A última pesquisa da Datafolha mostra que o juiz
responsável pela Operação Lava-Jato já contabiliza significativa rejeição
comparável aos políticos calejados e manjados junto ao mundo político.
A pesquisa realizada entre a população com renda
familiar até dois salários, 30% disseram que não votariam “de jeito nenhum” no juiz da Lava-Jato.
No total nacional, a rejeição ao citado juiz
cresceu de 22% para 25% de junho a setembro, enquanto houve movimento contrário
com relação ao ex-presidente, que teve queda na rejeição, caindo de 46% para
42%, no mesmo intervalo de tempo.
O responsável pela Lava-Jato está empatado com o
prefeito de São Paulo, em termos de rejeição, e com a semelhança de que eles
estão assistindo suas rejeições crescerem.
No Nordeste, a rejeição ao juiz, em setembro,
atingiu 36%, havendo aumento de 6 pontos sobre junho.
É curioso que, com isso, o juiz tem 15 pontos a
mais de rejeição no Nordeste que o petista, cuja rejeição deste nessa região
caiu de 26%, em junho, para 21%, em setembro.
No Norte, a rejeição ao juiz chega a 30%.
Chega a ser engraçado que o juiz já reiterou que
não será candidato, mas mesmo assim a sua presença nas pesquisas se repete, sob
o argumento de que ela tem função meramente didática.
Num eventual segundo turno, ainda há empate técnico
entre o ex-presidente e o juiz, mas a vantagem de 2 pontos que favorecia ao
juiz, agora virou para o lado de ex-presidente, sendo que este tem 44% contra
42% daquele.
No Nordeste, a vitória do petista é disparada sobre
o juiz, com o placar de 67% X 24%, mas o juiz ganharia no Sudeste, Sul e
Centro-Oeste. Além do Nordeste, o petista ganharia no Norte, por 49% X 39%.
Na divisão por idade, o ex-presidente ganharia do
juiz entre jovens até 24 anos, por 47% a 41%, e entre os mais pobres, com 57% a
31%, enquanto os eleitores favoráveis ao juiz crescem à medida que sobem a
renda e o nível escolar.
A
pesquisa deixa muito claro que a população pobre já consolidou sua preferência
eleitoral em favor do ex-presidente, com destaque para os eleitores do Nordeste,
que foram acentuadamente beneficiados com os programas assistenciais dos
governos petistas, notadamente o Balsa Família, que, de forma indiscutível,
quer queira ou não, tem viés eleitoreiro, não importando o opositor a ele, a
exemplo do juiz da Lava-Jato, que já demonstrou a sua competência no combate à
corrupção, que pode ser um dos motivos da sua rejeição dos eleitores de baixa
renda e de pouco informação sobre corrupção.
Aliás,
o fator pertinente à moralidade não tem a mínima influência quando um dos
candidatos é o petista, que mesmo implicado na Justiça, por já ter sido
condenado à prisão, pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro e ainda responder, como réu, a seis processos na Justiça, por esses
mesmos crimes e outros da mesma gravidade, não encontra a rejeição que deveria
ser normal caso fosse outra pessoa no lugar dele que tivesse cometido os mesmos
crimes, se é que os tenha praticado.
Chega
a causar perplexidade que, em termos de moralidade, para o fim de ocupar a
Presidência da República, o petista, com o seu robusto histórico criminal,
consiga superar a moralidade de um juiz que combate à criminalidade e não há
nada de acusação contra ele senão muita competência na área da sua atuação jurídica.
É
evidente que, em um país sério, civilizada e evoluído, o político complicado
com a Justiça sequer seria lembrado e muito menos teria condições para disputar
com a capacidade cívica do magistrado que não consta qualquer mácula contra
ele, salvo a injustificável rejeição de comandar a operação que é responsável
pelas investigações e pelo julgamento dos bandidos objeto da Operação Lava-Jato,
que é sinônimo de competência e eficiência e ainda tem o respeito e a admiração
dos brasileiros honrados e dignos.
Tudo
isso mostra que o país se encontra a ano-luz da evolução da humanidade, a se
permitir que pessoas envolvidas com a Justiça, respondendo a vários processos
na Justiça, como réu, ainda se imaginam puder disputar eleição para cargo público
e ainda da maior relevância, mesmo não conseguindo comprovar a sua
inculpabilidade nos casos em que é arrolado como pivô das ações pertinentes, a
exemplo do caso do tríplex, onde já foi condenado à prisão.
Também
causa perplexidade que um candidato-réu tenha menor rejeição do que o
candidato-juiz, mesmo que este não seja disputante de cargo público eletivo, a
demonstrar a pobreza do nível dos eleitores, que preferem acreditar muito mais
em quem passa por dificuldades para provar a sua inocência sobre os fatos
denunciados, à vista de já ter sido condenado em um processo, justamente por
não ter conseguido demover os fatos cuja autoria lhe é atribuída, enquanto o
juiz nada tenha feito de desabonador para merecer a rejeição, senão por
comandar a operação responsável pelo enquadramento dos crimes possivelmente
cometidos por quem esteja sob a sua jurisdição processual.
Convém
que os brasileiros tenham responsabilidade cívica e patriótica e, sobretudo,
capacidade para separar o joio do trigo, ao sopesar os fatos deletérios e os
separando daqueles que possam contribuir para a moralização do país, não
convindo que essa avaliação tenha por componente qualquer ideologia
político-partidária, mas sim tão somente o sentimento maior que possa
influenciar na plena satisfação do interesse público. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 19 de outubro de 2017
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