sábado, 26 de agosto de 2017

Simples reflexão e avaliação



O ex-presidente da República petista criticou o vereador de Salvador, do DEM, que teve sua ação acolhida pela Justiça, no sentido de impedir a entrega ao petista do título de doutor honoris causa pela Universidade Federal do Recôncavo Baiano.
Um juiz da 10ª Vara Federal Civil da Bahia suspendeu a aludida homenagem e alegou que a solenidade tinha "desvio de finalidade revelador de ofensa à moralidade administrativa, pois outorgado às vésperas de o laureado empreender caravana pelo Nordeste.".
O político atacou o parlamentar baiano, ao afirmar que "Eu queria apenas falar para esse vereador, que eu não conheço, que ele tem o direito de não gostar de mim. E quem é do DEM não precisa gostar de mim, porque eu não gosto deles. E não por questão pessoal, mas por divergência ideológica, concepção de política e de inclusão social. Agora o que ele não sabe é que para mim era importante, mas eu já recebi da universidade a decisão que eu era dono de título", citando que vale mais "o reconhecimento".
O político, a par de se achar vítima de perseguição, disse que "Talvez esse vereador não saiba que não impediu que as pessoas saibam o que eu fiz. Todos sabem o que fiz. Ele está é com medo pelo que nós vamos fazer daqui para frente. Então, amanhã nós vamos lá. Quero então dar um beijo na testa do reitor, dos professores e professoras e um abraço nos estudantes, e dizer que a ação que interessa é o reconhecimento, porque eles me deram o título porque foi um torneiro mecânico que fez mais universidades na história desse país".
Chega a ser risível o poder imaginativo do político, que se comparou a Tiradentes e, para ilustrar a epopeia da Inconfidência Mineira, ele disse que havia a reivindicação de mandar menos recursos para a coroa portuguesa, porém "Esse cidadão, em 1792, foi enforcado. Além disso, foi esquartejado, cortaram a carne e salgaram. Isso para que ninguém nunca mais ousasse gritar pela independência. Mas em 1822, a independência foi conquistada. Não importa se foi um acordo, um conchavo. Aí vem a proclamação da República. E eles fizeram ver que não tinham referência heroica. E quem eles vão buscar? Aqueles que eles mataram em 1792. Foi a mesma elite que foi pegar esse amaldiçoado para garantir apoio do povo à Proclamação".
Toda essa narrativa histórica era apenas para o político citar a si próprio e lembrar que não tem medo da Justiça, tendo acrescentado: "Por que eu digo isso? Porque a perseguição que eles estão em mim não me põe medo. Eu estou com medo das milhões de crianças que estão ficando desnutridas. Porque o Brasil voltou ao mapa da fome, virou motivo de gozação no exterior. Queria dizer a eles que a ideia da liberdade, a ideia de democracia, de participação social é muito forte. Não adianta acabar com o Lula, já que acabando com o Lula não acaba com isso. O problema não é o Lula, são os milhões de brasileiros que não aceitam mais retrocesso. Se fosse eu o problema, eu mesmo me matava".
Em outro evento, o político afirmou que hoje "tem mais gente pedindo esmola que quando entrei na Presidência. São 14 milhões de desempregados. Queria dizer uma coisa: se um governante governa o país e este país tem uma crise, e ele não tem competência e começa a vender o patrimônio desse país, deveria pedir desculpas e ir embora, porque ele não serve para esse país".
O ex-presidente ainda mandou um recado aos seus opositores, dizendo que "Vocês vão pagar com a mesma moeda o que fizeram com a democracia. Vocês trincaram a democracia, e como nós acreditamos na democracia, não vamos fazer nenhum ato de violência. E esse país tem de se preparar, porque a gente vai ter que colocar uma pessoa democrática para governar esse país em 2018 (sic).“.
É inacreditável como o político tece crítica às mazelas social, econômica, política e administrativa que são indiscutivelmente próprias e advindas do governo petista, porque o atual governo as acolheu como herança maldita e não conseguiu se desvencilhar delas.
 O político trata as desgraças sociais como se elas jamais tivessem existindo na gestão petista, a exemplo da herança trágica da recessão econômica, do desemprego alarmante, dos juros altos, da inflação nas alturas, da falta de investimentos, do rebaixamento do grau de investimento do Brasil, pelas agências de classificação de risco, e de tantas outras precariedades imperantes na gestão petista, que foi concluída por fórceps, com o impeachment da presidente enquadrada no crime de responsabilidade fiscal, justamente por ter causado os piores rombos nas contas públicas. 
O país onde um condenado pela Justiça à prisão, por crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, é homenageado com o título de doutor honoris causa, não pode merecer credibilidade, porque são situações antagônicas e absolutamente injustificáveis para avaliação sob o prisma da racionalidade e da moralidade, ante o desprestígio atribuído à honraria, que serve, ao contrário, para destacar e honrar feitos em benefício e engrandecimento das causas da humanidade.
Por seu turno, o político até já se imagina o mártir do século XXI, ao se comparar, pasmem, ao verdadeiro herói nacional, o Tiradentes, que realmente foi mártir por ter participado de importante causa nacional, em defesa de interesse dos brasileiros, enquanto a imagem do político é de decadência moral, decrepitude humana, não somente por já ter sido condenado à prisão, mas por ser acusado por suspeita no envolvimento de vários outros crimes, inclusive o de ser chefe de organização criminosa, com referência ao esquema de corrupção implantado na Petrobras, na forma das conclusões levadas a efeito por procuradores do Ministério Público Federal, não tendo ele moral nem mesmo para se posicionar no nível de cidadão comum, enquanto não provar, na Justiça, sua inocência nos processos onde constam graves denúncias sobre a prática de irregularidades que não se harmonizam com a dignidade ínsita dos homens públicos, que não podem ter sequer pequena mancha de mácula na vida pública, ante a responsabilidade pela gestão de recursos públicos, no caso de presidente da República.
Enfim, a análise que se pode fazer sobre o político é que o seu pensamento ideológico se resume, basicamente, em criticar tudo e todos, de forma reiterada e até de forma irresponsável, atrevida e abusiva, principalmente as mazelas que ele já teve plenos poderes para eliminá-las, mas como quem agora agradece pela existência delas, não faz nada diferente senão apontá-las, para o fim de dizer que somente ele tem competência para eliminá-las, porque ninguém melhor do que ele para entender a pobreza, como se ele encarnasse a vida franciscana do pobre, ficando muito explícito que nada passa da escrachada disseminação de pura e repugnante hipocrisia, própria do populismo que explora a ingenuidade e a desinformação do pobre, que nem sabe que usado e explorado eleitoralmente.
Nessa mesma linha de pobreza intelectual, sobressai no político o instinto do homem vingador, que a todo instante surge ameaças aos segmentos que não comungam na mesma cartilha dele, na vã tentativa de mostrar ao povão seu poder e sua influência, como forma de impor a sua onipotência.
Urge que os brasileiros, diante das experiências de mentiras, trapaças, desonestidades, indignidades, demagogias, incompetências, desmoralização dos princípios, prepotências, hipocrisias e demais aleivosias, tenham a sensibilidade capaz de refletir, avaliar e eleger os verdadeiros sentimentos dos homens públicos que melhor se adequem à realidade do Brasil, de preferência que eles sejam comprovadamente competentes, honestos, idôneos, sinceros, íntegros e sobretudo dignos da confiança da nação. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de agosto de 2017

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