segunda-feira, 7 de agosto de 2017

A queda da máscara?

Enfim, foi revelado para o país o paradoxo dos pronomes pessoais, em que nós somos os pobres contra a cognominada fantasia pronominal da elite, que tem sido considerada aquela que é contra a ascensão social no país, tudo no cenário imaginário do maior político em atuação, que agora pode ter sido desmascarado da condição de alardeador, nos palanques, de ser pobre, muito mais para falsear a verdade, iludir os incautos e apregoar a demagogia e o populismo, na tentativa de enganar as pessoas pobres de verdade.
Não é novidade que a mentira tem pernas curtas e, por mais que ela seja guardada em absoluto sigilo, um dia a verdade vem à tona e é o que pode ter acontecido com relação ao político que, falsamente alardeava ser autêntico defensor dos pobres, por encarnar como eles o espírito de pobreza.
Ocorre que, por força da sentença condenatória de nove anos e seis meses de prisão aplicada ao político, no caso do tríplex, o juiz da Lava-Jato também impôs o bloqueio nas contas delem no valor de R$ 16 milhões, como multa pecuniária, ficando o Banco Central com a incumbência do cumprimento dessa determinação, que foi atendida com a indicação do depósito do valor de R$ 9 milhões em nome dele, distribuídos em dois planos de previdência administrados pelo Brasilprev, do Banco do Brasil, que ficaram indisponíveis, a partir de então.
O bloqueio do restante do valor foi feito por meio dos depósitos de R$ 606,7, em contas bancárias dele e de bens imóveis e veículos, totalizando o valor de R$ 16 milhões, objeto da citada multa.
Diante disso, a opinião pública ficou estarrecida e perplexa com a notícia e logo cuidou de esboçar a inevitável pergunta: “mas Lula não se diz pobre? Mas que pai dos pobres, o ex-presidente não se coloca pessoalmente como pobre? E por acaso pobre ou mesmo gente da classe média têm seiscentos mil reais depositados em conta corrente, como se tal quantia fosse troco que se esquecesse adormecido?”.
Na cartilha da intolerância defendida pelo político, entende-se por “nós” aqueles que estão de acordo com ele e que são traduzidos como pobres, enquanto “eles”, seguindo ainda o sentimento dele, são as pessoas que odeiam o PT e, segundo tal definição radical e obtusa, elas são rotuladas de “burgueses”, “ricos”, “coxinhas”, ou seja, para o político “eles” são a “elite” que não gosta de pobres.
No fundo, se, na concepção do político, “nós” significam os desvalidos ou pobres e “eles” são a elite, fica difícil encaixar alguém que se passa por pobre administrando contas recheadas de R$ 606 mil e R$ 9 milhões, mais imóveis e veículos, porque há evidente usurpação da verdade quanto à classificação socioeconômica, quando o político se diz “nós”, mas, na verdade é “eles”, como mostram os fatos.
À toda evidência, a fortuna agora revelada tem o condão de mostrar a verdadeira face do político que sempre procurou se passar por pobre, com a pobreza franciscana de quem precisa ser tutelado com a ajuda de moradia, sitio, transporte, tudo em nome de amigos, justamente para não dar a ideia que tinha capacidade econômica para se sustentar por conta própria, assim mesmo nas condições de penúria daqueles que são obrigados a viverem como autênticos pobres de recursos, que nem sabem como vivem em um país de extremas carência e escassez, embora tivesse sido governado por quem se dizia pobre e sabia muito bem entender a vida de pobreza.
Diante da revelação da riqueza do político, pela sentença do juiz da Lava-Jato, ele pode até recuperar os valores bloqueados, caso seja vitorioso no Tribunal de apelação, mas certamente a sua derrota será fragorosa com a perda da sua principal e poderosa munição construída de longa data no palanque, exatamente pela ruidosa queda da máscara que escondia a verdade sobre o pronome “nós”.
Certamente que os brasileiros não podem ser contra alguém somente por ser rico, desde que sua fortuna seja fruto do trabalho digno, da produção legalizada, dos investimentos regulares, condizentes com os princípios da idoneidade e da honestidade, que seu proprietário não tenha temor nem vergonha de possuir riqueza e jamais se declare que é pobre apenas para tirar proveito da situação, em benefício pessoal, principalmente em se tratando de homem público que precisa ser o mais transparente dos seres humanos, à vista do que preconizam os princípios republicano e democrático, como fazem os autênticos políticos dos países sérios, civilizados e evoluídos político e democraticamente. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 7 de agosto de 2017

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