O
presidente da Venezuela proclamou a vitória de seu partido nas eleições
regionais realizadas no último domingo, com a vitória de 17 estados por
candidatos do governo, embora os resultados não foram reconhecidos e estão
sendo contestados pela oposição, que, segundo o Conselho Eleitoral, teria vencido
em apenas cinco estados.
O
presidente disse que se trata de “Vitória
clara. O chavismo arrasou nas eleições”, que foi muito celebrada por ele, enquanto
se espera o anúncio sobre a conquista do estado de Bolívar, o único que ainda
está em disputa, do total de 23.
Em
seguida ao anúncio do presidente, o líder da campanha da opositora Mesa da Unidade
Democrática (MUD) declarou que “neste
momento, não reconhecemos nenhum dos resultados. Estamos diante de um momento
muito grave para o país”, tendo pedido auditoria geral referente ao
processo eleitoral.
O
referido líder afirmou que o governo “sabe
que não é maioria” e para vencer ele precisou recorrer a “violações de leis e condições abusivas em um processo eleitoral desigual,
desequilibrado e cujos resultados não refletem a realidade. Exigimos auditar todo o processo, seu
sistema, as digitais (dos eleitores),
todo o processo”.
O
líder também pediu aos candidatos que organizem “diversas atividades nas ruas em apoio” à MUD, tendo exortado “... o povo venezuelano a lutar para mudar este
sistema eleitoral que não é confiável”.
Como
o chavismo tinha 20 governos estaduais, a queda para 17 é considerada vitória
da situação, à vista de as pesquisas apontarem o favoritismo da oposição, que
tinha a possibilidade de vencer em até 18 disputas em caso de alta participação
do eleitorado.
O
presidente bolivariano já havia criticado o líder da oposição, por advertir,
antes da divulgação dos números oficiais, que a oposição tinha “sérias suspeitas, dúvidas, sobre os
resultados que serão anunciados”.
O
presidente disse que “Alguns dirigentes
saíram a cantar fraude (…) Pelo amor
de Deus, acatem os resultados transparentes”.
Em
um reduto de oposição ao chavismo, as ruas estavam desoladas e em silêncio, sem
os habituais “panelaços” de protesto,
enquanto grupo de chavistas celebrava na praça ao centro da capital.
Exultante,
o presidente festejava afirmando que “O
chavismo está vivo, está nas ruas e está triunfante”, embora a sua
impopularidade se situe em índice próximo de 80%, segundo o instituto
Datanálisis.
Desde
a eleição da Constituinte, em 30 de julho, os protestos cessaram, mas o país
continua sendo verdadeira panela de pressão, por se encontrar mergulhado em hiperinflação,
com severa escassez de alimentos e remédios, além de vertiginosa queda do PIB
que, segundo o FMI, será de 12% este ano.
À
toda evidência, o resultado da votação na Venezuela não pode ser sério e muito
menos refletir o real estado de degradação da administração daquele país, que
atravessa gravíssimas crises moral, social, política, econômica,
administrativa, entre outras que simplesmente sinalizam para o coas, a completa
desestruturação gerencial, em termos socioeconômicos, e a esmagadora vitória do
chavismo não passa de indiscutível afronta à dignidade humana, por contradizer
o real sentido das condições humanas de seu povo, que enfrenta enformes
dificuldades com as privações não somente de alimentos e remédios, mas também
das liberdades individuais, mais especificamente dos direitos humanos e dos
princípios democráticos.
Não
há a menor dúvida de que o resultado das urnas não passa de gigantesca fraude
eleitoral, porque o partido comandado pelo presidente que tem quase 80% de
rejeição jamais teria condições de sair vitorioso, de forma acachapante, com a
vitória em 80% dos estados, a se considerar que os candidatos eleitos da
situação foram indicados pelo mandatário desprestigiado e refutado pela expressiva
parcela da população, que vem sofrendo barbaridade sob os efeitos da
incompetência governamental, à vista do desabastecimento de alimentos, remédios
e produtos de primeira necessidade, fato esse que vem causando sérios transtornos
à vida dos venezuelanos.
De
qualquer modo, caso o resultado das urnas seja confirmado como verdadeiro,
tem-se que parabenizar, de forma com efusiva, as extremas ignorância e burrice
dos venezuelanos, exatamente por respaldar, de forma voluntária, a continuidade
de seu brutal martírio, tendo em vista que essa eleição teria sido excelente
oportunidade para o povo mostrar a sua indignação e o seu repúdio à tirania de
governo cruel e desumano.
Por
sua vez, caso seja verdadeiro e lícito o resultado anunciado das urnas, pelo
próprio presidente, apenas se confirma o sábio, porém surrado ditado de que
"o povo tem o governo que merece".
Não
obstante, em se tratando de governo com viés socialista, não se poderia
imaginar que houvesse resultado diferente, considerando que o totalitarismo
estatal jamais aceitaria ser derrotado, à vista do seu absoluto poder de
manipulação, que é própria dos regimes socialistas/comunistas, que é o caso da
Venezuela.
Pobre
povo desse país, que mesmo sendo submetido aos rigores da amargura e da dor, em
razão dos maus-tratos pelo governo tirânico e desumano, ainda tem a
magnanimidade de apoiar os candidatos indicados por ele, em cristalina
demonstração de extrema subserviência, absolutamente inadmissível, na sociedade moderna. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de outubro de 2017
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