A condenação à prisão pelo juiz da Operação Lava-Jato,
por nove anos e seis meses, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro, não foi capaz de evitar que o ex-presidente da República petista se
mantenha na liderança da corrida presidencial do próximo ano.
De
acordo com pesquisa divulgada por Datafolha, o político tem pelo menos 35% das
intenções de voto dos entrevistados, nos cenários testados e garante vantagem
significativa em relação aos principais adversários dele.
Nos termos do levantamento publicado no jornal Folha de S. Paulo, o deputado federal pelo PSC do Rio de Janeiro e
a ex-senadora e ambientalista da Rede estão empatados em segundo lugar, sendo
que o primeiro oscila entre 16% e 17% e a segunda entre 13% e 14%.
Enquanto
isso, os tucanos, um governador do Estado São Paulo e outro prefeito de São
Paulo, apresentam desempenho equivalente na disputa presidencial, quando ambos
têm 8% das intenções de voto.
Nas
simulações de segundo turno, desta vez, o ex-presidente venceria os adversários,
somente sendo incomodado se o juiz responsável pela Operação Lava-Jato
concorrer (possibilidade que ele descarta), quando haveria empate técnico, fato
risível, se atentar que um vem sendo julgado pelo outro, nas condições,
respectivamente de réu e julgador.
Na
pesquisa anterior, o petista ficaria empatado, no segundo turno, com a
ambientalista e venceria os demais concorrentes.
Não
obstante, em que pese notícia bastante auspiciosa para o petista, se a sua condenação
à prisão for confirmada em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal, por
conta do caso referente ao tríplex em Guarujá, ele pode se tornar inelegível e,
caso isso ocorra, 26% dos entrevistados disseram que votariam no candidato
indicado por ele, como espécie de transferência de votos para outro petista.
Segundo
a entidade responsável pela pesquisa, foram entrevistadas 2.772 pessoas, nos últimos
dias 27 e 28.
Nas
circunstâncias em que o país ainda se encontra mergulhado em profundas crises
moral, política, econômica, administrativa, entre outras que têm sido verdadeiro
estorvo para o desenvolvimento socioeconômico, com o líder das pesquisas implicado
nos escândalos de corrupção, é realmente de se estranhar que as entrevistas
realizadas, diga-se de passagem, entre tão somente pouco mais de duas mil e
setecentas pessoais, em um universo de quase 150 milhões de brasileiros
votantes, possam acenar para possível vitória, de forma esmagadora, de político
com histórico nada compatível com os princípios da importância moral que exige
o principal cargo da República.
É
evidente que essa preferência esdrúxula e estranha dos pesquisados se dá à luz
do histórico dos casos que estão sendo investigados contra o líder da pesquisa no
âmbito da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, com alguns processos
já em fase de julgamento na Justiça, inclusive com a contabilização de uma
condenação, na primeira instância, pendente de confirmação ou não na segunda
instância, de prisão pela prática de crimes graves contra a administração
pública.
Esses
fatos precisam ser devidamente esclarecidos e justificados, como forma de
prestação contas à sociedade, antes de qualquer pretensão ao exercício do
relevante cargo de presidente da República, que não pode prescindir da
comprovação, por parte de seu titular, da estrita observância dos princípios da
idoneidade e da conduta acima de qualquer suspeita, em termos da gestão da
coisa pública, em consonância com a dignidade que se impõe a grandeza da
República do Brasil.
Por
mais ilustre que tenha sido o passado do político, ele não tem direito de se
achar imaculado e inocente, à vista da simples interpretação pessoal, quando os
fatos públicos denunciados clamam, antes de tudo, por que sejam devidamente
investigados, esclarecidos e finalmente, se for o caso, escoimados, na forma da
lei, para que possa prevalecer a verdade que tem a justa capacidade de dizer
quem é culpado e quem é inocente, porque não faz sentido, que, em pleno século
XXI, se aceite que o país possa ser comandado por político cujo histórico não
esteja devidamente assentado no regramento jurídico da legalidade, moralidade,
dignidade, transparência, entre outros que se exigem do ocupante de tão
relevante cargo da República. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 1º de outubro de 2017
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