A presidente do Supremo Tribunal Federal fez questão
de demonstrar a sua preocupação diante do impasse envolvendo o afastamento do
senador tucano por Minas Gerais do Senado Federal, porque ela acredita que o
veredito da Corte será derrubado pelos senadores e isso poderá se transformar
em enorme desgaste para o Supremo, nessa desnecessária disputa entre Poderes.
A coluna Painel do jornal Folha de S.
Paulo revelou que políticos membros do universo jurídico acreditam que se o
Supremo vetar a deliberação do Senado sobre o caso, situações semelhantes podem
ocorrer nos Estados, acirrando a crise entre os Poderes da República, por abrir
precedente perigoso e indesejável.
O
Senado está prestes a analisar se a decisão em apreço, quanto à validade
jurídica do afastamento do mandato do mencionado senador, que também foi
obrigado ao recolhimento noturno, por determinação do Supremo.
A
maioria dos senadores, entendendo que a questionada decisão não cabe à Justiça,
resolveu levar o caso ao plenário do Senado, onde pretendem reverter a decisão
judicial, na marra.
O
adiamento da votação foi cogitado depois que a presidente do Supremo ter decidido
pautar, para o próximo dia 11, o julgamento de ação que tem impacto no caso do senador
tucano.
Nesse
imbróglio envolvendo o senador tucano mineiro, os senadores não podem decidir
pelo simples fator corporativismo, como bem demonstram as articulações, que
procuraram enxergar exclusivamente o lado da instituição Senado Federal, que
teria sido ultrajada pela decisão da 1ª Turma do Supremo, ao afastá-lo do
mandato e impor o recolhimento noturno.
Seria
recomendável que os senadores tivessem sensibilidade e bom senso para compreender
que o parlamentar alvo do Supremo cometeu grave crime no exercício do mandato,
que contraria o decoro parlamentar, ao negociar e receber propina e estar sendo,
por isso, julgado pelo Supremo, que tem poder constitucional de julgar membros
dos Poderes da República.
Sob
a ótica da constitucionalidade, não pode o Senado se arvorar em derrubar decisão
adotada pelo Supremo, porque, no caso, a medida correta é o recurso legal
contra ela, cabendo à corte dar a palavra final sobre o acerto ou não da medida
adotada por uma de suas turmas.
Não
há a menor dúvida de que o confronto entre os dois Poderes da República vai
expor para a opinião pública o verdadeiro nível do Congresso Nacional, que pode
demonstrar incapacidade de administrar crises que precisam e devem ser
resolvidas no âmbito do entendimento e da melhor interpretação sobre os fatos,
que dizem respeito exclusivamente a um de seus membros, que teria cometido
grave falha, ao menosprezar o importante e imprescindível princípio do decoro
parlamentar.
Causa
perplexidade que a instituição Senado simplesmente não adotou nenhuma medida no
sentido de puni-lo, como é do seu dever constitucional, uma vez que a
desmoralização, como se vê, por enquanto, se evidencia no âmbito do Senado, que
acolhe e protege um corrupto declarado, conforme o vídeo e o áudio das
negociatas mostrando, de forma reiterada, os fatos deploráveis nos meios de
comunicação do país.
Ainda
há tempo para que os homens públicos avaliem e possam perceber a gravidade dos
fatos em referência, que podem ser solucionados normalmente na via da
diplomacia, com base no entendimento de alto nível, mostrando que o uso da
força bruta e impensada somente trará desgaste de difícil superação, levando-se
em conta que o prejuízo será contabilizado não para eles, mas sim para as instituições
da República, que são permanentes e precisam que a sua importância para a nação
seja cuidada e preservada. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 3 de outubro de 2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário