O
prefeito tucano de São Paulo declarou que incendiaria o país no caso da
eventual prisão do maior político brasileiro, se isso ocorresse em plena
corrida eleitoral, por considerar que seria “erro histórico”.
O
aludido prefeito disse que “Mesmo que
Lula não seja candidato, ele vai ter um preposto e serão dois a fazer campanha.
Se prenderem o Lula, pior ainda, porque
ele vai se vitimizar e aí incendeia o país.”.
Mais
adiante, o tucano afirmou que “Seria a
pior hipótese a Justiça, embora totalmente soberana para decidir, aprisioná-lo
em meio ao processo eleitoral. Seria um erro histórico”.
O
prefeito paulistano ainda defendeu que “a
Justiça faça justiça. Mas tenha sensibilidade também de não emitir uma sentença
durante o processo eleitoral. Creio que para o país seria arriscado ter uma
liderança como a do ex-presidente preso (sic). Poderia criar uma conturbação muito grande.”.
O
tucano disse, finalmente, que o processo eleitoral já começou de fato e, “A meu ver, fazer campanha e seguir até
outubro é algo que seria democraticamente aceitável. Se vier a ter alguma
sentença, que seja após as eleições.”.
O
prefeito de São Paulo precisa saber que o que realmente incendeia o Brasil é a
impunidade dos criminosos que, comprovadamente, roubaram cofres públicos e se
beneficiaram do dinheiro que já deveria ter sido aplicado em programas
governamentais e que isso tem causado enorme transtorno à vida da população
carente da assistência do Estado.
O
que o incendeia o Brasil mesmo é a falta de caráter de políticos que ficam dando
opinião sobre matéria que não lhes diz respeito e o que realmente incendeia o
Brasil é a insensatez de homens públicos que deveriam se preocupar com as
funções públicas para as quais tenham sido eleitos, deixando que os Poderes da
República exerçam com competência e eficiência as suas missões institucionais.
No
caso do Poder Judiciário, ele precisa combater com os devidos rigor e dureza os
casos de corrupção, que infelizmente têm sido verdadeiro câncer que precisa ser
exterminado, com urgência, do seio da administração do país, não importando o
seu momento nem a sua fase, porque ele precisa contar com disposições
redobrada, corajosa e destemida, de forma permanente, que seja antes, durante e
depois dos períodos eleitorais, não importando também quais seja a relevância
dos criminosos envolvidos, porque a limpeza, a assepsia moral não pode fazer
distinção sobre seus efeitos e muito menos se conceder privilégios a quem quer
que seja, tendo em vista que a lei precisa ser aplicada de forma retilínea
contra todos, desde o pé-rapado ladrão de galinhas até o presidente da
República, ante o salutar princípio segundo o qual todos são iguais perante a
lei, em condições de direitos e de obrigações.
O
prefeito de São Paulo precisa saber que prender criminoso exatamente no período
da campanha eleitoral tem o condão de mostrar que o Judiciário está cumprindo
com rigor e responsabilidade cívicos a sua importante missão constitucional,
que tem a relevância de punir o corrupto e de dar exemplo, em termos
disciplinar e pedagógico, para as gerações de políticos, que precisam se
conscientizar de que o crime não compensa e que os delinquentes devem pagar por
seus deslizes protagonizados nas atividades públicas.
As
declarações do tucano são tão ridículas que funcionam muito mais como defesa
ardorosa do grande líder político, que nem mesmo seus advogados teriam
capacidade para fazê-la com tamanhos ardor e brilhantismo,
O
prefeito de São Paulo precisa fazer seu trabalho com a competência e a
eficiência exigidas pela importância do seu cargo e ter dignidade, inteligência
e sensibilidade de respeitar o relevante trabalho do Poder Judiciário, evitando
opinar sobre matéria que, à toda evidência, não lhe diz respeito, cabendo a
ele, exclusivamente, respeitar a autonomia, a independência e a responsabilidade
previstas na Carta Magna para as instituições públicas brasileiras, em que pese
o seu direito de se manifestar livremente como cidadão, mas a sua opinião, in casu, se caracteriza visivelmente
como homem público, que precisa, acima de tudo, valorizar as funções atribuídas
pela Constituição aos Poderes da República, que devem ser desincumbidas com
extremas responsabilidades patrióticas, não importando as circunstâncias,
porque o dever cívico é imperativo que se impõe como forma de satisfação dos
interesses nacionais, que têm prevalência sobre as causas pessoais e
partidárias. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 5 de outubro de 2017
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