segunda-feira, 2 de outubro de 2017

O sacrifício da fome

Na Venezuela, grupos de pessoas ficam às espreitas esperando que os estabelecimentos joguem fora o lixo, o refugo dos restaurantes, das padarias e outros comércios congêneres, infelizmente para o deleite delas, que não têm alternativa de vida, de sobrevivência.
A crônica e terrível situação da fome naquele país é decorrente do desabastecimento de alimentos, gêneros básicos, remédios etc., que já perdura de longa data, não permitindo que a população seja suprida com esses produtos essenciais.
Essa questão de extrema calamidade vem sendo agravada com degeneração da economia, capitaneada pelos fatores como a galopante inflação, o desemprego, a desindustrialização, a escassez de arrecadação, a falta de investimentos, entre outras mazelas que arrasaram as estruturas do Estado e de seu povo.
Uma das medidas atenuantes adotadas pela ferrenha ditadura bolivariana contra a gravíssima crise da fome e da falta de alimentos é a venda, a preço subsidiado pelo Estado, da bolsa Clap (Comitê Local de Abastecimento e Produção), cujos produtos são colocados em caixa que traz estampadas as fotos do atual presidente e a do seu antecessor, em dispensável propaganda de governo ditatorial, onde contém um pouco de alimentos básicos, como arroz, feijão preto, farinha de milho, óleo, sal etc., o mínimo para a subsistência de família reduzida.
A referida cesta Clap serve como espécie de controle político do regime socialista, como foi mostrado pela reportagem da revista VEJA.
Aquele que não votar com o governo, não for favorável ao regime ou se manifestando contra o presidente acaba ameaçado de perder o acesso à importante caixa de comida, que tem sido a única garantia de sobrevivência na selva da truculência, incompetência e desumanidade, em um país que caminha em passos largos para a falência plena.
Um deputado da oposição disse que “Os Claps são uma forma de controle dos venezuelanos através da fome, sobretudo quando pensamos que um em cada dez venezuelanos busca comida no lixo”.
Essa declaração do parlamentar de que um em dez venezuelanos busca seu alimento no lixo é um indicativo de muita crueldade para as pessoas que merecem ser tratadas com o mínimo de dignidade, cujo fato é forte indicativo de que a situação naquele país tende a piorar em escala progressiva e perigosa, diante da falta de perspectivas em uma nação comandada por governo acéfalo, incompetente e irresponsável, que não demonstra o mínimo de capacidade para contornar as graves crises que destruíram as estruturas do Estado e de seu povo, que perambula como zumbis, à procura de saída que resiste em aparecer e jamais vai chegar com o governo absolutamente incapaz, insensível e ultrapassado.
Diante dessa situação de calamidade humanitária, em que a população recorre ao lixo, como única alternativa, para se alimentar e sobreviver, já passou do tempo para que as entidades internacionais dos direitos humanos, em especial com sede na Organização das Nações Unidas, se posicionem em defesa da dignidade dos venezuelanos, que não podem continuar sob o jugo de governo déspota, incompetente, irresponsável e desumano, por submetê-los, de forma impiedosa, ao pior sacrifício da fome. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 2 de outubro de 2017

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