sexta-feira, 20 de outubro de 2017

A eleição de novo presidente

O PT, com propaganda partidária centrada no seu líder maior, defendeu que ele sofre perseguição política e que querem, sem citar nomes, "impedir a sua candidatura em 2018".
O próprio pré-candidato anuncia que "é hora de reconstruir nossa democracia elegendo diretamente um novo presidente. Nós, brasileiros, somos capazes e vamos dar a volta por cima, mas isso não se faz tirando direitos, cortando aposentadoria nem vendendo o país".
A publicidade exalta programas criados nos governos petistas, a exemplo do Bolsa Família e o Mais Médicos, e diz que a gestão atual é "retrocesso" e "quem mais perdeu com o golpe (como o partido chama o impeachment da ex-presidente) são os brasileiros".
Há citação sobre cortes em programas sociais e repasses para universidades, com alegação de que "querem até entregar a Amazônia".
Teve a ridícula apelação de se mostrar o pão sumindo de uma mesa de refeição.
A presidente do partido disse que "Eles querem até tirar o seu direito de escolher um presidente, mas o povo não esquece que mudou de vida justamente durante os governos do PT".
Em forma de montagem, houve seleção de pronunciamentos em defesa do líder-mor, com apresentadores e repórteres de telejornais da Rede Globo, citando o ex-presidente.
Uma estudante responde a seguinte pergunta: "Você já viu alguma prova contra o Lula?, dizendo: “Não. Eu também não vi".
Um cidadão afirma, parafraseando ditos do advogado do petista, que "Já viraram a vida de Lula de cabeça para baixo, da dona Marisa de cabeça para baixo, dos filhos de Lula e ninguém acha nada".
Outra estudante disse que "A tentativa desesperada em julgar Lula, sem prova, é para impedir a sua candidatura em 2018".
É estranho que o programa partidário serviu para explorar o rumoroso caso da JBS, não com relação aos questionados financiamentos do BNDES ao grupo, mas sim para mostrar imagens da transcrição da conversa entre o presidente do país e o empresário dono da JBS, e das malas de dinheiro atribuídas pela Polícia Federal ao ex-ministro baiano dos governos atual e petistas.
O narrador esclarece que "Lula mora no mesmo apartamento há 20 anos: antes e depois de ser presidente. Diferente de alguns políticos, Lula não enriqueceu, não tem conta na Suíça, não tem gravação contra ele nem mala de dinheiro.". Com informações da Folhapress.
Na verdade, o programa em comento se trata de tremendo equívoco, por ter servido propriamente de palco eleitoral de pré-candidato a cargo público, em evidente desvirtuamento da sua característica paga com recursos públicos para servir de exclusivo programa político-partidário, na forma da lei,  à vista de insistir no destaque às qualidades dele e criticar seus adversários políticos, a par de desqualificar as investigações que são objeto de acusações e denúncias contra o político, que já foi condenado à prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em que pese a sentença pertinente ainda pender de confirmação ou não pela Justiça da segunda instância.
Ou seja, o formato do próprio programa já denuncia a índole dos principais interessados na divulgação do seu objeto, com viés estritamente pessoal, mas sendo custeado com dinheiro público e isso precisa ficar muito claro, porque não é de agora que os políticos e os partidos confundem, de forma deliberada, o público com o privado e nem sempre são penalizados, como no caso vertente, que caberia condenação para o devido ressarcimento do valor gasto e sanções cabíveis, no mínimo, com advertência sobre a patente ilegalidade.
Não há dúvida de que fica demonstrado que os órgãos de controle e fiscalização, como Justiça Eleitoral e Ministério Público Eleitoral, não cumprem a sua missão institucional de coibir essa forma indevida de despesas com recursos públicos.   
Quanto à necessidade da eleição de novo presidente, o caminho correto é exatamente o sugerido pelo PT, apenas com o detalhe de o candidato ser obrigado a empunhar certificado expedido pela Justiça de idoneidade e conduta morais, como comprovação de modelo de dignidade e honestidade quanto às suas atividades na vida pública, a par de jamais ter sido sequer acusado de envolvimento em deslizes pertinentes a recursos públicos, porque são esses os requisitos essenciais exigidos pela Constituição para o exercício de cargos públicos eletivos, principalmente para o de principal da República, uma vez que agente da administração pública, por menor que seja o seu nível, não pode pretender ser representante do povo enquanto estiver respondendo a processos na Justiça, como réu.
O candidato precisa mostrar a sua inocência e provar, por meio de elementos juridicamente válidos, a sua inculpabilidade nos casos apontados por meio de acusações e denúncias, porque é justamente assim que procedem os honrados homens públicos dos países sérios, civilizados e evoluídos político e democraticamente, como forma de se contribuir para o bem de suas consciências e o engrandecimento político dessas nações.
Outro ponto que merece urgente revisão por parte dos políticos é a forma agressiva de acusar as falhas dos adversários, sem mostrar as opções viáveis, em alternativa para os casos, na sua avaliação, prejudiciais ao interesse público, dando a ideia de que somente a sua estratégia se amolda ao caso concreto, sem que elas tenham sido expostas, em termos de transparência, que é indispensável nesses casos.
É importante que sejam criticadas as ações de adversários, mas isso precisa ser ponderado com base em avaliação não somente na crítica vazia, sem conteúdo, como o simples fato de se dizer que é preciso novo presidente, sem ser apresentado plano de ações compatíveis com a realidade do momento, vivido agora pelos brasileiros, cujo modelo pode não ser viável com o aproveitamento daquele executado há mais de quinze anos, onde as circunstâncias eram completamente diferentes de agora e ele não pode se adaptar com a mesma eficiência de resultados daquela época.
Os brasileiros precisam avaliar, com muito cuidado, as estratégias oferecidas na atualidade, com base em projetos aplicados em época completamente diferente, onde as crises até poderiam existir, mas não com as mesmas gravidades da recessão, do desemprego acentuado e outros fatores que exigem medidas consentâneas com a realidade do momento, de modo que a simples crítica vazia pode não passar de gigantesca armadinha que não terá mais volta, a exemplo das bonanças prometidas na Venezuela, pelas autoridades da Revolução Bolivariana, que agora não passam de crônico fracasso socioeconômico, permitindo que o país se encontre mergulhado no caos, sem a menor esperança de recuperação, a curto e médio prazos.
Os brasileiros precisam sim eleger novo presidente que tenha capacidade de dizer tão somente a verdade, criticar apenas o indispensável, não prometer operar milagres tendo por base situações exitosas do passado, porque as circunstâncias atuais são completamente diferentes daquelas existentes tempos atrás, além de ser intransigente defensor dos salutares princípios da ética, moralidade, honestidade, legalidade, transparência, dignidade, entre outros que devem imperar nas atividades político-administrativas dos honrados homens públicos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 20 de outubro de 2017

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