar seu
no nome na Justiça, para então somente se apresentar ao povo de cara limpa e de
ficha limpa, sem mácula, porque certamente o nordestino não merece a visita de
um criminoso que acaba de ser julgado, exatamente por não ter conseguido demover
os fatos inquinados de irregulares, cuja autoria lhe é atribuída, à vista do
que consta dos autos.
É verdade que o povo nordestino até pode ser grato pelos
programas assistenciais implementados no governo dele, mas essa gratidão jamais
deveria existir, porque, se algo foi efetivamente feito em benefício dos
sertanejos, isso fazia parte tão somente da incumbência primacial do Estado de dar
assistência às família carentes financeiramente, conquanto, ao contrário disso,
de forma maquiavélica e espertíssima, os programas assistenciais do governo terminaram
sendo transformados em verdadeiros e poderosos instrumentos canalizadores de
colegial e curral eleitorais em benefício dos candidatos do partido do governo
de então, fato que não condiz com os princípios da ética e da moral.
Os nordestinos precisam se conscientizar de que os homens
públicos não bastam dizer que são honestos, porque os fatos apurados, investigados,
estão mostrando a existência de algo errado, cuja materialidade foi suficiente
para embasar sentença condenatória contra quem se diz inocente, que não teve
condições de demover a robusteza das provas constantes dos altos, pelo menos na
primeira instância, sabendo-se que o magistrado não pode condenar sem provas,
sob pena de cometer crime de prevaricação, com possível implicação até mesmo no
seu afastamento do cargo ou na perda dele, ante a sua extrema responsabilidade
de lavrar sentença condenatória, quanto mais em se tratando do envolvimento da
autoridade da relevância de ex-presidente da República. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de agosto de 2017
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