quarta-feira, 11 de outubro de 2017

O cansaço do gigante

O juiz mais celebrado do país disse algo que os brasileiros honrados não gostariam de ouvir tão cedo, de que, “Possivelmente, a Operação Lava-Jato em Curitiba está chegando ao fim”.
A surpreendente expressão foi dita por ocasião do discurso de agradecimento pela homenagem que acabara de receber da Universidade americana de Notre Dame, tendo suscitado, como era de se esperar, apreensão tanto no seio da sociedade como no mundo jurídico e entre as entidades que defendem o combate à corrupção no país.
É evidente que ninguém crédulo do trabalho que deu certo no país ficou satisfeito em saber que a Operação Lava-Jato vai acabar e que o seu timoneiro, esteio da maior e bem-sucedida ação de combate ao crime organizado no país, vai desistir da importante missão, mas ele garantiu que não vai abandonar a operação, conforme assim ele se expressou: “Estou cansado, mas isso não significa que vou deixar a Lava-Jato. Vou até o fim”, logo depois de receber o aludido prêmio, como “alguém comprometido com a preservação da integridade de sua nação, através da aplicação imparcial da lei”.
O juiz explicou que “Vários casos já foram julgados e vários criminosos poderosos estão cumprindo pena após terem sido condenados em um julgamento público e com o devido processo legal. Ainda há investigações e casos relevantes em andamento em Curitiba, mas uma grande parte do trabalho já foi feita”.
A estatística da Lava-Jato evidencia excelente produtividade em quatro anos, com a contabilização de 67 processos julgados, que resultaram 34 sentenças, 165 condenações a pessoas e 1.634 dias de prisão, além do retorno aos cofres públicos de bilhões de reais. São fatos que mostram, com base em algo palpável e material, a expressiva importância do trabalho profícuo, exitoso e benéfico para o interesse dos brasileiros, além de servir como modelo para o Poder Judiciário, que tem sido exemplo de morosidade e indiscutível ineficiência.  
O juiz da Lava-Jato deu a entender que a operação não se concentra somente na pessoa dele, porque “... atualmente, outros juízes estão desempenhando um papel importante e realizando um trabalho fantástico em outras jurisdições, por exemplo em Campo Grande, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Brasília”, mas é notório que ninguém consegue imitá-lo, em termos de eficiência e dinamismo no julgamento de processos complexos.
Por seu turno, o cansaço a que o juiz se refere não diz respeito ao árduo trabalho à frente de diversas ações penais ao mesmo tempo, quando ele ouve centenas de acusados e milhares de testemunhas em pequeno espaço de tempo, mas sim à sua vida pessoal, por praticamente ficar privado do convívio da família e da liberdade de viver normalmente como pessoa do povo, sem necessidade de rígido sistema de segurança, depois de ter condenado à prisão pessoas poderosas e importantes.
Os brasileiros honrados e com a índole do bem reconhecem, admiram e agradecem pelo fantástico trabalho desempenhado por esse notável servidor público, da melhor cepa de juristas, que tem demonstrado que, quando há dedicação, empenho e altruísmo em prol de determinado objetivo, o resultado é sempre maravilhoso e benéfico à causa da moralização do país, como esse mostrado em tão pouco tempo por grande patriota, que tantas lições de equilíbrio, serenidade, experiencia, eficiência e competência já foram dadas ao Brasil e ao mundo, sendo ele mais do que merecedor dos aplausos dos brasileiros honrados, que sabem perfeitamente reconhecer as boas ações em prol da dignidade e do bem comum.
Não há a menor dúvida de que o juiz de Curitiba é merecedor de incontáveis prêmios por seu magnífico trabalho, que tem a sua marca de competência e eficiência contra a corrupção e a impunidade, sendo considerado magistrado implacável contra os criminosos de colarinho branco, que jamais acreditavam que pudesse aparecer juiz com coragem, bravura e capacidade para encarar os poderosos e tubarões, empunhando apenas a sua toga na trincheira para lutar e vencer os obstáculos.
Os brasileiros esperam que o juiz guerreiro de Curitiba se espelhe no seu passado glorioso e consiga recarregar as suas baterias para as batalhas seguintes e derradeiras, porque a vitória está muito próxima e somente com a sua destemida coragem será possível ganhar as lutas que ainda precisam ser enfrentadas, com a mesma bravura já demonstrada até o momento.
Lembre-se, senhor juiz, que o seu afastamento desse espinhoso trabalho pode servir de redobrada esperança para os criminosos que ainda precisam ser julgados com a imparcialidade e a implacabilidade que lhe são peculiares e que os brasileiros honrados já estão acostumados com o seu estilo próprio de julgamento, com retidão e integridade, que devem imperar contra os criminosos que se enriqueceram, de forma indevida, e denegriram a imagem do Brasil, mas eles precisam pagar por seus pecados, em especial por haver o envolvimento de marginais poderosos e influentes na política e no mundo dos negócios.
Convém que o juiz  de Curitiba saiba que os brasileiros honrados compreendem, nas circunstâncias, o seu notório cansaço e o seu prejuízo pela abdicação obrigatória do convívio com a família, mas é extremamente inconcebível a continuidade da Operação Lava-Jato sem o comandante que já venceu múltiplas batalhas contra tudo e todos e não será no momento glorioso, do seu desfecho exitoso e maravilhoso que o seu principal ator decida abandonar a arena onde já aconteceram atos importantíssimos em prol da moralização e do engrandecimento do Brasil. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 11 de outubro de 2017

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