O ex-presidente da República petista criticou o
vereador de Salvador, do DEM, que teve sua ação acolhida pela Justiça, no
sentido de impedir a entrega ao petista do título de doutor honoris causa pela Universidade Federal do Recôncavo Baiano.
Um juiz da 10ª Vara Federal Civil da Bahia
suspendeu a aludida homenagem e alegou que a solenidade tinha "desvio de finalidade revelador de ofensa à
moralidade administrativa, pois outorgado às vésperas de o laureado empreender
caravana pelo Nordeste.".
O político atacou o parlamentar baiano, ao afirmar
que "Eu queria apenas falar para
esse vereador, que eu não conheço, que ele tem o direito de não gostar de mim.
E quem é do DEM não precisa gostar de mim, porque eu não gosto deles. E não por
questão pessoal, mas por divergência ideológica, concepção de política e de
inclusão social. Agora o que ele não sabe é que para mim era importante, mas eu
já recebi da universidade a decisão que eu era dono de título",
citando que vale mais "o
reconhecimento".
O político, a par de se achar vítima de perseguição,
disse que "Talvez esse vereador não
saiba que não impediu que as pessoas saibam o que eu fiz. Todos sabem o que
fiz. Ele está é com medo pelo que nós vamos fazer daqui para frente. Então,
amanhã nós vamos lá. Quero então dar um beijo na testa do reitor, dos
professores e professoras e um abraço nos estudantes, e dizer que a ação que
interessa é o reconhecimento, porque eles me deram o título porque foi um
torneiro mecânico que fez mais universidades na história desse país".
Chega a ser risível o poder imaginativo do
político, que se comparou a Tiradentes e, para ilustrar a epopeia da
Inconfidência Mineira, ele disse que havia a reivindicação de mandar menos
recursos para a coroa portuguesa, porém "Esse cidadão, em 1792, foi enforcado. Além disso, foi esquartejado,
cortaram a carne e salgaram. Isso para que ninguém nunca mais ousasse gritar
pela independência. Mas em 1822, a independência foi conquistada. Não importa
se foi um acordo, um conchavo. Aí vem a proclamação da República. E eles
fizeram ver que não tinham referência heroica. E quem eles vão buscar? Aqueles
que eles mataram em 1792. Foi a mesma elite que foi pegar esse amaldiçoado para
garantir apoio do povo à Proclamação".
Toda essa narrativa histórica era apenas para o
político citar a si próprio e lembrar que não tem medo da Justiça, tendo acrescentado:
"Por que eu digo isso? Porque a
perseguição que eles estão em mim não me põe medo. Eu estou com medo das
milhões de crianças que estão ficando desnutridas. Porque o Brasil voltou ao
mapa da fome, virou motivo de gozação no exterior. Queria dizer a eles que a
ideia da liberdade, a ideia de democracia, de participação social é muito forte.
Não adianta acabar com o Lula, já que
acabando com o Lula não acaba com isso. O problema não é o Lula, são os milhões
de brasileiros que não aceitam mais retrocesso. Se fosse eu o problema, eu
mesmo me matava".
Em outro evento, o político afirmou que hoje "tem mais gente pedindo esmola que quando
entrei na Presidência. São 14 milhões de desempregados. Queria dizer uma coisa:
se um governante governa o país e este país tem uma crise, e ele não tem
competência e começa a vender o patrimônio desse país, deveria pedir desculpas
e ir embora, porque ele não serve para esse país".
O ex-presidente ainda mandou um recado aos seus opositores,
dizendo que "Vocês vão pagar com a
mesma moeda o que fizeram com a democracia. Vocês trincaram a democracia, e
como nós acreditamos na democracia, não vamos fazer nenhum ato de violência. E
esse país tem de se preparar, porque a gente vai ter que colocar uma pessoa
democrática para governar esse país em 2018 (sic).“.
É
inacreditável como o político tece crítica às mazelas social, econômica,
política e administrativa que são indiscutivelmente próprias e advindas do governo
petista, porque o atual governo as acolheu como herança maldita e não conseguiu
se desvencilhar delas.
O político trata as desgraças sociais como se
elas jamais tivessem existindo na gestão petista, a exemplo da herança trágica da
recessão econômica, do desemprego alarmante, dos juros altos, da inflação nas
alturas, da falta de investimentos, do rebaixamento do grau de investimento do
Brasil, pelas agências de classificação de risco, e de tantas outras
precariedades imperantes na gestão petista, que foi concluída por fórceps, com
o impeachment da presidente enquadrada no crime de responsabilidade fiscal,
justamente por ter causado os piores rombos nas contas públicas.
O
país onde um condenado pela Justiça à prisão, por crime de corrupção passiva e lavagem
de dinheiro, é homenageado com o título de doutor
honoris causa, não pode merecer credibilidade, porque são situações
antagônicas e absolutamente injustificáveis para avaliação sob o prisma da
racionalidade e da moralidade, ante o desprestígio atribuído à honraria, que
serve, ao contrário, para destacar e honrar feitos em benefício e engrandecimento
das causas da humanidade.
Por
seu turno, o político até já se imagina o mártir do século XXI, ao se comparar,
pasmem, ao verdadeiro herói nacional, o Tiradentes, que realmente foi mártir
por ter participado de importante causa nacional, em defesa de interesse dos
brasileiros, enquanto a imagem do político é de decadência moral, decrepitude humana,
não somente por já ter sido condenado à prisão, mas por ser acusado por
suspeita no envolvimento de vários outros crimes, inclusive o de ser chefe de
organização criminosa, com referência ao esquema de corrupção implantado na
Petrobras, na forma das conclusões levadas a efeito por procuradores do
Ministério Público Federal, não tendo ele moral nem mesmo para se posicionar no
nível de cidadão comum, enquanto não provar, na Justiça, sua inocência nos
processos onde constam graves denúncias sobre a prática de irregularidades que
não se harmonizam com a dignidade ínsita dos homens públicos, que não podem ter
sequer pequena mancha de mácula na vida pública, ante a responsabilidade pela
gestão de recursos públicos, no caso de presidente da República.
Enfim, a análise que se pode fazer sobre o político
é que o seu pensamento ideológico se resume, basicamente, em criticar tudo e
todos, de forma reiterada e até de forma irresponsável, atrevida e abusiva,
principalmente as mazelas que ele já teve plenos poderes para eliminá-las, mas
como quem agora agradece pela existência delas, não faz nada diferente senão apontá-las,
para o fim de dizer que somente ele tem competência para eliminá-las, porque
ninguém melhor do que ele para entender a pobreza, como se ele encarnasse a
vida franciscana do pobre, ficando muito explícito que nada passa da escrachada
disseminação de pura e repugnante hipocrisia, própria do populismo que explora
a ingenuidade e a desinformação do pobre, que nem sabe que usado e explorado
eleitoralmente.
Nessa mesma linha de pobreza intelectual, sobressai
no político o instinto do homem vingador, que a todo instante surge ameaças aos
segmentos que não comungam na mesma cartilha dele, na vã tentativa de mostrar ao
povão seu poder e sua influência, como forma de impor a sua onipotência.
Urge que os brasileiros, diante das experiências de
mentiras, trapaças, desonestidades, indignidades, demagogias, incompetências,
desmoralização dos princípios, prepotências, hipocrisias e demais aleivosias, tenham
a sensibilidade capaz de refletir, avaliar e eleger os verdadeiros sentimentos
dos homens públicos que melhor se adequem à realidade do Brasil, de preferência
que eles sejam comprovadamente competentes, honestos, idôneos, sinceros,
íntegros e sobretudo dignos da confiança da nação. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de agosto de 2017
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