O PT, com propaganda partidária centrada no seu
líder maior, defendeu que ele sofre perseguição política e que querem, sem
citar nomes, "impedir a sua
candidatura em 2018".
O
próprio pré-candidato anuncia que "é
hora de reconstruir nossa democracia elegendo diretamente um novo presidente.
Nós, brasileiros, somos capazes e vamos dar a volta por cima, mas isso não se
faz tirando direitos, cortando aposentadoria nem vendendo o país".
A
publicidade exalta programas criados nos governos petistas, a exemplo do Bolsa
Família e o Mais Médicos, e diz que a gestão atual é "retrocesso" e "quem
mais perdeu com o golpe (como o partido chama o impeachment da
ex-presidente) são os brasileiros".
Há
citação sobre cortes em programas sociais e repasses para universidades, com alegação
de que "querem até entregar a
Amazônia".
Teve
a ridícula apelação de se mostrar o pão sumindo de uma mesa de refeição.
A
presidente do partido disse que "Eles
querem até tirar o seu direito de escolher um presidente, mas o povo não
esquece que mudou de vida justamente durante os governos do PT".
Em
forma de montagem, houve seleção de pronunciamentos em defesa do líder-mor, com
apresentadores e repórteres de telejornais da Rede Globo, citando o
ex-presidente.
Uma
estudante responde a seguinte pergunta: "Você já viu alguma prova contra o Lula?, dizendo: “Não. Eu também não vi".
Um
cidadão afirma, parafraseando ditos do advogado do petista, que "Já viraram a vida de Lula de cabeça para
baixo, da dona Marisa de cabeça para baixo, dos filhos de Lula e ninguém acha
nada".
Outra
estudante disse que "A tentativa
desesperada em julgar Lula, sem prova, é para impedir a sua candidatura em 2018".
É
estranho que o programa partidário serviu para explorar o rumoroso caso da JBS,
não com relação aos questionados financiamentos do BNDES ao grupo, mas sim para
mostrar imagens da transcrição da conversa entre o presidente do país e o
empresário dono da JBS, e das malas de dinheiro atribuídas pela Polícia Federal
ao ex-ministro baiano dos governos atual e petistas.
O
narrador esclarece que "Lula mora no
mesmo apartamento há 20 anos: antes e depois de ser presidente. Diferente de
alguns políticos, Lula não enriqueceu, não tem conta na Suíça, não tem gravação
contra ele nem mala de dinheiro.". Com informações da Folhapress.
Na
verdade, o programa em comento se trata de tremendo equívoco, por ter servido
propriamente de palco eleitoral de pré-candidato a cargo público, em evidente
desvirtuamento da sua característica paga com recursos públicos para servir de
exclusivo programa político-partidário, na forma da lei, à vista de insistir no destaque às qualidades
dele e criticar seus adversários políticos, a par de desqualificar as
investigações que são objeto de acusações e denúncias contra o político, que já
foi condenado à prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro,
em que pese a sentença pertinente ainda pender de confirmação ou não pela
Justiça da segunda instância.
Ou
seja, o formato do próprio programa já denuncia a índole dos principais
interessados na divulgação do seu objeto, com viés estritamente pessoal, mas
sendo custeado com dinheiro público e isso precisa ficar muito claro, porque
não é de agora que os políticos e os partidos confundem, de forma deliberada, o
público com o privado e nem sempre são penalizados, como no caso vertente, que
caberia condenação para o devido ressarcimento do valor gasto e sanções
cabíveis, no mínimo, com advertência sobre a patente ilegalidade.
Não
há dúvida de que fica demonstrado que os órgãos de controle e fiscalização,
como Justiça Eleitoral e Ministério Público Eleitoral, não cumprem a sua missão
institucional de coibir essa forma indevida de despesas com recursos
públicos.
Quanto
à necessidade da eleição de novo presidente, o caminho correto é exatamente o
sugerido pelo PT, apenas com o detalhe de o candidato ser obrigado a empunhar
certificado expedido pela Justiça de idoneidade e conduta morais, como
comprovação de modelo de dignidade e honestidade quanto às suas atividades na
vida pública, a par de jamais ter sido sequer acusado de envolvimento em
deslizes pertinentes a recursos públicos, porque são esses os requisitos essenciais
exigidos pela Constituição para o exercício de cargos públicos eletivos,
principalmente para o de principal da República, uma vez que agente da
administração pública, por menor que seja o seu nível, não pode pretender ser
representante do povo enquanto estiver respondendo a processos na Justiça, como
réu.
O
candidato precisa mostrar a sua inocência e provar, por meio de elementos
juridicamente válidos, a sua inculpabilidade nos casos apontados por meio de
acusações e denúncias, porque é justamente assim que procedem os honrados
homens públicos dos países sérios, civilizados e evoluídos político e
democraticamente, como forma de se contribuir para o bem de suas consciências e
o engrandecimento político dessas nações.
Outro
ponto que merece urgente revisão por parte dos políticos é a forma agressiva de
acusar as falhas dos adversários, sem mostrar as opções viáveis, em alternativa
para os casos, na sua avaliação, prejudiciais ao interesse público, dando a ideia
de que somente a sua estratégia se amolda ao caso concreto, sem que elas tenham
sido expostas, em termos de transparência, que é indispensável nesses casos.
É
importante que sejam criticadas as ações de adversários, mas isso precisa ser
ponderado com base em avaliação não somente na crítica vazia, sem conteúdo,
como o simples fato de se dizer que é preciso novo presidente, sem ser
apresentado plano de ações compatíveis com a realidade do momento, vivido agora
pelos brasileiros, cujo modelo pode não ser viável com o aproveitamento daquele
executado há mais de quinze anos, onde as circunstâncias eram completamente
diferentes de agora e ele não pode se adaptar com a mesma eficiência de
resultados daquela época.
Os
brasileiros precisam avaliar, com muito cuidado, as estratégias oferecidas na
atualidade, com base em projetos aplicados em época completamente diferente,
onde as crises até poderiam existir, mas não com as mesmas gravidades da
recessão, do desemprego acentuado e outros fatores que exigem medidas consentâneas
com a realidade do momento, de modo que a simples crítica vazia pode não passar
de gigantesca armadinha que não terá mais volta, a exemplo das bonanças
prometidas na Venezuela, pelas autoridades da Revolução Bolivariana, que agora
não passam de crônico fracasso socioeconômico, permitindo que o país se
encontre mergulhado no caos, sem a menor esperança de recuperação, a curto e
médio prazos.
Os
brasileiros precisam sim eleger novo presidente que tenha capacidade de dizer
tão somente a verdade, criticar apenas o indispensável, não prometer operar
milagres tendo por base situações exitosas do passado, porque as circunstâncias
atuais são completamente diferentes daquelas existentes tempos atrás, além de
ser intransigente defensor dos salutares princípios da ética, moralidade,
honestidade, legalidade, transparência, dignidade, entre outros que devem
imperar nas atividades político-administrativas dos honrados homens públicos. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de outubro de 2017
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